Brasil: o pesadelo continua. Operação ‘lava-jato’ urgente

    Ontem, antes do jogo, muito se falou em São Paulo que o Paraguai respeita o Brasil, mas não tem medo da canarinha. E assim que o jogo começou nada mudou, foi precisamente isso que se percebeu. O Brasil é um leão ferido, que até a sua presença já não intimida nenhuma das suas presumíveis presas. Longe vão os tempos em que pisar o relvado pelas botas dos ‘sambas da bola’ estremecia o campo e fazia os adversários parecerem formigas aos pés dos brasileiros.

    O tão efusivo e comemorado empate chegou não tanto pela capacidade de reação dos jogadores brasileiros – como estes fizeram questão de mencionar, mas mais pelo nervosismo, imaturidade e pela atitude de retranca dos paraguaios por forma a segurar a vitória. Se o Paraguai opta por continuar a jogar como um ‘grande’ frente a este ‘pequeno’ Brasil, segurando a bola e tomando as rédeas do jogo, jamais teria perdido a vantagem. E, talvez hoje, o Dunga fosse passado.

    Após o 2 a 0 do Paraguai, escutava o muito respeitado comentador brasileiro Galvão Bueno falar que o “Dunga não acredita no que está vendo”. Verdade, não acredita ele, nem todo o mundo que acompanha o Brasil. Até quando se continuará a escavar o fundo do poço?

    O Futebol tem tanto de engraçado que às vezes o pior protagonista se pode tornar no melhor. A partir de mais uma incoerência na montagem da equipa por Dunga, pois de um lado joga um lateral sem capacidade ofensiva e sem qualquer efeito supresa (Filipe Luís) e do outro está totalmente o oposto na forma de jogar (Daniel Alves) – à imagem do que deveria ser o perfil do lateral na esquerda (porque não joga Marcelo?), surge o homem do jogo no pior e no melhor. Sim, falo de Daniel Alves. Se achamos surpreendente ver o seu génio carimbar um resultado menos mau, temos de ter a frieza para reconhecer que foi anedótico ver o seu posicionamento e a sua atitude defensiva no modo como foi batido na corrida e no cruzamento por Edgar Benitez, e como foi incrédulo ver o mesmo jogador ganhar a bola para o 2º golo, na cara e perante a passividade de Dani Alves. Até com esta incoerência na formação do 11 Dunga terá dores de cabeça, pois agora não sabe se jogará com laterais que saibam defender ou com laterais que saibam atacar!

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    Dani Alves esteve no melhor e no pior
    Fonte: Selección Paraguaya de Futbol

    Este é um Brasil sem critério. Que joga à base do acaso e da probabilidade de acontecimento. Muito à imagem das características do Dunga enquanto técnico. Incapaz, previsível, indefinido e indeciso. É um futebol pobre, fraco e triste. A passividade que Dunga evidencia no banco, perante as situações adversas do jogo, é a mesma que se identifica no jogo do Brasil. As suas escolhas são tão limitadoras que o nível de jogo sai tanto ou mais empobrecido. No meu primeiro artigo publicado no site Bola na Rede – ‘Dunga: timoneiro de um brasil afundado’ – referi que “um selecionar se não sabe jogar bem terá de saber escolher melhor. Se um selecionador não sabe escolher bem, então terá de saber jogar melhor. Dunga: nem a versão 1, nem a versão 2!”. Fico espantado como num país em que a dança de treinadores é semelhante à rapidez com que se comem amendoins, esteja a tardar a demissão do Dunga. Habituei-me a ver que no Brasil não há a cultura de dar tempo a um técnico sem que os resultados acompanhem no imediato o seu êxito. O despedimento e a rotatividade entre treinadores é o ex-líbris deste país, mesmo para aqueles com créditos já demonstrados ou competência já evidenciada. Até nisto não há coerência. Este é o 6º ano de Dunga na seleção… sem resultados. É tempo demais para paciência de menos! É urgente uma operação ‘lava-jato’ na CBF para limpar a ‘borrada’.

    O leitor com este artigo entende que pareço apenas responsabilizar o Dunga por este momento mau do Brasil. Não é naturalmente apenas sua responsabilidade, os jogadores também devem assumir, mas é ele quem os escolhe e se os melhores não estão presentes não podemos exigir mais do que sabem. E afirmo, com redundância, que Dunga não sabe escolher os melhores. Se há quem não concorde comigo, eu respeito, mas digo que se o Dunga e a sua comissão técnica não são os principais responsáveis por este futebol do Brasil então o mesmo se poderá dizer que a Dilma, Lula e a sua comissão política não são os responsáveis por esta lamentável crise e vergonhsa corrupção que o Brasil atravessa. A ser verdade, eu seria um imbecil! Acho que o povo brasileiro entendeu onde quero chegar: antes de chamar os bois para a frente da carroça, é preciso chamar os bois certos.

    Foto de Capa: Selección Paraguaya

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    Paulo Sousa
    Paulo Sousahttp://www.bolanarede.pt
    Um português residente no Brasil. Vive com intensidade e aprendeu a não ter medo de escolher. Ama e trabalha com o Futebol, que colide com alguns dos seus valores morais. Futebolísticamente interessa-se por assuntos polémicos e desmistificar ideias não sustentadas em fatos. Inconformado, contagia-se pelos porquês que o levam a amadurecer.                                                                                                                                                 O Paulo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.