8 equipas, 1 troféu: O que esperar dos quartos de final do mundial

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    A “Main Round” chegou ao fim e apenas 8 equipas foram capazes de chegar à fase do “mata-mata”, mais concretamente, aos quartos de final. As 4 principais favoritas (França, Espanha, Dinamarca e a co-anfitriã, Suécia) estão presentes numa fase da competição em que uma derrota significa o fim da campanha. Para trás ficam os grupos, agora todos os jogos são decisivos.

    Com as quatro maiores candidatas a terem possibilidades de avançar, alguns dos encontros preveem-se mais desequilibrados do que outros. O BnR faz uma pequena antevisão do que se pode esperar ver nos “quartos” do Mundial de andebol.

    DINAMARCA X HUNGRIA

    O jogo mais desequilibrado desta honra coloca frente a frente a bicampeã do Mundo em título, a Dinamarca e a vice-campeã de 1986, a Hungria. Os dinamarqueses chegam a esta fase da competição sem derrotas, apesar do empate frente à Croácia, numa das partidas mais bem disputadas da competição.  O apoio dos adeptos leva a crer que o Mundial decorre em solo dinamarquês, pelo que o ambiente nas bancadas também pode acabar por ter um certo peso na partida.

    A Dinamarca aposta essencialmente em duas estratégias ofensivas: num ataque com dois pivôs em que um dos laterais (normalmente o esquerdo) tenta penetrar e atrapalhar a defesa adversária, com vista a forçar espaços; ou num ataque mais tradicional com apenas um pivô, quando um jogo intenso não beneficia formação nórdica.  No que à defesa diz respeito, os dinamarqueses apostam sobretudo no 5-1, em prol de uma transição rápida para o ataque que não comprometa a manobra defensiva mas que pode deixar um espaço para os pontas adversários.

    De entre os dinamarqueses, o grande destaque da competição até agora vai para Mathias Gidsel, lateral direito e melhor marcador de todas as seleções presentes nos quartos de final, assim como para o central e distribuidor do jogo dinamarquês, Mikkel Hansen, com o lateral esquerdo Simon Pytlick a ser outro nome para manter no radar.

    O lado húngaro aproveitou o empate de Portugal com o Brasil para carimbar o passaporte rumos aos quartos de final. Medalhados em 1986, os “Magiares” chegam a esta fase pela quarta vez nas últimas seis edições do Campeonato do Mundo. É preciso recuar ao ano de 1997 para recordar a última ocasião em que os húngaros alcançaram uma fase mais avançada da competição.

    Uma equipa que já conheceu o sabor da derrota por duas ocasiões, uma frente a Portugal e outra frente à Suécia, ambas de forma clara, a Hungria tem a missão de contrariar o favoritismo dinamarquês. A nível ofensivo os húngaros costumam apostar num ataque “standard”, ou seja, com apenas um pivô, com uma grande aposta nos golos pelas alas, seja através dos laterais ou dos pontas.

    No que à defesa diz respeito, os húngaros jogam sobretudo com um esquema 6-0 moderno, apostando numa estrutura mais fixa em que as pontas dificilmente ficam expostas. Na formação comandada por Chema Rodriguez, treinador do Benfica, a estrela é o pivô Miklos Rosta, melhor marcador da equipa, com o ponta Bemdegúz Bóka a surgir também como um dos nomes maiores da formação magiar.

    NORUEGA X ESPANHA

    O jogo mais equilibrado desta fase consiste num duelo entre duas nações históricas do andebol:  a Noruega, vice campeã do Mundo em 2019, e a Espanha, campeã do Mundo em 2005 e em 2013. Apesar do histórico entre as duas seleções favorecer “nuestros hermanos”, é a Noruega que chega a esta fase invicta e apenas com vitórias, nomeadamente perante as formações da Alemanha e dos Países Baixos.

    A Espanha chega a esta partida também só com vitórias, com exceção da partida mais recente, frente à França, num jogo que ficou marcado por uma exibição abaixo da média por parte dos espanhóis, sobretudo no que ao ataque diz respeito. Ainda assim, foi um jogo disputado entre duas formações já apuradas para os “quartos” e em que a equipa derrotada evitou a eventualidade de enfrentar a Suécia em Estocolmo nas meias-finais, pelo que as formações podem não ter sentido a necessidade de jogar com tanto rigor.

    A nível tático, o ataque da Noruega é caracterizado sobretudo por uma ofensiva “standard” com apenas um pivô em que as pontas são fixas e o ataque é maioritariamente focado nos demais 4 jogadores, pelo que se verifica com regularidade o cruzamento entre os laterais e o central norueguês. Ainda no aspeto ofensivo, a equipa nórdica tem uma tendência para apostar no jogo com dois pivôs sempre que pretende aumentar a pressão e abrir mais espaços na defesa.

    Já nos moldes defensivos da Noruega, predomina a aposta no 6-0 moderno e ocasionalmente no modelo de 5-1, mas os noruegueses não têm por hábito deixar as pontas descobertas, o que foi percetível na vitória dos nórdicos frente à Alemanha. No plano individual, o guarda-redes da Noruega Torbjorn Bergerud fez uma exibição do outro Mundo na última partida da “Main Round”, sendo o protagonista na vitória dos noruegueses sobre os alemães, com 57% de remates defendidos.

    De entre os demais jogadores, destaque para o central Sander Sagosen que, para além de distribuidor do jogo norueguês é ainda o melhor marcador da seleção no Campeonato do Mundo. O ponta esquerda, Sebastian Barthold e o lateral esquerdo Goran Johanesson são também dois nomes de relevo na formação.

    A Espanha costuma atacar com passes muito rápidos e com todos os jogadores menos os pontas em movimento, para forçar a defesa adversária a abrir espaços seja no centro ou nas pontas. Foi esta característica que levou Daniel Fernández a brilhar na partida frente à França, um jogo em que também foi possível observar uma utilização eficiente de duplo pivô pela seleção de Espanha. É uma equipa na qual sobressai a ofensiva rápida e versátil.

    No plano defensivo, os espanhóis alternam entre um 6-0 moderno (favorável para uma equipa com jogadores altos)  e um 5-1, sendo esta última mais favorável para pressionar o central adversário. Já a nível individual, o Campeonato do Mundo tem vindo a confirmar as indicações do Torneio Domingo Barcenas, com Álex Dujshebaev, lateral direito e Kauldi Odriozola, ponta direita a surgirem como figuras proeminentes em toda a competição.

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    Filipe Pereira
    Filipe Pereira
    Licenciado em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Filipe é apaixonado por política e desporto. Completamente cativado por ciclismo e wrestling, não perde a hipótese de acompanhar outras modalidades e de conhecer as histórias menos convencionais. Escreve com acordo ortográfico.