Leva tu a bola! | Os bases na NBA

    Abram alas para o basquetebol disposicional

    O basquetebol já não se rege de forma rígida e convencional. Um poste já não está (somente) plantado em terrenos perto do cesto à procura do afundanço ou do “gancho”, à semelhança de como um base não leva a bola de um lado ao outro à procura de forma incessante do homem livre e da “jogada certa”. As posições não são o que importa mais, mas sim as funções que cada jogador individualmente consegue efetuar. A partir daí, cada equipa e treinador, devem procurar a fórmula «perfeita» para tentar ganhar o máximo de jogos possíveis.

    Horas após a vitória dos Brooklyn Nets diante os Warriors, Kyrie Irving afirmou em entrevista à ESPN, que os Nets estabilizaram as suas dinâmicas e posições dentro de campo. O mais interessante disto foi perceber que um dos melhores bases da liga, não é o base da sua respetiva equipa. E estas palavras não são minhas, são da autoria do próprio Irving, quando afirma que o seu papel na equipa seria como shooting guard, ao passo que James Harden (shooting guard de raíz) seria o base da turma dos Nets. E isto não é muito diferente do que Stephen Curry (para muitos o melhor base da liga) faz em Golden State. Aliás, isto apenas ressalva a possível «nova ordem do dia» num futuro próxima da liga norte americana. Vejamos os seguintes exemplos:

    Nos Warriors, é Green a fazer este papel de transportador de jogo, funcionando como a «extensão do treinador» dentro campo, comandando a equipa nos diversos momentos da partida. Ora, um dado estatístico relevante que ratifica a diferença que ele tem feito no lado ofensivo do campo, neste papel, passa pelas assistências. Green tem em média, esta temporada, 8 assistências por jogo, ao passo que na última partida que disputou diante os Cavaliers fez umas incríveis 16 assistências, marcando o máximo de carreira neste capítulo do jogo. Para um extremo-poste, nada mau… Mas vejamos, Green não é caso único.

    Mas atenção, o caso de Harden também é flagrante. Não parece à vista desarmada, porque Harden funcionou a carreira praticamente toda como o principal orquestrador ofensivo dos Rockets, contudo, ele na sua essência é um shooting guard e na prática não é isso que acontece. Ele tem em média 11 assistências por jogo, sendo o atual líder da liga neste capítulo do jogo, extrapolando Kyrie Irving para a missão quase exclusiva de atacar o cesto, libertando o próprio de outras responsabilidades.

    Mas não ficamos por aqui.

    Jokic e LeBron James são dois casos igualmente muito interessantes para entender esta tendência. O poste sérvio leva cerca de 9 assistências por jogo e desde cedo foi proclamado como “o base de 2.11 metros”. Ele opera em transição, faz o último passe, organiza o ataque dos Nuggets e manipula a bola como poucos. E sim, ele faz tudo isto com 2.11 metros.

    Depois, «King James». Todavia esta temporada estar a partilhar o papel de base com Dennis Schröder, toda a gente lembra-se do máximo de carreira que alcançou em assistências na época transata (10 assistências por jogo), liderando a liga neste capítulo. Em adição, permita-me sublinhar: LeBron James está muito longe de ser um base de raíz, sendo que a sua dimensão física também está igualmente distante do esterótipo da posição (2.06 metros).

    Para concluir, a declaração de Irving veio confirmar uma tendência evolutiva na NBA. O basquetebol atual é disposicional e vai ter mais sucesso quem conseguir tirar melhor partido desta particularidade.

     

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    Diogo Silva
    Diogo Silvahttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo lembra-se de seguir futebol religiosamente desde que nasceu, e de se apaixonar pelo basquetebol assim que começou a praticar a modalidade (prática que durou uma década). O diálogo desportivo, nas longas viagens de carro com o pai, fez o Diogo sonhar com um jornalismo apaixonado e virtuoso.