A NBA é comandada por algumas das melhores mentes mundiais. Alguns dos melhores negociadores do globo exploram cada vez mais o mercado do basquetebol norte-americano com sucesso, embora haja sempre quem insista em fazer mais do que aquilo que as suas competências permitem. É o caso de Vivek Ranadivé. O dono dos Kings salvou a equipa de Sacramento de uma mudança para Seattle e garantiu um novo pavilhão para a sua equipa, mas sempre que decide “meter o nariz” na gestão do plantel, dá asneira. A troca de DeMarcus Cousins é só uma gota num oceano de decisões estranhas, num franchise sem aparente direção.
Desde o início que Cousins teve alguns problemas com os Kings e vice-versa, é um facto. Não pela sua qualidade basquetebolística, mas pelos seus problemas de comportamento. Portanto, depois de vários anos sem ganhar nada e vários conflitos, era normal que os Kings procurassem uma troca que lhes permitisse seguir em frente e que permitisse também ao poste fazer o mesmo. Já não é tão normal trocar-se uma peça com a qualidade de Cousins, um jogador à volta do qual se constroem equipas, por um cheeseburger e uma dose de batatas, sem direito a bebida. E tudo porque o dono da equipa acredita que um rapaz das Bahamas é a reencarnação de Stephen Curry.
Aliás, Ranadivé é um homem obcecado com os Warriors. Portanto, passa a ser menos estranho que o dono dos Kings e ex-dono minoritário da equipa de Oakland tenha rejeitado toda e qualquer abordagem por Cousins ao longo dos anos e que depois tenha trocado o seu melhor jogador por quase nada, duas semanas após DeMarcus Cousins ter sido filmado a dizer “f*** Golden State”. Mas até aí podia ter feito um melhor trabalho. A equipa de Sacramento trocou DeMarcus e Casspi por Buddy Hield, Tyreke Evans (que termina contrato no fim da época) e Galloway (que tem o poder de decisão sobre a renovação do contrato), mais uma escolha protegida de primeira ronda no draft e uma escolha de segunda ronda. Ainda tiveram de mandar embora Matt Barnes, por falta de espaço no plantel. E tudo isto para depois ouvirmos o General Manager Vlade Divac dizer que os Kings tinham recebido (e rejeitado) uma proposta melhor dois dias antes…
Tudo isto porque o dono da equipa vê em Buddy Hield um potencial Stephen Curry. O mesmo dono que enviou Tyreke Evans embora por troca com Greivis Vasquez, um jogador que não durou vinte jogos em Sacramento, cidade que vê agora regressar Evans. O mesmo dono que insistiu uma e outra vez em escolher Nik Stauskas, um homem que, adivinharam, já não reside na California e que achou que era uma boa decisão contratar Darren Collison em vez de manter Isaiah Thomas. Vivek Ranadivé é o homem que decidiu dar um lugar no plantel e minutos de jogo ao primeiro indiano na NBA, Sim Bhullar, que provou o porquê de ter sido também o único indiano a fazer parte de uma equipa da NBA.
É ainda o mesmo dono que despediu Mike Malone, um dos melhores treinadores que os Kings tiveram nos últimos anos, por supostos problemas com o então GM Pete D’Alessandro. E antes que decidam pesquisar, Malone é agora treinador dos Nuggets em busca de um lugar nos playoffs, tendo sido contratado por… Pete D’Alessandro. Ranadivé é ainda o mesmo dono que trocou Stauskas (sim, o mesmo pelo qual Vivek era maluco uns anos antes), Carl Landry e Jason Thompson para garantir espaço para Bellineli, Rondo e Koufos, sendo que apenas o último se mantém na equipa. E não vamos falar sequer daquela vez em que Ranadivé sugeriu que os Kings começassem a defender em 4 vs. 5, com um jogador na frente preparado para marcar cestos sozinho…
No meio de tudo isto, o pobre Vlade Divac veio a público dizer que se demite se esta troca não der frutos em dois anos. Por isso, não se surpreendam se em 2019 Divac for um homem desempregado, porque é muito provável que o seja. Vivek Ranadivé pode ter salvo os Sacramento Kings de se tornarem nos Seattle Supersonics, mas a que custo?
Foto de capa: Sacramento Kings
Artigo revisto por: Francisca Carvalho