EUROPEU, 2016
Anos mais tarde, no euro 2016 vi alguns jogos na praça D. João I, no Porto. Chateava-me sempre porque não conseguia ver o jogo direito, ora porque tinha de saltitar e me pôr nas pontas dos pés para conseguir ver o ecrã todo, ora porque alguém munido de rádio gritava golo antes de o ver. Foi esse acumular de coisinhas, a vontade de ver o jogo e todos os seus pormenores que me levou a ver a final de 2016 sozinha em casa, sem nada que me distraísse do que se passava em campo. Foi assim que lacrimejei com o Ronaldo, que vi Éder rematar aquela bola, que gritei golo.
Agora que penso nisso: talvez tenha sido algo deprimente. Não me interpretem mal, fiquei muito feliz, assistir à conquista de um Campeonato da Europa é incrível, mas no que toca à experiência, julgo que a trocava por todas as outras em que não consegui ver o jogo com todas as suas virtudes e defeitos. É isto que me mantém o coração a bater mais rápido no futebol e neste caso ainda com o jogo desta quinta. Reparem… ninguém sabe o que vai acontecer. O futebol é apenas previsível até certo ponto. Sabemos todos que o cenário não é o melhor e pode ser prejudicial em muitos aspetos, quer desportivos, quer financeiros, contudo isso é o que acontece depois.
Agora, para mim, é uma oportunidade para vestir a camisola, juntar amigos, para pôr os tremoços na mesa e cantar: “deixem-se de tretas, força nas canetas e o maior é Portugal!”. É um pretexto para me irritar e alegrar com ninharias, para fazer amigos, caso assista ao jogo num café, para me assumir como uma orgulhosa parola, se quiserem, que se alegra por dizer: “Bamos lá, cambada!” Isto de ter esperança também requer alguma coragem. A bola existe para nos divertir, aproveitemos estes 90 minutos, cambada!