OS RECORDES COMEÇARAM CEDO A CAIR
Sergey Bubka bateu o recorde mundial, pela primeira vez, aos 29 anos. Renaud Lavillenie aos 25. Armand Duplantis aos 20 anos. Muitos vêem aqui motivos para pensar que a fasquia vai subir ainda subir bastante, e, para nós, é difícil de desmentir. Das duas vezes que Duplantis bateu o recorde este ano, ficou sempre a impressão de que o jovem poderia ter ido ainda mais alto. Mas claro que todos sabemos que os recordes são muito lucrativos centímetro a centímetro.
Já com Bubka havia sido assim. O atleta foi várias vezes acusado de subir a fasquia centímetro a centímetro, apenas para arrecadar o prémio monetário, apesar de todos nós sabermos que ele tinha muito mais para oferecer. Essa é uma das razões pelas quais nunca saberemos até onde o ucraniano poderia ter ido. Mas isso não diminui Duplantis, antes pelo contrário. O sueco começou cedo e, mesmo centímetro a centímetro, muitos estimam que o recorde poderá estar 10 a 15 centímetros acima no final da próxima década.
Apesar de tudo, ninguém se diz surpreendido com a ascensão do sueco. Segundo várias fontes, Armand começou a ser introduzido ao Salto com Vara aos seus quatro anos, quando o seu pai o levava para o complexo da LSU (Universidade do Estado de Louisiana) para treinar. Não que tal fosse necessário, uma vez que, por essa altura, já o seu pai tinha instalado no seu quintal tudo o que era necessário para a prática do Salto com Vara.
Claro que tudo isso seria de pouca ajuda, caso Armand não tivesse a aptidão e confiança necessária. Mas ele tinha isso tudo e muito mais. Bateu o seu primeiro recorde de idade aos sete anos, e tem ainda em sua posse todos os recordes de idade dos 7 aos 12 anos, bem como os dos 17, 18, 19 e, claro, sub-20, sub-23 e sénior absoluto. Em termos de títulos também não está mal, não. Foi campeão mundial de sub-18 e sub-20, campeão europeu sub-20 e também já conta com o título sénior europeu para mostrar.
Existe ainda a curiosidade de Duplantis deter vários recordes norte-americanos, mesmo que compita pela Suécia. É que, sendo norte-americano, Duplantis está elegível para bater recordes norte-americanos, numa situação em tudo semelhante à que acontece em Portugal, tendo como exemplo disso os recordes de Jéssica Inchude no Peso, que internacionalmente compete pela Guiné-Bissau.
Nos EUA, a situação causou bastante incómodo, e falou-se muito numa alteração legislativa. No entanto, consultando a lista de recordes da USATF (a associação norte-americana) e, embora o recorde indoor e mundial absoluto de Duplantis ainda lá não conste (a lista é atualizada no final de cada ano), é possível confirmarmos que os 6.05 metros que Duplantis saltou em Berlim são recorde norte-americano. Um recorde norte-americano alcançado em Europeus!
OLHOS NO FUTURO
Backyard Pole Vaulting with @mondohoss600: Episode 1 pic.twitter.com/uZ6pV7iClA
— PUMA (@PUMA) March 26, 2020
Por agora, Duplantis vai preparando o futuro enquanto vive uma situação única, tal como todos os desportistas e cidadãos em geral. Em Tóquio, para o ano, espera chegar à glória olímpica e ao primeiro título global da sua carreira, depois de nos Mundiais de Doha, em 2019, ter sido medalhado de Prata atrás do norte-americano Sam Kendricks. Para já, Duplantis treina e salta (alto)… no seu quintal.
Foto de Capa: World Athletics
Artigo revisto por Mariana Plácido