O Euro Sub-19, por ter apenas dois grupos e oito equipas é uma competição ainda mais curta que o habitual, contudo, como seria de esperar, tivemos espetáculo em barda. Foram 37 golos em 12 jogos totalizando uma média de cerca de 3,1 golos por jogo.
Grupo A
A Itália, que até esperava que pudesse fazer o pleno, venceu o grupo sem grandes dificuldades e cimentou-se como a favorita a vencer a competição, dado o futebol praticado.
Ao contrário das minhas expectativas, a Noruega foi incapaz de seguir em frente. Ainda assim, fica uma nota positiva para o futebol praticado pelo selecionador português Luís Berkemeier Pimenta e para Daniel Braut que marcou os três golos da seleção na prova.
A Ucrânia empatou por duas vezes a zero nas duas primeiras jornadas, e na última jornada teve a sorte de defrontar uma segunda linha italiana que jogava apenas para cumprir calendário, tendo conseguido os três pontos fulcrais para a qualificação para a final four.
A Irlanda do Norte era, à partida, a equipa mais fraca do torneio e comprovou-o dentro das quatro linhas, praticando um futebol demasiado direto e pouco evoluído, não tendo conseguido marcar qualquer golo, apesar de ter conquistado um ponto. Fica Pierce Charles, como guarda-redes referência para o futuro.
Grupo B
A França assegurou a passagem logo após a segunda jornada, mas sabia que não podia perder caso quisesse assegurar o primeiro lugar e assim evitar a Itália nas meias-finais. Denotou-se uma dificuldade em gerir vantagens nos dois últimos encontros (Dinamarca e Espanha), apesar de ter sido o melhor ataque em prova, com oito golos.
A Dinamarca foi, para mim, a grande desilusão do torneio apesar de algumas baixas como Amin Chiakha, Noah Nartey ou os irmãos Højlund (Oscar e Emil). Praticaram um futebol triste, muito reticente e não fosse Mikel Gogorza e um aparecimento tardio de Oscar Schwartau e poderiam ter saído do torneio sem qualquer ponto. Posto isto, o último posto do grupo é merecido.
A Espanha chegou até às meias-finais mas ainda não convenceu. Dois empates e uma vitória conquistada já nos últimos minutos, ditaram os cinco pontos e a passagem às meias-finais.
A Turquia propiciou alguns dos jogos mais emocionantes da fase de grupos, desde um golo instantâneo de Fahri Ay, após sair do banco para manter a seleção em prova, a um empate emocionante a três bolas. Ficam na retina os laterais Berkay Yilmaz e Ali Turap Bülbül e Emir Bars, o mais esclarecido na zona ofensiva.
Para além do encontro entre terceiros, onde a Noruega defrontará a Turquia na luta pela vaga no Mundial sub-20 2025 às 16:30, a próxima quinta-feira, dia 25 de julho trar-nos-á ainda as duas meias-finais do Europeu sub-19 2024, às 14:00 e às 19:00.
- Itália x Espanha
Este encontro tão tradicional do futebol europeu, poderia facilmente ser a final do torneio.
Dada a qualidade coletiva, o futebol apresentado e o núcleo duro de AC Milan, com Kevin Zeroli, Francesco Camarda e Davide Bartesaghi, a Itália parte com favoritismo para a primeira meia final. Curiosidade ainda para ver o que Camarda e Pafundi têm guardado para este jogo e como os centrais espanhóis vão (ou não) conter-los e ao losango italiano.
José Lana, selecionador espanhol, parece ainda não ter conseguido encontrar o seu melhor onze, especialmente na zona média e na escolha dos extremos. O duplo pivô testado frente aos franceses fracassou e a necessidade de lançar Pol Fortuny parece óbvia. Nos flancos, há qualidade para fazer melhor, com Dani Rodríguez e Assane Diao, à cabeça.
- França x Espanha
Do lado francês apenas Dehmaine Assoumani está ausente por acumulação de amarelos, já do lado ucraniano três dos habituais titulares (Daniil Vashchenko, Matvii Ponomarenko e Andrii Matkevych) não poderão fazer parte das contas de Dmytro Mikhailenko para o embate das meias-finais do torneio.
Bernard Diomède vem sendo, na minha opinião, o melhor treinador do torneio e frente a uma seleção tão desfalcada, algo menor que uma vitória tranquila será um insucesso. Deixar estatutos de lado e lançar Saïmon Bouabré e Jean-Mattéo Bahoya para o onze inicial parecem-me obrigatoriedades.
Do lado da seleção de leste, 46 minutos foi o tempo totalizado que as três figuras ausentes não figuraram nas quatro linhas – Ponomarenko estava expulso para o primeiro encontro – e por isso irá ser necessária uma renovação, principalmente para a função de médio defensivo onde alinhava Vashchenko e quer seja Mayulu ou Bouabré, tentarão certamente explorar esse espaço.
Espero uma final entre Itália e França, mas o futebol é recheado de surpresas, dia após dia, e é por isso que o adoramos, não é?