Gail Devers voltaria a repetir o Ouro olímpico em Atlanta 96 – mais uma vez com recurso ao photo finish! – e à data de hoje apenas duas outras atletas na história conseguiram a proeza de conquistar duas medalhas de Ouro nos 100 metros olímpicos (a norte-americana Wyomia Tyus em 1964 e 1968 e a jamaicana Shelly-Ann Fraser-Pryce em 2008 e 2012). Nos 100 metros ainda, viria também a conquistar o Ouro nos Mundiais de 1993 – mais uma vez com recurso ao photo finish! – e nas estafetas 4×100 ajudou a equipa norte-americana em mais um Ouro olímpico (Atlanta 1996), um Ouro mundial (Atenas 1997) e uma Prata mundial (Estugarda 1993).
Também uma estrela em Pista Coberta, Devers conquistou por três vezes o título mundial Indoor nos 60 metros e por uma vez o da distância com barreiras. Em 2004, em Budapeste, já com 37 anos (!) tentou o Ouro em ambas as distâncias, mas acabaria, por ficar apenas com a Prata nas barreiras (e Ouro na distância sem barreiras).
Eu sei o que vocês estão a pensar. Então e o seu percurso nas barreiras ao ar livre, a sua prova preferida e a sua especialidade? Depois de começar com aquela Prata milagrosa em Tóquio, viria a repetir essa medalha muitos anos mais tarde, em Edmonton 01. Mas pelo caminho, conquistou três Ouros através dos três títulos mundiais ao ar livre nas barreiras (Estugarda 93, Gotemburgo 95 e Sevilla 99), sendo que em Estugarda foi mesmo campeã mundial na distância com barreiras e sem barreiras em simultâneo!
O título mundial das barreiras em Sevilha 99:
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Já nos Jogos Olímpicos, na sua disciplina favorita (os 100 metros com barreiras), ficará para sempre com um amargo de boca de nunca ter conseguido alcançar sequer uma medalha – embora Devers diga que não está nada desapontada pela sua trajectória, pois deu sempre o melhor de si em todas as provas. Em Barcelona 92, numa prova que lhe daria o segundo Ouro no mesmo evento depois da vitória nos 100 metros livres, liderava por completo a prova e estudos posteriores concluiram que ia para recorde mundial, quando embateu contra a última barreira e ficou em 5º lugar. Um dos desfechos mais dramáticos da história do nosso desporto e dos Jogos Olímpcos.
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Em Atlanta 96 ficou num desapontante 4º lugar e em Sidney 00 e Atenas 04 teve que abdicar por lesão, nunca alcançando a glória olímpica no seu evento predilecto, mas alcançando na distância sem barreiras. Poucos são, no entanto, os atletas (no masculino e no feminino) que se poderão gabar de terem marcado presença em 5 edições dos Jogos Olímpicos, o que demonstra bem o talento e a força de vontade da atleta norte-americana.