Mas não é só no setor mais recuado que os problemas saltam à vista. Biglia e Mascherano dão a cobertura que os criativos de qualquer equipa gostam de ter. São dois médios recuados que dão liberdade aos homens que jogam à sua frente, que não só fazem as compensações e recuperações de bola, como também dão o apoio recuado nas circulações de bola. Mas a equipa não cria envolvimentos ofensivos de qualidade. Artistas não faltam, como já vimos, mas as trocas de bola não são constantes, não se utiliza as faixas laterais para progredir e joga-se, essencialmente, um jogo direto ou à espera de um rasgo individual de qualquer uma das estrelas.
Na última partida foi Pratto o jogador mais avançado da equipa, relegando Higuaín e Kun para o banco de suplentes, onde este último já tinha estado frente ao Brasil. O dianteiro do atlético Mineiro até marcou um golo, mas a sua presença privilegia ainda mais o futebol direto e sem ideias. Di Maria não tem tido a inspiração que se lhe reconhece e parece até um jogador tímido, não efetuando as explosões pela ala esquerda que lhe são características. Lamela e Dybala não estavam aptos para esta dupla jornada, mas podem ser jogadores importantes na construção de jogo a partir da zona mais adiantada do meio-campo.
Com tanta qualidade à disposição, Bauza tem o dever de qualificar a Argentina diretamente para o mundial a realizar em terras russas. Mas tem também a obrigação de colocar a seleção das pampas a jogar um futebol atrativo, acutilante mas com segurança defensiva, que vença e convença. Não pode estar constantemente a depender da inspiração de Messi. Imagine-se se o astro argentino tivesse abandonado a seleção, como prometera no final da última Copa América.
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