«Foi uma experiência maravilhosa jogar em Portugal» – Entrevista BnR com Matheus Índio

    Professor Neca entrevista À BnR

    Matheus Índio cresceu e amadureceu dentro de um gigante brasileiro. No Vasco deu seus primeiros passos com bola e também nos livros, pois estudava na escola do clube. Acostumou-se desde miúdo a frequentar as formações da Seleção Brasileira com direito a ser campeão continental e disputar um Mundial. Viveu a dura realidade de tentar se firmar na equipe profissional e dividiu o balneário com jogadores de renome no país. Depois cruzou o oceano para buscar seu espaço em Portugal e atualmente joga no Médio Oriente.

    Nota introdutória: O redator escreve em português do Brasil, pelo que decidimos deixar a entrevista transcrita dessa mesma forma para transparecer toda a realidade e autenticidade da mesma.

    «Quando cheguei no começo [ao AL Nassr] me assustou bastante. É tudo muito diferente do Brasil e da Europa»

    Bola na Rede: Iniciou a sua carreira no Vasco e foi bicampeão estadual. Porém, o clube vivia um momento conturbado e você acabou não tendo uma continuidade. Considera que o ambiente o atrapalhou? Como foi jogar em São Januário naquela época?

    Matheus Índio: Iniciei a minha trajetória no futebol no Vasco aos sete anos de idade, passei por todos os processos. Joguei futsal no clube e também estudava na escola dentro do clube. Depois de jogar futsal até meus 13 anos comecei a migrar para o campo, daí já fui pulando etapas, sempre jogava acima da categoria da minha idade. Subi aos profissionais com 18 anos, conquistei dois títulos com o clube, mais não tive continuidade. O time também era bom, a concorrência era forte. Era um time bem cascudo então tampava um pouco o aproveitamento dos jovens que estavam surgindo. Fiquei até meus 20 anos, depois fui ao Estoril e fui comprado logo em seguida em seis meses.

    Bola na Rede: Tem uma história na seleção brasileira de base. Campeão Sul-Americano sub-15 e disputou o Mundial sub-17. Como se sentiu ao fazer parte da seleção desde muito miúdo?

    Matheus Índio: A minha primeira convocação eu nunca me esqueço tinha 14 anos. Eu já esperava, mas foi muito especial é uma sensação única. Passei também por todos os processos de convocação para seleção brasileira, desde do sub-15 e do sub-20. Fomos campeões sul-americano da categoria sub-15 tínhamos um time fantástico, muitos bons jogadores. Depois jogamos o sul-americano sub-17 na Argentina e classificamos consequentemente ao mundial da categoria em Dubai.

    Bola na Rede: Você conseguiu trilhar a sua carreira para fora do Brasil, mas muitos jovens que já foram de seleções de base acabaram por desistirem de suas carreiras com pouco tempo de profissional. Por que acha que isso acontece? É por falta de apoio dos clubes formadores?

    Matheus Índio: É difícil falar o que acontece com jovens que tem potencial mas acabam por desistir da carreira. Cada caso tem uma razão, falta de acompanhamento da família, às vezes não tem uma estrutura familiar por trás para lhe dar um suporte necessário . Acabam se deslumbrando também. É normal uma carreira de um jogador de futebol ter erros e acertos. São processos que tem que ser vividos para se ganhar cada vez mais experiência. Mas o importante é sempre seguir. Eu costumo dizer que o futebol em si é igual uma maratona. Tem aqueles que largam na frente, tem aqueles que desistem no meio do caminho e tem que aqueles que você acha que não vai conseguir chegar e chegam. Portanto a gente apenas sabe quem vence no final.

    Bola na Rede: Atuou por cerca de três épocas em Portugal, Estoril e Boavista. Como foi a sua experiência no país?

    Matheus Índio: Foi uma experiência maravilhosa. O Estoril abriu as portas para mim era a minha primeira experiência e até consegui me adaptar rápido jogando muitos jogos. É um clube super organizado, dá todas as condições para um jogador trabalhar. Tem uma cidade maravilhosa, gostei muito de jogar pelo clube. No Boavista tive a oportunidade de jogar através de um convite do Mister Jorge Simão e também é outro clube fantástico. Tem uma massa associativa muito grande, estádio incrível e é um dos clubes que já conseguiu conquistar o campeonato nacional. Então é um clube que tem muita história. Foi um prazer também jogar pelo Boavista.

    Matheus Índio
    Fonte: Boavista FC

    Bola na Rede: Porém Portugal não foi a sua primeira experiência no exterior. Chegou a passar por um período nas formações do Arsenal. Como foi essa experiência?

    Matheus Índio: O convite do Arsenal da Inglaterra veio na formação. Eles me viram em jogos da seleção brasileira. Logo em seguida me fizeram um convite para ir conhecer o clube. Fui com a minha família e fiquei lá um período. Mas no final não deu acordo com o Vasco e acabei tendo que voltar ao clube carioca.

    Bola na Rede: Atualmente atua no Al-Nasr de Omã. Clube que tem cinco títulos nacionais. Acredito que foi uma mudança grande na sua vida. O que te fez aceitar esse desafio?

    Matheus Índio: Sempre tive uma curiosidade de jogar no Mundo Árabe. Realmente é uma mudança muito grande em todos os aspetos, tanto no futebol quanto na vida pessoal. Apesar da proposta ter sido considerável não estava propenso a aceitar. Mas fui estudando o clube, a cidade e etc. No final o treinador era português e conversamos. Ele também teve grande influência para que eu aceitasse esse desafio. Essa é mais uma experiência incrível que adquiri.

    Bola na Rede: Te assustou a proposta de jogar em um país tão desconhecido para os brasileiros? Como está sendo sua adaptação?

    Matheus Índio: Quando cheguei no começo me assustou bastante. É tudo muito diferente do Brasil e da Europa, por exemplo. A nível profissional e a nível de vida pessoal. Mas com o passar do tempo fui me adaptando. Como a comissão era portuguesa e também tinha um brasileiro que já tinha um tempo considerável jogando no Mundo Árabe a minha adaptação foi ajudada.

    Bola na Rede: Alguma história curiosa ou engraçada em Omã?

    Matheus Índio: Não, nenhuma assim inusitada. Lá ficava mais em casa por causa do calor. Ia aos treinos, jogávamos e voltava para casa. Nos momentos de folgas ia para algum resort, restaurantes e ao shopping. Era uma cidade boa também, mas não tem nenhuma história que chegou a me incomodar em algum momento.

    Bola na Rede: Seu contrato vai até o final da atual temporada. Já sabe qual será seu futuro?

    Matheus Índio: Tenho algumas sondagens do mundo árabe. Tenho que ver como vai ficar o meu futuro, ainda não sei. As temporadas estão por acabar agora, para que logo comecem outra, vamos ver o que acontece.

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    César Mayrinck
    César Mayrinckhttp://www.bolanarede.pt
    Enquanto criança queria ser jogador de futebol e para o bem dos torcedores do Atlético Mineiro não foi aprovado no teste. Encontrou nas palavras a melhor maneira de se expressar sobre a sua paixão, o futebol. Amante do futebol brasileiro e do futebol alternativo, acorda facilmente às três horas da madrugada para ver um jogo do campeonato neozelandês.