As intermitências do Spartak de Dmitry Alenichev

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    “Beskov uma vez disse-me que são necessários três anos para um treinador construir uma equipa.” Oleg Romantsev

    Um final de tarde agradável na Otkrytie Arena, na capital russa, merecia porventura um FC Spartak Moscovo diferente daquele que entrou em campo para defrontar um dos últimos classificados da Liga Russa (Чемпионат России по футболу), o FC Mordovia Saransk. O histórico emblema moscovita esqueceu-se novamente de puxar pelos galões e acabou por conceder um empate a duas bolas com um adversário que, para além de ocupar o penúltimo lugar da tabela classificativa, está também a atravessar uma grave crise financeira e estrutural, com os jogadores a reclamarem três meses de salários em atraso.

    Após uma pesada derrota por 5-2 em São Petersburgo diante do FC Zenit, de André Villas-Boas, os homens orientados pelo antigo médio do FC Porto Dmitry Alenichev foram incapazes de voltar às vitórias diante dos seus adeptos, que, por esta altura, começam já a perder a paciência com a equipa. No final da partida de Sábado (23 de Abril de 2016), os jogadores do FC Spartak Moscovo dirigiram-se atrás de uma das balizas da Otkrytie Arena, onde geralmente se encontra a claque organizada da equipa, para lhes entregarem as suas camisolas, algo que, no entanto, não viria a acontecer, uma vez que os fiéis adeptos recusaram tal oferta. Em vez disso, e enquanto estavam por perto, os jogadores ouviram palavras de ordem misturadas com queixas e críticas dos adeptos, motivadas pela falta de empenho de alguns elementos da equipa.

    O ambiente em redor da equipa e de Dmitry Alenichev está tenso, e o jovem treinador russo começa, de certa forma, a parecer estar perdido no lamaçal em que o FC Spartak Moscovo se tornou na última década. Dois pontos, fruto de dois empates perante o FC Mordovia Saransk e o FC Kuban Krasnodar, foram o melhor que os Krasno-Belye conseguiram nos últimos quatro jogos do campeonato, algo que deixou a equipa praticamente arredada de um lugar nas competições europeias na próxima temporada.

    Os capitães de equipa, Salvatore Bocchetti e Ruslan Mukhametshin, antes do apito inicial do jogo do passado Sábado Fonte: Rfpl
    Os capitães de equipa, Salvatore Bocchetti e Ruslan Mukhametshin, antes do apito inicial do jogo do passado Sábado
    Fonte: Rfpl

    Alenichev tem sido o epicentro de todas as críticas, e os meios de comunicação russos não têm poupado o antigo médio dos Dragões. Os sucessivos erros defensivos do FC Spartak Moscovo têm feito com que a equipa não só tenha perdido vários pontos com adversários de menor calibre quando joga em casa, como também que seja incapaz de se bater em pé de igualdade com os seus adversários mais directos, já que, apenas em raras ocasiões, consegue segurar uma vantagem adquirida durante a primeira metade do jogo, tal como aconteceu na ronda passada aquando da visita a São Petersburgo. As escolhas de Alenichev têm também sido alvo de críticas, e a sua constante rotação de jogadores, nomeadamente no sector mais recuado, tem sido apontada como o mais grave problema da equipa esta temporada. Dima já testou nada mais nada menos do que nove duplas de centrais em 25 jogos esta época, e os resultados de tantas mudanças não são em nada animadores, uma vez o FC Spartak Moscovo tem, no momento, uma das piores defesas da Liga Russa, com 36 golos encaixados, menos dois do que aqueles que já marcou.

    Diante do FC Mordovia Saransk, Alenichev fez alinhar dois jovens, Sergei Bryzgalov e Aleksandr Putsko, que têm feito grande parte da temporada com a equipa de reservas que disputa a FNL, a segunda divisão do futebol russo, mas a sua presença pouco ou nada alterou a habitual letargia do sector defensivo da equipa. O guarda-redes e capitão de equipa, Artem Rebrov, foi também relegado para a condição de suplente, mas o seu substituto, Sergei Pesjakov, nada pôde fazer para evitar os dois golos da formação visitante, nem muito menos colocar ordem no reduto mais recuado da equipa moscovita.

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    Joel Amorim
    Joel Amorimhttp://www.bolanarede.pt
    Foi talvez a camisola amarela do Rinat Dasaev que fez nascer, em Joel, a paixão pelo futebol russo e pelo Spartak Moscovo. O futebol do leste da Europa, a liga espanhola e o FC Porto são os tópicos sobre os quais mais gosta de escrever.                                                                                                                                                 O Joel não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.