Minnesota Timberwolves | Tanking ou apenas incapacidade?

    Para funções de dicionário, tanking no desporto significa uma equipa perder de forma aparentemente propositada. Pode parecer incomum, mas não o é, principalmente na NBA. A maneira mais fácil de explicar o porquê do tanking ter sucesso pode ser o “Trust the Process” criado por Sam Hinkie, diretor-geral dos Philadelphia 76ers entre 2013 e 2016. Este “processo” no qual Sam pedia para que se confia-se era este tanking, o perder jogos propositadamente ao longo da época para, no final, ter uma boa posição no Draft e conseguir recrutar para a equipa os melhores jogadores elegíveis nesse ano.

    Este ano, depois do sucesso no Draft após a escolha de Anthony Edwards, existem setas apontadas aos Timberwolves, acusando-os de tanking. No entanto, várias são as razões que podem demonstrar que pode ser apenas falta de capacidade de gerir jogadores, situações e de vencer partidas.

    Nos jogos disputados até à data, a turma de Ryan Saunders disputou 25 jogos, vencendo apenas seis deles. Os Detroit Pistons, os San Antonio Spurs, os New Orleans Pelicans e os Cleveland Cavaliers foram os únicos, até agora, que não foram vitoriosos no Target Center. Na estrada, os Timberwolves apenas venceram aos Oklahoma City Thunder e aos Utah Jazz.

    Vendo os resultados destas vitórias, a máxima vantagem que os Timberwolves arrecadaram no soar final da buzina foi de dez pontos em duas ocasiões. No caso das derrotas, a mais pesada foi de 36 pontos no terceiro jogo da época, frente… aos Los Angeles Lakers. As restantes, poucas foram as desvantagens de 20 pontos, demonstrando que, se é perder de próposito, até estão a encobrir bem.

    Mas os resultados não são a única razão. Está a ser um ano atípico, e que o diga Karl-Anthony Towns. A “estrela” da alcateia tem sido dos mais infortunados pela COVID-19, tendo visto partir alguns entes queridos, inclusive a própria mãe para o vírus. KAT só voltou à quadra no encontro frente aos Los Angeles Clippers, depois de ter falhado 13 jogos por ter sido envolvido num acidente de automóvel.

    Para além de Karl-Anthony Towns, são múltiplas as ausências, jogo após jogo. Ausências relacionadas com os protocolos de saúde e segurança, desgaste, entorses, jogadores a atuar na G-League e também questões com contratos e trocas de jogadores. Só dois jogadores estiveram disponível nos 25 jogos e entraram na quadra: o rookie Anthony Edwards e Malik Beasley. Nos restantes, para além de Ricky Rubio, Naz Reid e D’Angelo Russell, todos alinharam em menos de 20 jogos.

    Todos estes fatores obrigaram o técnico Ryan Saunders a mudar de estratégia de forma constante e absurda, incluindo o plano traçado no início da época. Todas as condicionantes que têm sido impostas e que, obviamente, não são previsíveis obrigam a fazer do “jogo a jogo” algo literal.

    O roster dos Timberwolves não é “famoso”, não é claramente dos melhores da Conferência Oeste e muito menos da liga. A capacidade de rotação para preencher lacunas deixadas por jogadores indisponíveis é quase inexistente porque as competências de uns não retiram a falta das potencialidades de quem está ausente. Existe uma grande disparidade entre jogadores dentro do próprio elenco, o que culmina nesta sequência de resultados, a partir do momento em que nem sequer existe um grande entrosamento entre jogadores na franquia.

    A única coisa realmente boa que se encontra no meio do desespero dos Timberwolves por vitórias são jogadores que, colmatando as ausências de outros, mostram o seu verdadeiro potencial. Jaden McDaniels, a 28ª escolha do Draft deste ano, tem sido dos jogadores fulcrais no estilo de jogo da franquia. O forward faz render Juancho Hernangomez, que tem estado bastante ausente ao longo da época devido a uma série de lesões.

    Em suma, é difícil acreditar que seja tanking dadas as condicionantes apresentadas. Se pode ser, apesar de tudo, incompetência por parte de cargos superiores por não saberem gerir o elenco que têm em mãos, fora o cenário caótico que se vive dada a existência de uma pandemia? É uma grande hipótese, mas Ryan Saunders monta o puzzle conforme as peças que tem à sua disposição. Por isso, é preciso uma grande volta nas prioridades dos Minnesota Timberwolves se ainda querem chegar a algum lado esta época.

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    Andreia Araújo
    Andreia Araújohttp://www.bolanarede.pt
    A Andreia é licenciada Ciências da Comunicação, no ramo de Jornalismo. Depois de ter praticado basquetebol durante anos, encontrou no desporto e no jornalismo as suas maiores paixões. Um dos maiores desejos é ser uma das vozes das mulheres no mundo do desporto e ambição para isso mesmo não lhe falta.