Com Costa do Marfim e Camarões mas sem Drogba e Eto’o, o Grupo D poderá não ter a mística desejada, mas não será por aí que terá menos espectáculo. Os franco-malianos têm sempre algo a dizer neste grupo, e a Guiné-Conacri espera por uma (ou mais) escorregadela(s) dos seus adversários.
Costa do Marfim – Les Eléphants
Com uma das belas gerações africanas a “dar as últimas”, a Costa do Marfim apresenta-se na CAN’2015 de cara bem lavada. Deixamos de ver os trintões Didier Drogba, Eboué, Romaric, Zokora, Guy Demel, Arthur Boka, Sol Bamba, Arouna Koné e companhia, aparecendo novos valores de qualidade interessante mas comparativamente inferior às estrelas acima nomeadas. Mesmo sem alguns dos mais velhos desta geração, ainda fazem parte do grupo jogadores excepcionais e de qualidade mundial que podem oferecer a esta Costa do Marfim a qualidade necessária a chegarem longe na prova.
A “Geração de Ouro” ainda não foi renovada, mas a vontade dos jogadores que restam dela em conquistar finalmente algum troféu pode fazer com que a equipa se una de uma vez por todas – não é apanágio deste grupo ser muito unido – poderá contribuir como um forte elemento motivacional, já que alguns desses jogadores fazem na Guiné-Equatorial a sua última CAN.
Será esse o grande desafio do seleccionador francês Hervé Renard, o de conseguir lidar com um dos balneários mais complexos do futebol mundial, com egos muitas vezes incompatíveis mas que têm de pensar e sentir o futebol do país em uníssono. Com 46 anos e uma conquista da edição de 2012 da CAN, ao serviço da Zâmbia, o jovem treinador conta já com alguma experiência sobre o futebol africano, tendo passado pelo comando de Angola e do USM Alger, sendo mesmo considerado um dos melhores a actuar no continente.
O destaque individual nesta equipa não podia ser mais óbvio, vai para o Melhor Jogador Africano dos últimos anos, e um dos melhores jogadores do mundo da actualidade: Yaya Touré. Formado no ASEC Mimosas e com mais de 14 títulos, em especial nos dois últimos clubes da carreira, o Barcelona e o Manchester City, Yaya Touré é um dos médios-centro mais completos do futebol moderno, exímio em misturar qualidade defensiva com ofensiva. Infelizmente para ele, já ultrapassou a barreira dos 30 anos, existindo a opinião nalguns especialistas sobre o declínio das suas performances.
Com Yaya Touré na equipa, outras estrelas como Gervinho, Wilfried Bony e Serge Aurier, quase que se ofuscavam, não fossem elas, também, bem brilhantes.
1. Boubacar Barry (Lokeren) – GR
2. Ousmane Viera (Çaykur Rizespor) – Def
3. Roger Assalé (TP Mazembe) – Méd
4. Kolo Touré (Liverpool) – Def
5. Siaka Tiéné (Montpellier) – Def
6. Cheick Doukouré (Metz) – Méd
7. Seydou Doumbia (CSKA Moscow) – Ava
8. Salomon Kalou (Hertha Berlin) – Ava
9. Cheick Tioté (Newcastle United) – Méd
10. Gervinho (Roma) – Ava
11. Junior Tallo (SC Bastia) – Ava
12. Wilfried Bony (Manchester City) – Ava
13. Jean-Daniel Akpa-Akpro (Toulouse) – Def
14. Ismaël Diomandé (Saint-Étienne) – Méd
15. Max Gradel (Saint-Étienne) – Méd
16. Sylvain Gbohouo (Séwé Sport) – GR
17. Serge Aurier (Paris Saint-Germain) – Def
18. Lacina Traoré (Monaco) – Ava
19. Yaya Toure (Manchester City) – Méd
20. Serey Die (Basel) – Méd
21. Eric Bertrand Bailly (Espanyol) – Def
22. Wilfrie Kanon (ADO Den Haag) – Def
23. Sayouba Mandé (Stabæk) – GR
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Mali – Les Aigles
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À equipa nacional do Mali de futebol, quase que se podia chamar Selecção dos Amigos de Seydou Keita. Perdoem esta expressão, mas com o jogador a ir para a sua 7ª participação seguida em fases finais da CAN, o nome não podia ser mais adequado. Muitos nomes passaram nas convocatórias malianas para as CAN’s, desde 2002, mas apenas o nome de Seydou Keita se manteve regular, daí se poderá tirar uma noção do que ele é para a equipa, mas principalmente para o país.
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O Mali é outro dos países com grande influência francesa na sua metodologia de trabalho, não sendo de admirar uma forte ligação à escola de futebol daquele país. O próprio seleccionador, Henryk Kasperczak iniciou a sua carreira de treinador na França. Além da ligação do seleccionador polaco de 68 anos, existe ainda a curiosidade de Fousseini Diawara, Ousmane Coulibaly, Molla Wagué, Tongo Doumbia, Yacouba Sylla, Bakary Sako, Sigamary Diarra, os irmãos Yatabaré e Abdoulaye Diaby terem nascido na França! Um número bastante elevado que por um lado poderá enfraquecer o lado motivacional de se querer dar tudo pela bandeira nacional, mas que por outro permite aos jogadores terem sido formados num dos mais contextos de ensino de futebol mais profícuos.
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Com Seydou Keita ainda em tão bom nível, é difícil realçar outros jogadores. Mesmo com 35 anos, o médio-centro, continua com um nível de performances num campeonato de topo fantástico. A sua classe e capacidade táctico-estratégica, levam-no a um patamar que poucos conseguem com a sua idade. A experiência que o jogador foi adquirindo e absorvendo em diferentes equipas e campeonatos contribuíram para ele manifestar uma eficácia comportamental em campo, fora do normal. Alcançar quase 20 títulos colectivos na carreira, diz muito sobre a qualidade que o jogador (ainda) tem.
Contudo Seydou Keita não poderá lutar “sozinho contra o mundo”, pedindo o brilho em campo de outras estrelas como Bakary Sako e Modibo Maiga para Les Aigles chegarem longe na prova.
De notar por fim que da última vez que Kasperczak esteve ao leme da equipa, o Mali conquistou o terceiro lugar da CAN, aquando da sua organização, em 2002.
1. Germain Berthé (Onze Créateurs) – GR
2. Fousseni Diawara (Tours) – Def
3. Adama Tamboura (Randers) – Def
4. Salif Coulibaly (TP Mazembe) – Def
5. Idrissa Coulibaly (Hassania Agadir) – Def
6. Tongo Doumbia (Toulouse) – Méd
7. Mustapha Yatabaré (Trabzonspor) – Ava
8. Yacouba Sylla (Kayseri Erciyesspor) – Méd
9. Mohamed Traoré (Al-Merrikh) – Ava
10. Bakary Sako (Wolverhampton Wanderers) – Méd
11. Sigamary Diarra (Valenciennes) – Méd
12. Seydou Keita (Roma) – Méd
13. Ousmane Coulibaly (Platanias) – Def
14. Sambou Yatabaré (Guingamp) – Méd
15. Drissa Diakité (SC Bastia) – Def
16. Soumbeïla Diakité (Esteghlal Khuzestan) – GR
17. Mamoutou N’Diaye (Zulte Waregem) – Méd
18. Abdoulay Diaby (Mouscron-Péruwelz) – Ava
19. Mohamed Konate (Nahdat Berkane) – Def
20. Modibo Maïga (Metz) – Ava
21. Abdou Traoré (Girondins Bordeaux) – Méd
22. Abdoulaye Samaké (CO Bamako) – GR
23. Molla Wagué (Udinese) – Def
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Camarões – Les Lions Indomptables
A passar por uma aguardada renovação, os Camarões apresentam-se mais como uma revolução. Não se podia começar por outro lado, já que sem Samuel Eto’o, o “marisco” é outro. E não será só Samuel Eto’o que não se verá vestido de verde e vermelho nesta edição da CAN’2015. Alex Song, Carlos Kameni, Joel Matip, André Bikey, Allen Nyom, Jean Makoun, Assou-Ekotto, Eric Matoukou foram outros nomes presentes em convocatórias dos últimos anos mas que poderão ter o futuro na selecção comprometido.
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A opção é aceite pela comunidade local, já que os Camarões falharam as duas últimas edições da CAN, e mesmo a presença no Mundial’2014 não foi muito bem conseguida. É assim natural que os nomes mais mediáticos mas que vão perdendo espaço a nível qualitativo comecem a dar espaço a outros valores promissores, alguns deles vindos do futebol local.
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Nesse seguimento, Volker Finke tem tido um trabalho muito admirado, em especial na identificação e remoção de “maçãs podres” do balneário. O técnico alemão de 66 anos terá ainda a responsabilidade de levar a equipa a patamares qualitativos atingidos por Roger Milla e companhia, nos anos 90’s. O espaço de manobra não será muito grande já que as performances do Mundial’2014 que o mesmo liderou não ajudam a que haja muita paciência caso as coisas corram mal.
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Sem terem uma referência internacional, contam com alguns jogadores de topo como N’Koulou, Aboubakar e Choupo-Moting. Contudo é Stephane Mbia o jogador que mais relevância lhe é atribuída. Os adeptos camaroneses esperam ainda mais deste jogador do que os adeptos do Sevilla esperam dele. Com 28 jogadores, o médio centro até conta com o seu irmão Franck Etoundi na convocatória o que poderá ajudar ainda mais a sentir-se confortável para as suas exibições. Mbia apareceu muito bem nos momentos decisivos da época passada no Sevilla, esperando-se que o mesmo volte a acontecer nesta CAN’2015.
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1. Guy N’dy Assembé (Nancy) – GR
2. Léonard Kweuke (Çaykur Rizespor) – Ava
3. Nicolas N’Koulou (Olympique Marseille) – Def
4. Raoul Loé (Osasuna) – Méd
5. Jérôme Guihoata (Valenciennes) – Def
6. Ambroise Oyongo (New York Red Bulls) – Def
7. Clinton N’Jie (Olympique Lyonnais) – Ava
8. Benjamin Moukandjo (Stade de Reims) – Ava
9. Frank Bagnack (Barcelona B) – Def
10. Vincent Aboubakar (Porto) – Ava
11. Edgar Salli (Académica) – Méd
12. Henri Bedimo (Olympique Lyonnais) – Def
13. Eric Maxim Choupo-Moting (Schalke 04) – Ava
14. Georges Mandjeck (Kayseri Erciyesspor) – Méd
15. Franck Etoundi (FC Zürich) – Ava
16. Fabrice Ondoa (Barcelona B) – GR
17. Stéphane Mbia (Sevilla) – Méd
18. Eyong Enoh (Standard Liège) – Méd
19. Cédric Djeugoué (Coton Sport) – Def
20. Franck Kom (Étoile du Sahel) – Méd
21. Aurélien Chedjou (Galatasaray) – Def
22. Patrick Ekeng (Córdoba) – Méd
23. Pierre Sylvain Abogo (Tonnerre Yaoundé) – GR
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Guiné-Conacri – Syli Nationale
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A Guiné-Conacri apresenta-se como a equipa teoricamente mais frágil deste Grupo D. Os seus jogadores não fazem parte das grandes equipas europeias ou, quando fazem, ainda não têm um papel importante nas mesmas.
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A essa falta de competitividade ao mais alto nível, junta-se a menor experiência dos seus jogadores que se apresentam com uma média de idades de apenas 24,4 anos. Por outro lado, essa mesma juventude poderá funcionar como um elemento motivacional para esses jovens jogadores tentarem mostrar as suas qualidade a todos os seguidores da CAN’2015.
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Para o comando da equipa, os guineenses contam com o francês Michel Dussuyer. Na sua terceira aparição como treinador dos Syli Nationale, Dussuyer de 55 anos, tentará voltar a levar a equipa aos quartos-de-final da prova, tal como aconteceu em 2004, na altura com Titi Camara, Fodé Mansaré, Souleymane Youla, Dianbobo Baldé e Pascal Feindouno.
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Hoje em dia, os jogadores são outros. A qualidade é mais potencial do que actual. Naby Keita, Mohamed Yattara, Abdoulayé Cissé e François Kamano prometem muito, mas ainda não atingiram o valor que se lhes adivinha. Daí as esperanças estão sobretudo depositadas em Ibrahima Traoré. O jogador actua na competitiva Bundesliga, ao serviço do Borussia Mönchengladbach. Trata-se de um extremo esquerdo driblador muito rápido e imprevisível, de 26 anos, que joga já há várias épocas no principal escalão alemão, tendo passagens por Hertha Berlim, Augsburg e Stuttgart antes de se mudar para o seu presente clube.
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1. Naby Yattara (Arles-Avignon) – GR
2. Mohamed Yattara (Olympique Lyonnais) – Ava
3. Issiaga Sylla (Toulouse) – Def
4. Florentin Pogba (Saint-Étienne) – Def
5. Fodé Camara (Horoya) – Def
6. Kamil Zayatte (Sheffield Wednesday) – Def
7. Abdoul Camara (Angers) – Ava
8. Ibrahima Traoré (Borussia Mönchengladbach) – Ava