Diamond League 2018 – As finais de Bruxelas: Antevisão

Salto em Altura (M): Enquadrando um pouco a situação para quem esteve ausente nos últimos meses. A grande estrela Mutaz Essa Barshim (QAT) teve uma lesão grave a meio da temporada, foi operado e enfrenta um período recuperação que o tira de competição até ao final do ano. Aí quem assumiu o protagonismo foi Danil Lysenko, jovem russo de 21 anos, que já havia batido Barshim no início do ano, sagrando-se campeão mundial de pista coberta em Birmingham. Já o russo havia saltado 2.40 metros no Mónaco, quando de repente…bronca! O atleta falhou ao informar e a atualizar os dados no sistema de localização para o controlo anti-doping e, tendo falhado 3 controlos (supostamente pela falta dos dados), viu revogado o estatuto de atleta neutral, estando impedido de competir. Em poucos meses, um evento que muito prometia em Birmingham, via-se sem as duas principais estrelas. Quem será o favorito em Bruxelas? É difícil dizer. O australiano Brandon Starc saltou há poucos dias 2.36 metros, um novo recorde pessoal, novo recorde continental e é o que mais saltou este ano entre os presentes. Mas temos 7 atletas (!) entre os 2.31 e os 2.35 que podem ter aspirações. Entre eles, o norte-americano Bryan McBride, que alcançou um novo recorde pessoal (2.35) este ano; o alemão, novo campeão europeu, Mateusz Przybylko (2.35); o ex-campeão mundial Donald Thomas (este ano em 2.32) e até temos o regresso de um “velho” conhecido: o italiano, anterior campeão europeu e mundial indoor, Gianmarco Tamberi, que depois da grave lesão em 2016, saltou esta semana 2.33 metros!

A nossa aposta: Brandon Starc (AUS)

Salto Com Vara (M): É provavelmente a prova mais aguardada do meeting e isso em muito se deve a um “miúdo” de 18 anos, chamado Armand Duplantis! O sueco Duplantis foi um dos destaques dos Europeus de Berlim, ao conseguir a proeza histórica de saltar 6.05 metros! Duplantis já vinha tendo um ano verdadeiramente em grande e os 5.93 metros de recorde mundial júnior já pareciam algo muito difícil de alguém bater um dia, mas transformar esse recorde em 6.05 torna-o, provavelmente, imortal na história do nosso desporto e um dos que mais saltou em qualquer idade. Apenas três homens saltaram mais alto do que Duplantis em toda a história (indoor ou outdoor) da disciplina!

Armand Duplantis já entrou na história da disciplina…aos 18 anos!
Fonte: European Athletics

E o sueco está apenas a começar e rodeado dos melhores…E por falar em melhores, em Bruxelas estarão todos eles. O destaque maior vai para o campeão mundial e total dominador da temporada passada, o norte-americano Sam Kendricks e para Renaud Lavillenie, o francês recordista mundial, que já foi campeão olímpico em Londres. Lavillenie está a ter um ano inconsistente (o que também não é algo novo). Foi campeão mundial de pista coberta, mas nas últimas 4 competições – antes do evento sobre a água, na Antuérpia – não ganhou nenhuma. No entanto, não se deve desconsiderar. Afinal é o “rei” dos diamantes, já tendo vencido por 7 (!) vezes esta competição. Kendricks tem-se mostrado mais consistente e nas últimas 6 competições, apenas por uma vez não passou os 5.80 metros. De entre os 3 é esperado que saia o vencedor, mas o restante field é todo ele de impor respeito: Thiago Braz (atual campeão olímpico), Shawn Barber (campeão mundial em 2015), Konstantinos Filippidis (campeão mundial indoor em 2014), Piotr Lisek (Prata nos Mundiais de Londres do ano passado), Paweł Wojciechowski (campeão mundial em 2011) e Timur Morgunov, o jovem russo de 21 anos, que em Berlim também saltou 6 metros, para ser segundo nos Europeus!

A nossa aposta: Sam Kendricks (USA)

Salto em Comprimento (F): Tem sido um ano estranho no Comprimento feminino e não apenas pelas ausências de grandes nomes, como Brittney Reese (só fez 3 provas no início da época) e Tianna Bartoletta (só competiu até ao início de Julho e muito longe do melhor). As atletas que competiram em 2018 garantem bons resultados e isso foi-se vendo ao longo do ano, mas com uma alternância tão grande entre vencedoras e marcas, que torna esta final em algo muito imprevisível. Senão, vejamos: Lorraine Ugen é a líder mundial e a única a ter ultrapassado os 7 metros, com os 7.05 dos Nacionais Britânicos. No entanto, desde aí, Ugen perdeu 4 das 5 provas que realizou, sendo que nos Europeus de Berlim não conseguiu melhor que a 9ª posição, atrás de Evelise Veiga! Shara Proctor é outra britânica que tem mostrado essa inconsistência, ora batendo Ugen com saltos de 6.91, ora não passando os 6.62 metros em eventos Diamond League. Temos também a canadiana Christabel Nettey, que parece ter atingido o pico da época bastante cedo. Em Março saltava a 6.92 (e este primeiro pico poderia fazer sentido para os Jogos da Commonwealth), em Junho saltava em 2 vezes em 3 dias a 6.8 e desde aí o melhor que conseguiu (em 6 provas disputadas) foi chegar aos 6.60 metros. Com a lesão de Spanovic, resta a regularidade da campeã europeia, a alemã Malaika Mihambo, que é a segunda do ranking mundial em 2018 e, apesar de feito menos provas que as adversárias – apenas 6 – poderá dizer que só tem uma derrota, para já, este ano. Em prova também estará a colombiana Caterine Ibarguen, ela que um dia antes disputa a final do Triplo em Zurique!

A nossa aposta: Malaika Mihambo (GER)

Triplo Salto (M): A única final Diamond League com portugueses em prova e logo dois! Nelson Évora chega a Bruxelas motivado pela sua recente conquista da medalha de Ouro nos Europeus de Berlim, afirmando várias vezes que sente que neste momento vale bem mais do que os 17.10 que tem como melhor da época ao ar livre (em pista coberta já saltou 17.40 para o Bronze nos Mundiais Indoor). Évora nada tem a provar na sua carreira e, apesar de nesta edição da Diamond League as coisas não lhe terem, até aqui, corrido tão bem, a verdade é que o que conta é sexta-feira. Nesta final, enfrentará adversários de peso, com um dos grandes favoritos a ser Pedro Pablo Pichardo. Pichardo, agora a representar Portugal, tentará alcançar o seu primeiro troféu de Diamante e se o fizer torna-se também no primeiro atleta português a conquistar este título. O clima entre Évora e Pichardo aqueceu um pouco no pós-Berlim e existe alguma expetativa para perceber como os atletas irão reagir em prova. Da nossa parte, o que esperamos é que os dois reajam da forma como tão bem sabem fazer: sendo competitivos e superando-se a cada salto! No entanto, terão que enfrentar a dura concorrência norte-americana, com o grande favorito a ser Christian Taylor!

Quem quiser vencer, terá que bater um dos melhores da história da disciplina
Fonte: Diamond League Eugene

Taylor, o homem que fez o segundo maior salto legal da história, já venceu este troféu por 6 (!) vezes, sendo que é o atual duplo campeão olímpico e três vezes campeão mundial. Este ano andou a experimentar um misto entre os 400 metros e o Triplo Salto, mas nem isso lhe retirou o foco ou a capacidade de saltar ao seu nível habitual. Venceu 3 dos 4 meetings de qualificação, tendo perdido apenas o primeiro para Pichardo (em Doha), no dia em que o cubano fez o maior salto do mundo nesta temporada – 17.95 metros! Sabemos que Taylor é mais regular, mas também sabemos que num dia bom Pichardo pode bater Taylor. Para isso apenas precisa de um salto. Um salto enorme.

A nossa aposta: Christian Taylor (USA)

Lançamento do Peso (F): Já era confuso explicar o formato de dois dias consecutivos de finais em duas cidades diferentes, mas Bruxelas decidiu mexer e ainda complicar mais as coisas. Esta final do Peso realiza-se um dia antes, ou seja no dia das finais de Zurique, e, realizando-se às 18 horas, é, na verdade, a primeira final da Diamond League a ser realizada e decidida. Quanto à prova, a mesma contará com a elite do Peso em 2018, que inclui a atual campeã mundial, Lijiao Gong. A chinesa que apenas na 7ª medalha global ao ar livre, conseguiu alcançar o Ouro, em Londres, tem vindo a dominar a disciplina, sendo que venceu todas as 7 provas que disputou este ano. Na Diamond League, apenas fez duas e venceu as duas, chegando aqui, também, com o título dos Jogos Asiáticos, conquistado esta semana. É a líder mundial com 20.38 metros. A única outra atleta que ultrapassou os 20 metros este ano é a alemã Christina Schwanitz (20.06), a campeã mundial antes de Gong e que surpreendentemente se viu derrotada este ano em casa, não conseguindo revalidar o título europeu. Aí quem venceu, e que também estará aqui presente, foi a polaca Paulina Guba, que alcançou este ano o seu melhor pessoal – 19.38. Outras atletas que poderão entrar na luta são Danniel Thomas-Dodd (a jamaicana que venceu os Jogos da Commonwealth), a norte-americana Raven Saunders e a bielorrussa Aliona Dubitskaya.

A nossa aposta: Lijiao Gong (CHI)

Lançamento do Disco (M): O sueco Daniel Stahl, com o seu lançamento de 69.72 metros, assumiu esta semana a liderança do ranking mundial. Lugar com que finalizou também os anos de 2016 e 2017, sem que a isso tenha aliado qualquer título internacional (e disputou 4 em 3 anos). A competição em Bruxelas deverá ser a 3, com a companhia do lituano Andrius Gudzius e do jamaicano Fedrick Dacres. E comecemos por aqui, pois muita gente parece ainda pouco habituada a ver jamaicanos a destacar-se neste tipo de eventos. A verdade é que a Jamaica parece cada vez mais apostar nos lançamentos e já apresenta vários atletas com nível elevado. Nem todos com o nível de Dacres, é certo, que este ano bateu o recorde nacional jamaicano, ao lançar 69.67 metros em Estocolmo, a marca que liderava o ranking mundial até esta semana. Dacres venceu 4 eventos da Diamond League, destacando-se claramente a nível de pontuação. Só que em prova também estará Andrius Gudzius.

Andrius Gudzius, o campeão europeu e mundial à procura do Diamante
Fonte: European Athletics

O lituano apenas venceu um meeting da competição durante este ano, mas sabemos como ele adora grandes momentos: conquistou esta época o título europeu em Berlim, juntando-o ao mundial alcançado em Londres em 2017. É também o mais regular no mundo nesta temporada – das 10 melhores marcas em 2018, 6 pertencem a Gudzius!

A nossa aposta: Andrius Gudzius (LIT)

Lançamento do Disco (F): Em Berlim, acabou por ser surpreendente que a croata Sandra Perkovic tenha suado bem mais do que o esperado para alcançar o título europeu, mas no final foi seu, com mais um lançamento acima dos 67 metros, um dos seus 8 acima dessa marca em 2018, sendo que essas suas 8 marcas constam das 10 melhores marcas do ano. Dupla campeã olímpica, duas vezes campeã mundial e cinco vezes campeã europeia, é a lógica favorita à vitória, tendo conquistado o troféu de Diamante por 6 vezes no passado! Como únicas rivais que a poderão ameaçar, caso esteja num dia mau, tem as cubanas Yaimé Perez e Denia Caballero. Uma curiosidade: em todos os meetings da Diamond League deste ano, as atletas terminaram nas mesmas posições – Perkovic em 1º, Pérez em 2º e Caballero em 3º!

A nossa aposta: Sandra Perkovic (CRO)

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O Pedro é um amante de desporto em geral, passando muito do seu tempo observando desportos tão variados, como futebol, ténis, basquetebol ou desportos de combate. É no entanto no Atletismo que tem a sua paixão maior, muito devido ao facto de ser um desporto bastante simples na aparência, mas bastante complexo na busca pela perfeição, sendo que um milésimo de segundo ou um centimetro faz toda a diferença no final. É administador da página Planeta do Atletismo, que tem como principal objectivo dar a conhecer mais do Atletismo Mundial a todos os seus fãs de língua portuguesa e, principalmente, cativar mais adeptos para a modalidade.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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