Copa América’2015 – Uruguai 1–1 Paraguai: 90 minutos de tédio à moda do balão e da falta

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    Albicelestes e Guaranis proporcionaram um jogo entediante e candidato a pior encontro desta Copa América, que tanto nos tem divertido e oferecido boas partidas. O resultado é justo e coloca as duas equipas na próxima fase da competição, com o Uruguai a ser terceiro classificado deste grupo B.

    Foi uma partida em que se vendeu caro cada metro de terreno e onde, dificilmente, algum jogador surgiu sozinho. Havia sempre um guarda-costas na marcação e pronto para levar o portador da bola ao tapete. Aos 10 minutos, já o juiz da partida tinha mostrado (e bem!) dois cartões por entradas duras e despropositadas.

    Os 90 minutos foram maus demais para toda gente; para quem pagou bilhete, para quem viu em casa na televisão e até para a bola, que teve mais tempo a sobrevoar o terreno do que a rolar na relva. O Paraguai era quem mais batia o esférico para a frente e depois tentava que os médios se aproximassem dos seus homens mais adiantados para criarem desequilíbrios. Quase nunca resultou! O Uruguai tentava aproveitar os flancos, com Maxi e Álvaro Pereira, para colocar depois a bola na área, na procura de Cavani e companhia. Ora, isto também foi difícil de aplicar, salvo raras exceções, e os comandados de Tabaréz entraram na moda do balão.

    A bola ia chorando nos pés dos jogadores e só em lances de bola parada (cantos e livres laterais) surgiam ocasiões de perigo. A primeira oportunidade (ao minuto 12) é do Paraguai, com um falhanço, após um canto, já dentro da pequena área, e na resposta, 17 minutos depois, Giménez vai inaugurar o marcador. Canto do lado direito, ganho por Maxi e batido por Sanchéz, encontrou o central do Atl. Madrid, com um grande salto, superiorizou-se a todos e desferiu uma forte cabeçada, não dando hipóteses a Justo Villar, que regressava à baliza paraguaia.

    Gimenez inaugurou o marcador com este cabeceamento ao minuto 29 Fonte: Facebook da AUF – Selección Uruguaya de Fútbol
    Gimenez inaugurou o marcador com este cabeceamento ao minuto 29
    Fonte: Facebook da AUF – Selección Uruguaya de Fútbol

    Adivinhava-se que os golos só assim surgiriam e logo a seguir o mesmo Giménez poderia bisar. Lance a papel químico, canto cobrado da direita, o camisola 2 volta a libertar-se da marcação, mas desta vez Villar faz uma grande intervenção. Na sequência da jogada, Rolin ultrapassa os adversários e isola Cavani, que, em esforço e de bico, desperdiça a oportunidade de aumentar a contagem.

    Eram esporádicos, estes lances, e a batalha continuava no meio-campo, com ligeiros períodos parecidos com ping-pong. Bola lá, bola cá, e os médios com a cabeça levantada a ver a “redondinha” passar. O jogo caminhava para o intervalo (antes fosse para o final) e eis mais um canto para o Paraguai. Adivinhava-se mais perigo e viria a confirmar-se! Lucas Barrios antecipa-se a Giménez e, ao primeiro poste, desvia para o interior da baliza de Muslera. 1-1 em cima do minuto 45, repondo justiça no encontro.

    Lucas Barrios a festejar mais um golo na competição Fonte: Facebook da Selección Paraguaya de Fútbol
    Lucas Barrios a festejar mais um golo na competição
    Fonte: Facebook da Selección Paraguaya de Fútbol

    15 minutos de descanso, uma alteração no Uruguai, com a entrada de Stuani, e a esperança de um jogo bem melhor. E até parecia que isso ia acontecer, muito por culpa de Maxi Pereira no lado direito. O ainda jogador do Benfica esteve incansável durante todo o jogo, como é sua imagem, e aos 53’ tira um excelente cruzamento, que Cavani desvia, passando a bola perto do poste esquerdo de Villar.

    O Uruguai parecia diferente, o Paraguai cansado, e aos 64’ e 67’ mais dois lances que poderiam ter dado a vantagem à albiceleste. Primeiro Rolin lança Álvaro Pereira na esquerda, que cruza para o cabeceamento de Stuani ao lado, e depois um lançamento longo de Maxi, desviado ao primeiro poste, encontra Cavani, que, à meia-volta, atira com o mesmo destino.

    Duas ameaças, os adeptos começavam a animar-se, mas falso alarme. O jogo voltou ao balão, à dureza e às paragens para as substituições. Os paraguaios fizeram duas, por lesões de Ortigoza e Barrios, e na outra saiu Bobadilla para entrar Derlis González (jogador do Basileia e ex-Benfica), que agitou o ataque guarani e iria ter a última e melhor ocasião da partida.

    Antes disso, uma oportunidade uruguaia, novamente por Stuani. Aos 84’, Cristian Rodriguez, que entrou no decorrer da partida, rasgou pelo lado esquerdo e cruzou, com bastante força, e Stuani desviou para a baliza, quase por instinto, fácil para Villar agarrar.

    Maxi Pereira foi o melhor em campo e esteve em quase todos os lances de perigo do Uruguai Fonte: Facebook da AUF – Selección Uruguaya de Fútbol
    Maxi Pereira foi o melhor em campo e esteve em quase todos os lances de perigo do Uruguai
    Fonte: Facebook da AUF – Selección Uruguaya de Fútbol

    Já nos descontos, Derlis González teve nos pés o golo da vitória, negado por Fernando Muslera. O paraguaio recebeu de costas para a baliza, rodou e bateu, pelo chão, obrigando o guardião a mostrar a sua qualidade.

    Pelo número de oportunidades e pela pequena mudança de atitude e qualidade de jogo dos uruguaios no segundo tempo, se houvesse um vencedor seriam os uruguaios, mas o empate é o resultado que mais se aceita, e que penaliza duas equipas que se apresentaram num nível muito baixo e proporcionaram um jogo que contrastou com a maioria dos encontros até então na competição.

    A jogarem assim não vão passar mais nenhuma fase, e os espetadores agradecem!

    A Figura:

    Maxi Pereira – Um jogo como aqueles a que já nos habitou. Nos limites durante todos os minutos, com uma entrega e uma raça quase inigualáveis e a criar desequilíbrios do lado direito do seu ataque, quer em combinações com excelentes cruzamentos, quer com lançamentos longos, sempre perigosos. Foi capitão e a figura do Uruguai nesta partida.

    O Fora-de-jogo:

    Abel Hernandez – Esteve 45 minutos em campo e foi uma verdadeira nulidade. Um jogo desastroso do avançado uruguaio, que, simplesmente, não se viu, excetuando o amarelo que levou, aos 4 minutos, depois de uma falta dura e desnecessária. Mas não faltavam candidatos…

    Foto de capa: Facebook da Selecção do Paraguai

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    Luís Martins
    Luís Martinshttp://www.bolanarede.pt
    A mãe diz-lhe que começou a ler aos 4 anos, por causa dos jornais desportivos. Nessa idade já ia com o pai para todo o lado no futebol e como sua primeira memória tem o França x Brasil do Mundial 1998. Desde aí que Zidane é o seu maior ídolo mas, para ele, Deus só há UM: Pablito Aimar.                                                                                                                                                 O Luís não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.