HEAD to HEAD: Procurar encontrar formas de juntar os maiores nomes mais do que uma vez por temporada é essencial. Quem segue futebol sabe que irá ver 2 Benfica x Sporting, pelo menos, por ano; os amantes de ténis sabem que os grandes jogadores se irão encontrar ao longo do ano e irão participar nos mesmos torneios. No Atletismo, isso não acontece. Em anos sem Mundiais ou Jogos Olímpicos, os principais nomes podem não se encontrar uma única vez. Em anos de grande competição, por vezes, podem-se encontrar apenas uma vez durante toda uma temporada. Sabem quanto tempo demorou Usain Bolt a voltar a encontrar-se com Andre De Grasse nas pistas depois do Rio? Nunca mais aconteceu. Foram-se evitando meeting após meeting durante esta época e pouco antes dos mundiais, De Grasse lesionou-se. O aumento do chamado head to head deve ser uma prioridade na modalidade para atrair público e para criar rivalidades que elevem o nome do desporto.
Público jovem: É um desafio, talvez o maior desafio. Tem que se chegar aos mais jovens. Estamos em 2017 e percebe-se o impacto que o interesse dos mais jovens por desportos como o Ténis ou alguns desportos de combate, tem tido no crescimento dessas mesmas modalidades. É um ciclo vicioso, mas temos que ir à procura de entrar no mesmo. Nas redes sociais, existe claramente trabalho a fazer, começando pelas organizações responsáveis pelo desporto a nível internacional que apostam (ainda) pouco. Outra forma de chegar aos mais jovens é existirem mais iniciativas junto de escolas, com visitas de atletas e até dias dedicados ao Atletismo na escola com a presença destes atletas como “padrinhos” de certos eventos, explicando o que é o desporto, sacrifícios necessários para se alcançar o sucesso e dando exemplos práticos da integração do desporto com a vida escolar. Mesmo a nível nacional, seria interessante vermos um Nelson Évora, ou mesmo atletas já retirados, a fazerem digressões do género pelo país. Pegando no exemplo dos EUA, é isso que algumas modalidades fazem há muitos anos, aproveitando as suas estrelas e o potencial do mercado mais jovem. Chegar ao mercado mais jovem é essencial, porque eles serão as futuras estrelas e os futuros espectadores também.
Cobertura/Media: Percebe-se que este seja um ponto, por vezes, dependentes das estações televisivas. Mas se as mesmas falham neste ponto, deve ser quem gere a modalidade que se deve preocupar na forma como o Atletismo é mostrado ao público mais ou menos conhecedor. Este ano fomos brindados com uma série de erros amadores em eventos de grande gabarito, como meetings da Liga Diamante. Obviamente que tal não pode acontecer, mas não falamos apenas desse tipo de erros. Sendo um desporto que tem a particularidade de acontecerem várias coisas ao mesmo tempo, a aposta por serviços “multiscreen” ou com ecrãs a mostrar diferentes provas – mostrando, por exemplo, em simultâneo Saltos/Lançamentos e provas de Meia Distância – deve ser prioridade. Prioridade também deve ser a transmissão internacional do que vai acontecendo pelo mundo, mais não seja através de um canal oficial criado para o efeito, aproveitando o poder, mais uma vez, das redes sociais. Não nos podemos dar ao luxo de ter um Meeting de despedida de Usain Bolt de solo jamaicano, em Kingston, em que a única forma de assistir pelo mundo era pagar um PPV incrivelmente inflacionado. Nesta fase, devemos procurar a expansão e chegar ao máximo de casas possíveis. Será assim tão complicado ter uma música oficial associada a cada grande evento, como o Futebol faz com os Mundiais, por exemplo? Basta abrir um vídeo de uma dessas canções pelo Youtube e ver o número de visualizações para se ter a noção do impacto de algo do género.
Mais ideias com certeza existirão e serão igualmente ou mais válidas ainda. As que aqui apresentamos não apresentam um grau de complexidade alto e, por isso, são exequíveis a curto-médio prazo. O desporto pode evoluir e irá evoluir. Aqui estaremos para viver esta nova era da modalidade.