![FC Porto Cabeçalho](https://bolanarede.pt/wp-content/uploads/2022/01/FC-Porto-cabecalho-1024x163.jpeg)
Estou a escrever as primeiras linhas deste texto durante o Portugal – Geórgia. Para além das várias alterações no esquema tático e nas cambalhotas posicionais, foi notória a falta de Pepe para estabilizar aquele miolo central.
O defesa central do FC Porto em 2023/2024 apresentou vários problemas físicos ao longo da época e parecia ser difícil ser convocado para o Europeu 2024. No entanto, o selecionador nacional Roberto Martinez decidiu, e pode dizer-se em boa hora, em convocar o luso-brasileiro para a competição.
Pepe acabou por ingressar no estágio de preparação para o Euro limitado e, por isso, só no último dos três jogos de preparação teve algum tempo de utilização. Estes sinais não eram nada animadores e criava-se até a dúvida se o defesa estaria em condições para ajudar Portugal.
No Estádio de Aveiro, frente à Irlanda no último ensaio (3-0), Martinez decidiu colocar uma linha de três centrais e Pepe a assumir a batuta. O central mostrou, mais uma vez, que a sua experiência lhe permite antecipar os movimentos dos atacantes adversários e compensar a menor rapidez que apresenta aos 41 anos. O jogo foi o único dos amigáveis que acabou sem qualquer golo consentido pela Seleção das Quinas.
![Pepe a jogar por Portugal](https://bolanarede.pt/wp-content/uploads/2024/06/Pepe7-1024x576.jpg)
Na altura, Pepe parecia ainda assim uma solução de recurso para uma defesa a três. Na conferência de imprensa pós-Irlanda, Roberto Martinez respondeu a uma pergunta sobre o Bola na Rede sobre o que exige de diferente quando joga num modelo com três centrais em vez de dois.
“A Irlanda tinha uma linha de três atacantes, em que um baixava, outro penetrava. É um jogo britânico, que conheço bem. A bola parada é importante também. Era importante ter a experiência de Pepe e depois o Danilo e ter a energia do António Silva e do Gonçalo Inácio”.
Dois centrais ágeis compensariam o central mais posicional, com mais limitações físicas, e Pepe poderia servir para este modelo, nomeadamente contra seleções mais fortes. O veterano estaria protegido assim por uma dupla mais jovem entre Ruben Dias, António Silva e Gonçalo Inácio.
No Europeu, surpresa das surpresas, Pepe é titular com apenas mais um central ao lado, Ruben Dias. Perante a Chéquia e a Turquia, com duas exibições coletivas distintas, Portugal esteve, como se previa, com mais posse de bola e encostava o adversário ao seu reduto defensivo.
Pepe foi essencial para limpar as saídas em transição rápida, destacando-se em relação ao colega de setor. Nos dois encontros, Pepe fez 17 recuperações de bola e uma eficácia de passe de 95%, numa seleção onde jogar a partir de trás era essencial para destapar os muros defensivos dos opositores. Além das questões técnico táticas, o ex-Real Madrid dá conselhos e tranquiliza os seus colegas de setor, algo que falta por vezes a Portugal com tanto talento jovem ainda por lapidar.
Pepe parece ser o defesa central mais consistente e em melhor forma no Europeu e não há quem o tire do onze, sem invenções ou limitações físicas.
Com o final, por certo, da carreira na Seleção, surge outra questão para Pepe. Será que deve continuar? O FC Porto aproveitou para se descartar de um elevado salário, mas deveria ter agido de outra forma. “Continuidade enquanto jogador do FC Porto não irá acontecer”. Frio, pouco empenhado em manter o melhor central do plantel 2023/2024, André Villas-Boas deveria ter tentado apelar a Pepe para que se mantivesse de Dragão ao peito, com um salário adequado às dificuldades finais dos azuis e brancos.
Se Pepe acabar o Europeu como uma das figuras da Seleção Nacional, os sócios e adeptos portistas certamente pensarão que não foi uma decisão bem ponderada. Ao contrário da opção de Roberto Martinez.