Um cabeceamento. Um cabeceamento no minuto final foi suficiente para alterar o resultado de um jogo cuja crónica final parecia estar escrita há muito. No entanto, falar de Portugal versão 2014 sem falar de incertezas continua a ser falar de um Portugal que não se apresentará no Mundial do Brasil. E foi esse mesmo conjunto que se reflectiu na madrugada deste sábado em Boston, nos Estados Unidos, onde a equipa das quinas esteve perto de ceder um novo empate.
Tendo pela frente a fresca ‘turma’ do México, que desde cedo procurou apoderar-se do papel ofensivo, a Caravela Portuguesa esteve longe de se exibir a um nível que lhe permita aspirar a grandes conquistas em mar internacional e foi apenas com um salvamento de última hora que a fez ganhar a primeira de duas batalhas navais em águas norte-americanas: aos 92′, Bruno Alves saltou e correspondeu na perfeição a um cruzamento exímio de João Moutinho, para celebrar o único golo do encontro.
Sem mais uma vez contar com Cristiano Ronaldo, Paulo Bento viu os seus comandados enfrentarem bastantes dificuldades e desperdiçarem a grande maioria das oportunidades de que dispuseram (lá na frente esteve Éder, o ponta de lança cujo ponto fraco é precisamente a finalização) enquanto o México, por sua vez, contava com o tão bem conhecido Herrera a criar situações de perigo constantes. Foi, aliás, ao conjunto da América Central que pertenceram as melhores hipóteses, não sendo portanto descabido o desejo de outro resultado pelos Tricolor.
Se o único tento do encontro chegou por intermédio de bola parada, também as restantes situações de perigo criadas por Portugal vieram do espaço aéreo, sendo notória a ausência de jogadores como Ronaldo e Ricardo Quaresma para explorar as alas com a bola no solo: Nani, titular, esteve longe do seu melhor, enquanto Varela teve pouco tempo para procurar ajudar os companheiros.
O encontro não foi, de facto, um exemplo de como lutar por um triunfo às portas da maior competição futebolística do universo, consequência da redução de rendimento na última meia-hora de jogo e do cansaço acumulado – que se revelaram numa praticamente total existência de coesão.
O jogo com a Grécia não convenceu e o embate com o México valeu pelo triunfo alcançado em cima do apito final. Feitas as contas, 1 golo marcado e 0 sofridos em dois encontros de preparação realizados. Resta um e terá lugar já na próxima madrugada de terça para quarta-feira, frente à República da Irlanda, ainda nos Estados Unidos da América.
Apesar de ser provável uma nova ausência de Cristiano Ronaldo, o duelo terá obrigatoriamente de servir para Paulo Bento (que hoje apenas recorreu a quatro das seis alterações a que tinha direito) afinar os últimos detalhes deste conjunto que quer lutar pelo título. Até lá, Portugal tem de se unir e esperar que todos os atletas estejam em condições de ‘atacar’ o Mundial.
A Figura
Bruno Alves, pelo golo, e Eduardo, pela exibição consistente. Como aliás é habitual sempre que Cristiano Ronaldo está ausente, o sector ofensivo da selecção nacional portuguesa esteve apagado e foi necessária a intervenção de um central num lance de bola parada no último minuto para decidir a partida, que, por várias vezes, poderia ter testemunhado uma alteração no marcador do Gilette Stadium no lado contrário – por isso, valeu Eduardo.
O Fora-de-Jogo
Eficácia (ou falta dela). Uma vez mais, a comitiva portuguesa esteve longe de ser feliz na frente, sendo que Éder foi o principal rosto do desperdício numa noite que acabou por se revelar de sorte.