Paulo Fonseca: corrida à elite

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    Paulo Fonseca, treinador que faz parte de uma geração muito prometedora de técnicos portugueses, treina agora o Shakhtar Donetsk. E hoje acaba de se tornar campeão, a faltar 4 jornadas para o fecho da prova! Destronou o Dinamo de Kiev como detentor do título da Ucrânia… Faz parte de um grupo restrito de treinadores portugueses que dá liberdade em campo aos seus jogadores, sem com isso perder o rigor tático. Estará ele pronto para dar o próximo passo e dirigir um clube com maiores pretensões?

    Há quatro anos atrás, depois de uma brilhante prestação ao serviço do Paços (nunca antes vista, diga-se), é contratado por Pinto da Costa, com uma cláusula de rescisão fixada nos 15 milhões de euros! Há jogadores de qualidade com cláusulas mais baixas…O presidente azul e branco mostrava-se confiante e contente com a aquisição do então recém terceiro classificado da Liga Portuguesa (2012/2013), admitindo que não poderia desperdiçar a oportunidade de trazer, citando o mesmo: “Um treinador com 40 anos ainda é um jovem, mas tendo competência já é uma pessoa madura. Não conheço nenhum treinador que tenha conseguido levar o Paços de Ferreira, que começa o campeonato na expetativa de não descer de divisão, à Europa e à frente dos dois Sportings, o de Braga e o de Lisboa.” Perante tais declarações por parte do presidente mais bem sucedido do futebol mundial, o que era esperado era um Porto sólido e ganhador. Não foi o que aconteceu.

    Apesar da conquista da Supertaça no início da temporada, Paulo Fonseca encontrou problemas que, provavelmente ainda não tinha encontrado anteriormente. Clube grande, muita maior pressão, quase não há margem de erro, salvo algumas exceções. Uma realidade diferente, visto todos os dias a sua pessoa pode ser tema de qualquer jornal desportivo nacional. Resultados aquém do esperado, crises de balneário e gaffes, tornaram a confiança inabalável que Pinto da Costa depositava no técnico, em dúvidas. As dúvidas, sempre por parte dos adeptos, e alguns dirigentes. O presidente mais titulado da história nunca duvidou das qualidades de Paulo Fonseca, e nunca considerou o despedimento do então treinador uma opção. Porém, ao estar na 3ª posição, a 4 pontos do 2º (Sporting) e a 9 do líder Benfica, levaram à rescisão do contrato. Pinto da Costa disse mesmo que não era da sua vontade que Paulo Fonseca saísse, mas decerto a tamanha pressão que o último e a sua família estavam sujeitos diariamente, fizeram com que o extreinador do Porto avançasse com o pedido de demissão, e o vínculo terminasse prematuramente.

    3 anos depois, o Shakhtar sagrou-se campeão ucraniano com Paulo Fonseca Fonte: FC Shakhtar
    3 anos depois, o Shakhtar sagrou-se campeão ucraniano com Paulo Fonseca
    Fonte: FC Shakhtar

    O presidente do FC Porto sabia claramente que o clube atravessava uma fase de transição, após a época de sonho 2010/2011 e os dois campeonatos ganhos por Vítor Pereira, uma fase em que qualquer treinador tinha sucesso no clube do norte. Esta época de Paulo Fonseca foi o marco da mudança. Hoje Nuno Espírito Santo sente bem essa mudança, visto ter feito parte do melhor Porto enquanto jogador, e agora de um Porto não tão dominador como treinador. Na época seguinte voltou onde foi feliz, fez um excelente trabalho novamente e chegou ao Braga.

    Época consistente, com um 4ºlugar (considerado o 1º dos pequenos), chegou aos quartos na Liga Europa (eliminado curiosamente pelo clube que orienta atualmente), e talvez o facto de nessa mesma fase da Liga Europa os dirigentes do clube ucraniano terem apreciado a forma como o Braga jogou, fruto das ordens do então treinador bracarense, o que ajudou a encontrar o treinador com melhor perfil e custo para orientar o Shakthar em 2016/2017. Uma boa época para começar, foi claramente superior ao seu rival mais direto na disputa do Vischa Liha, o Dinamo de Kiev. Na Europa, foi eliminado prematuramente, nos 16 avos de final da 2ª melhor competição a nível de clubes europeus, pelo Celta de Vigo, que ainda se encontra em prova. Os registos são bons, estatísticas bastante positivas e um futebol vistoso, fruto do génio de Bernard, da magia de Taison, da experiência de Srna e do faro de golo de Dentinho.

    À imagem de Leonardo Jardim, Marco Silva, Rui Vitória, insere-se num lote restrito de treinadores de elite nascidos em Portugal. A eles, resta dar o próximo passo e treinar um clube de classe mundial, com grandes aspirações e orientar os melhores praticantes do “beautiful game”, sendo que a última é o sonho de qualquer treinador. Será que é já na próxima época?

    Foto de Capa: Genya Savilov\ Getty Images

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    Diogo Fresco
    Diogo Frescohttp://www.bolanarede.pt
    Fã de um futebol que, julga, não voltará a ver, interessa-se por praticamente tudo o que envolve este desporto, dando larga preferência ao que ocorre dentro das quatro linhas. Vibra bastante com a Seleção Portuguesa de Futebol.                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.