E hoje o que é feito de António Pinto, que tão longe passa dos holofotes? Dedicado à agricultura na sua quinta em Amarante, sem nunca esquecer os treinos e ajudando no clube local, não gostando de fazer-se de convidado, mas ajudando sempre que solicitado. Cá entre nós, é uma pena que o nome do António não seja muito mais divulgado pelo nosso país e que os mais jovens (inclusive entre os praticantes da modalidade) não saibam quem foi e o que representou o António Pinto a nível nacional europeu e mundial. A excessiva atenção mediática que o futebol tem no momento não pode fazer com que figuras maiores do desporto caiam no esquecimento.
Viajando no tempo para o dia 3 de Dezembro de 2017 em Fukuoka. Foi aqui (onde o António Pinto até chegou a participar) que o norueguês Sondre Moen correu abaixo das 2 horas e 6 minutos, fazendo o que nunca nenhum europeu e nenhum não-africano havia feito no mundo da Maratona. O próprio Sondre Moen nunca se havia aproximado deste resultado, sendo que o seu anterior recorde era um (bastante promissor) 2:10.07 alcançado já este ano em Hannover. E não se pense que “correu sozinho”. No segundo lugar, por exemplo, ficou Stephen Kiprotich, o campeão olímpico em Londres 2012. No final, ouviu-se, no entanto, um nome que não passou despercebido aos amantes da modalidade: Renato Canova.
Quem nos lê regularmente, com certeza ouviu o mesmo ser referenciado no artigo que escrevemos há apenas duas semanas e aqui está ele de novo. Pois é, o treinador italiano das estrelas quenianas, é desde há um ano e meio o treinador de Moen e depois de um período de treino em “reclusão” nas montanhas do Norte de Itália, o norueguês acompanhou mesmo Canova até ao Quénia e os resultados estão aí à vista! Parece que o nosso artigo escrito há apenas 15 dias faz ainda mais sentido hoje e Canova ajuda a explicar a evolução do norueguês: “eu disse-lhe que ele tinha de se tornar ‘queniano’, com longos períodos de altitude e com um melhor conhecimento do próprio corpo” e assim o foi. Com objectivos claros definidos, com muito trabalho e com disciplina, os resultados alcançados foram acima do esperado. Mas Canova não crê que Moen fique por aqui: “Em 2018, eu gostaria de melhorar a sua velocidade de corrida por mais 2 segundos por km”. Nós aqui estaremos atentos!
Foto de Capa: IAAF