Noite muito negra para a Seleção Nacional de Portugal, que viu adiado para o próximo domingo o apuramento para o Campeonato do Mundo de 2026. A derrota por 2-0 para a seleção das quinas fez com que a Irlanda vencesse Portugal pela primeira vez desde 1996.
A turma de Roberto Martínez sabia que tinha pela frente uma tarefa que à vista da maioria seria fácil: uma equipa “inferior”, que não vencia há trinta anos, que no último confronto tinham conseguido dar a volta ao jogo e acabar a ganhar.
O que sabiam também, porque felizmente temos uma seleção capaz, é que a República da Irlanda, apesar de precisar de vencer, não iria arriscar muito a sair da defesa, pelo que o 5-4-1 era o mais provável de acontecer. Mas mesmo sabendo disto, a Seleção Portuguesa conseguiu esbarrar com unhas e dentes na muralha irlandesa que se manteve intacta o jogo todo!


Há dias em que a bola parece não querer entrar, mas além desta inclinação divina de desviar a bola, também faltou acertar a pontaria antes de ir a jogo. Dos quase 30 remates que Portugal fez à baliza, apenas quatro foram enquadrados. E dos 12 que a República da Irlanda fez, três foram enquadrados, e dois acabaram dentro da baliza. Parecia que ninguém estava inspirado.
É difícil falar negativamente de uma equipa que tem habituado a vencer, a ter sempre uma estrelinha, em poder dizer que tem o melhor jogador do mundo a jogar e a ser capitão (cuja atitude já refiro) e que tem elementos a jogar em algumas das melhores equipas do mundo.
Mas em Dublin, Portugal não esteve bem. Os jogadores não pareciam estar conectados, não se conseguia furar a muralha da Ilha Da Esmeralda por nada. Tentava-se pelo meio… batia em algum defesa. Tentava-se pelas laterais, corte para fora. Um remate à baliza… por cima. Não havia forma de derrubar o bloco adversário, e mesmo quando se conseguia uma pequena abertura, lá estava Kelleher a negar o golo aos visitantes.


Valeu mesmo à Irlanda adotar a estratégia de defesa e usar os (únicos) dois pontos fortes que possuía: bolas paradas e transições ofensivas. E de ambas as técnicas surgiram os dois golos de Parrot, que, pelo contrário, não encontrou muralha lusitana nenhuma.
Resultado expectável? Antes do apito inicial não, mas após a primeira meia hora, já era possível perceber para onde o caminho estava a ir: o apuramento no Estádio do Dragão no domingo. Só que com um pormenor que ninguém, nem mesmo selecionador português contava: sem Cristiano Ronaldo dentro das quatro linhas.
Que o capitão português é apaixonado e vive com muita emoção qualquer jogo de quina ao peito, já é sabido. Mas a falta que começou com um amarelo e depois foi retificada para vermelho era algo completamente injustificável para um jogador do calibre do número 7. Se foi mais do que o que efetivamente foi, está sempre em cima da mesa. Mas desde a introdução do VAR neste tipo de jogadas, todos os jogadores sabem que é mais difícil sair ileso de uma situação assim.


A frustração vem de mãos dadas com a malícia, e o capitão teve o coração demasiado perto da boca (ou do cotovelo, no caso).
Roberto Martínez ainda tentou que a equipa segurasse a defesa, tirando Cancelo que arriscava ver o segundo amarelo, e Gonçalo Inácio, e colocando Semedo e Veiga. Mas mesmo assim teve de arriscar na fase final, após o minuto 65 quando Ronaldo foi expulso, onde lançou as três bombas mágicas: Trincão, Gonçalo Ramos e Rafael Leão. Tristemente, nem isso lhe valeu.
Fica a memória triste de uma noite fria em Dublin para Portugal, mas com a certeza de que tal exibição não é típica da seleção e que ainda temos mais uma oportunidade de apuramento para o Campeonato do Mundo de 2026.
No domingo é contra a Arménia, mas que desta vez seja a “marchar, marchar”.

