De Kokorin e Mamaev a um problema cultural

    Foi no dia 7 de outubro que Zenit St.Petersburgo e FK Krasnodar se encontraram, num jogo que terminou com vitória da turma de St. Petersburgo por 2-1. Mas o resultado até é o mais irrelevante nesta história. No fim do jogo, Aleksandr Kokorin e Pavel Mamaev, adversários em campo mas amigos fora do mesmo, juntaram-se para celebrar o 10º aniversário da sua amizade.

    Alugaram um vagão inteiro do TGV que liga St.Petersburgo a Moscovo e logo aí começaram a desencadear desacatos com os elementos da tripulação, consumindo todo o álcool disponível. O que foram fazer a Moscovo? Foram a um famoso bar de alterne, onde ficaram até às 7h do dia seguinte. Sem terem medo de dar nas vistas, seguiam pelas ruas da capital russa, perturbando quem lá passava e danificando várias viaturas estacionadas. Alertados por várias pessoas, que pediram para que parassem com tais comportamentos, os dois jogadores reagiram com violência, agredindo uma das pessoas que interveio, por coincidência chefe de um dos canais mais importantes da televisão russa.

    Nesta longa odisseia, entraram num café por volta das nove da manhã. Mais uma vez, a sua má conduta veio ao de cima, tendo um individuo tentando tranquilizar os dois jogadores, que contestaram com frases xenófobas “Chinês, não chateies. Vai para o teu país pedir ordem”. Mas a resposta não ficou por aqui, tendo passado para a violência, agredindo varias pessoas com socos e com cadeiras, entre as quais dois dos mais altos funcionários do estado russo.

    Poucas horas depois, terão oferecido cinco milhões de rublos para que os donos do café apagassem os registos das câmaras de videovigilância, algo que não foi aceite. No dia seguinte, foram notificados a comparecer perante a polícia para prestarem declarações, tendo ambos admitido os factos e ficado em prisão preventiva até 8 de dezembro, dia em que se saberá o veredicto final. Os dois clubes suspenderam de imediato os contratos dos jogadores, esperando também eles o desfecho judicial para tomar medidas mais drásticas.

    Outro caso polémico recente envolvendo jogadores russos foi o de Denis Glushakov, que foi apanhado pela sua mulher com uma prostituta, que o jogador diz ser… uma amiga de infância. A mulher filmou tudo e publicou o vídeo, tornando-se viral.

    Estes são apenas dois de uma imensidão de problemas disciplinares de jogadores russos nos últimos anos. No entanto, estes recebem maior atenção por se tratarem de jogadores internacionais e de referência para muitos jovens. Depois do sucesso que foi receber o Mundial, não só pela organização excelente bem como o digníssimo desempenho da seleção, eliminando a Espanha e apenas caindo nos penáltis perante a Croácia, espera-se que o futebol crescesse exponencialmente no país, influenciando positivamente os mais jovens, pelo que casos destes só vêm devastar o que tão bom foi feito.

    Infelizmente, o sangue soviético parece não coadunar com os valores necessários para ser uma referência do desporto rei, podendo até pensar-se numa correlação entre a cultura russa e o falhanço no futebol. O futebol exige profissionalismo, determinação, sacrifícios entre muitas outras valências, algo que os russos não parecem conseguir levar muito a sério.

    Foto de capa: Ktelegram.com

    Artigo revisto por: Jorge Neves

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    João Brandão
    João Brandãohttp://www.bolanarede.pt
    Desde cedo o avô lhe colocou o bichinho do futebol e não mais parou de crescer, expandindo-se para outras modalidades. Atento e perfecionista, gosta de analisar ao pormenor cada aspeto do jogo. Considera que o melhor que a vida nos pode dar é um bom jogo de futebol, para ver com um bom grupo de amigos.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.