De manhã numa fábrica, numa loja dos correios, num escritório. São muitos os cenários possíveis (e, na verdade, reais). À noite, num relvado antes de se juntarem às famílias. Esta é a rotina dos representantes de San Marino, que hoje, como em poucos outros dias, viveram um dia diferente. Acordaram em Londres, completamente concentrados no futebol, e estiveram nas bocas do mundo.
Numa das maiores metrópoles do mundo, num dos mais emblemáticos palcos deste desporto-rei. Esta noite, os homens de San Marino tinham em si postos os olhos de 30.000 habitantes. Os mesmos que, caso se deslocassem, apenas preencheriam um terço do estádio onde hoje a equipa nacional media forças com a Inglaterra na qualificação para o Europeu de 2016.
Geograficamente rodeada pela Itália, a equipa de San Marino viu-se hoje envolta num autêntico mar inglês. Viveram a festa do futebol; sem surpresas, com golos e fair-play. Momento de forma, confronto direto, estatísticas, o que quer que fosse: era impossível encontrar um ponto de partida favorável à equipa visitante, que tinha bem presente na sua memória o sabor do veneno inglês.
Na qualificação para o Mundial 2014, a Inglaterra venceu por 5-0 perante os seus adeptos e 8-0 fora de portas. Hoje não foi muito diferente. Enquanto a Eslováquia ‘arrancava’ à Espanha a primeira derrota em qualificações desde 2006, os ingleses cumpriam com o esperado. Dominavam, combinavam entre si de forma exímia quando o jogo assim o exigia e… Davam a celebrar. Festejavam, marcavam, venciam.
Lutadores, os jogadores de San Marino seguraram as redes durante preciosos 25 minutos, até Jagielka fazer o primeiro. Defenderam as suas cores enquanto puderam e com todas as suas armas. Entre eles, destacava-se o guardião, Aldo Simonini – não fosse ele, protagonista de um par de defesas dignas do palco desta noite, e o resultado teria sido bem mais dilatado.
Mágicos de um lado, sonhadores do outro. Foram os da casa a dominar. De um lado ao outro do campo, Welbeck (autor de um golo), Rooney e Sterling brilharam na companhia de Lallana (que ainda marcou um golo regular, incorrectamente considerado fora-de-jogo), Townsend (que marcou um golo que contou) e companhia. Todos brilharam. Todos menos Joe Hart, que apesar de tudo foi eleito pelos seguidores Vauxhall, um dos patrocinadores da selecção inglesa, o melhor em campo, numa verdadeira demonstração de bom humor.
A Figura
Wayne Rooney – é um mágico em campo. Luta com os pés, com a cabeça, com o tronco. De uma área à outra (hoje não foi necessário) e de um extremo ao outro. De pé esquerdo, de pé direito. Sacrifica-se pela equipa; passa, cruza, remata. É ele o melhor inglês, é ele a estrela. Ele e sempre ele.
O Fora-de-Jogo
Nenhum – Ingrato e descabido seria apontar uma ‘ovelha negra’ neste encontro. A Inglaterra jogou como era esperado, dominou como tinha a dominar e venceu confortavelmente. Teve um bom conjunto. Quanto a San Marino, lutou pela festa do futebol, fez parte dela e teve um comportamento exemplar. Esta noite, foram todos vencedores, mesmo não sendo os pontos divididos.