Bom Senso F.C.

    brasileirao

    Este poderia ser o nome de um clube de futebol de intelectuais, gente das artes ou outros produtores culturais. Alguém de extrema inteligência e que fosse o pináculo da criação. Dificilmente um clube poderia ter este nome. A não ser que houvesse um bairro chamado Bom Senso, ou houvesse uma cidade com este índice onomástico.

    Nada disso. Foram os próprios jogadores do Campeonato Brasileiro que se uniram e deram a cara por esta causa. Medidas concretas? Lutar por um futebol de Vera Cruz mais justo e mais solidário. Aspetos contra? Desde logo, o número excessivo de jogos que as equipas se veem obrigadas a fazer, o curto período de transição do campeonato nacional para os estaduais (começam agora nos finais de janeiro) e vice-versa, a exaustão de jogos a que os jogadores estão submetidos, salários em atraso e ainda o preço dos bilhetes para os adeptos. Assim, foi possível observar em alguns jogos do Brasileirão 2013 cenas caricatas. Por exemplo, os jogos começavam e havia cinco ou dez minutos de inatividade pura. Inércia total. Jogadores a trocar simplesmente a bola amigavelmente entre si, como numa rabia. Isto para provar que eles são os titãs mais importantes do espetáculo.

    Vénia. Aplausos. Completamente de acordo. É deste tipo de movimento que a sociedade precisa. Encontrar formas de associativismo. Se se associa, algo está mal. Mas, ao associar-se, algo poderá melhorar. É absurdo o número de partidas disputadas por um “bom” clube brasileiro. Coloco bom entre aspas não por desdém a outros, menos tradicionais. Mas caracterizo um bom clube como estando na Série A, disputando a Copa do Brasil e ainda jogar a Libertadores. Ora, os encontros do campeonato são ao sábado ou domingo e à terça ou quarta-feira. Ou seja, duas vezes por semana. Quem diria que no Brasil o futebol é lento? É um ritmo alucinante. Com Copa do Brasil a meio da semana e mais Libertadores, quando é que os atletas descansam? E treinam?

    Este exemplo, simples, poderá ser copiado por outros quadros da sociedade. A união faz a força, já diz o lugar-comum. Mas é bonito ver jogadores de clubes que, desculpem, mas é verdade, se odeiam abraçados. Para grandes males, grandes remédios. A greve ainda não foi uma dessas curas. Porém, se a CBF persistir no erro de ignorar as chamadas de atenção, só um poderoso antídoto poderá parar um mal tão severo.

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    Daniel Melo
    Daniel Melohttp://www.bolanarede.pt
    O Daniel Melo é por vezes leitor, por vezes crítico. Armado em intelectual cinéfilo com laivos artísticos. Jornalista quando quer. O desporto é mais uma das muitas escapatórias para o submundo. A sua lápide terá escrita a seguinte frase: "Aqui jaz um rapaz que tinha jeito para tudo, mas que nunca fez nada".                                                                                                                                                 O Daniel escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.