JOGO DE LOUCOS
Se sábado abriu com um jogo de loucos, domingo não se deixou ficar atrás. A Ligue 1 marcou o encontro entre PSG e Lille para a hora de almoço e muitas refeições foram atrasadas certamente. Impossível retirar os olhos do ecrã num jogo que foi um autêntico buffet para os amantes de futebol: golos, reviravoltas, polémicas, drama e um golo no último minuto.
A orquestra do PSG começou afinada e construiu um resultado confortável logo aos 17 minutos. 2-0, o trio da frente a bom nível e tudo parecia estar controlado. Mas o Lille de Paulo Fonseca, sem os mesmos valores individuais obviamente, é capaz de competir. E, se os parisienses se fazem valer pelas individualidades, o clube do Norte de França é uma orquestra que faz prevalecer o coletivo e conseguiu virar a partida. André Gomes – um dos cinco portugueses titulares – assumiu a batuta e regeu a turma de Paulo Sousa. Diakité, David e Bamba cantaram os agudos e o PSG ficou em complicações. Não eram notas, mas destroços graves e o alarme começou a fazer-se ouvir mais alto que a música.
O caso parecia malparado e o caos instalou-se. Luís Campos deixou as bancadas e juntou-se a Galtier – segundo Pedro Granger o elo mais fraco – vociferando palavras para os representantes da Liga e para dentro de campo. O certo é que é no meio do caos e da desordem que surgem as maiores estrelas. E regressando à música, do campo do PSG soltaram-se o barítono e o tenor, capazes de atingir as notas – e as performances – mais altas. Mbappé empatou – é, neste momento, o jogador mais impactante do mundo – e Messi deu o seu toque com um livre direto irrepreensível.
Só não acabou tudo com uma valente vénia de agradecimento porque a terceira grande voz – Neymar, pois claro – saiu lesionada (além de Nuno Mendes). Seria fácil voltar a entrar no campo do conspiracionismo e relembrar que estamos na altura do Carnaval. Mas a sina de Neymar é inexplicável. Pode ficar de fora muito tempo e falhar o decisivo confronto da segunda mão da Liga dos Campeões – a quarta vez consecutiva que estaria de fora em pelo menos um confronto nesta fase. Mais do que caso médico, é caso de bruxaria.