Sobre o Oeste e a Aurora

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    Gosto do sol. Dos seus movimentos. Do seu amarelo. Do seu alaranjado. De quando se levanta e de quando se põe. Da forma como nos toca. E até da sua ausência. Só os notívagos não apreciam uma boa dose de luz da grande estrela fulva. Os finais são bons. Mas o princípio… bom, o princípio é isso: onde tudo começa.

    Recentemente vi um filme romeno com esse nome. Chamava-se Aurora. Não entendi nenhuma relação do título com a história nem compreendi, tampouco, a narrativa em si. Mas percebi que talvez o problema fosse meu. Quando saí da sala de exibição entendi que não era só meu, mas de muitos mais. Fiquei chateado. Aquele deveria ser o meu enigma. Não dos outros. É com este egoísmo que tenho de me confrontar: o saber tem de ser só meu. Mas as dúvidas também, caramba! Transformemos a ignorância ociosa numa utilidade (prática, de preferência). O raiar de uma coisa. É o seu início. E, falando em início, o basquetebol português está aí para quem o quiser ver. Ou para quem quiser participar.

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    Fonte: caramelorepetido.blogspot.com

    É que os árbitros ameaçaram levar a cabo uma interrupção nesta primeira Liga, depois de um alegado atraso nos prémios de jogo. Atente-se na expressão “prémios de jogo”, porque os ditos juízes não são profissionais. É uma benesse de final de semana, no fundo. Já a Associação Académica de Coimbra – este é mesmo um clube, não um sentenciador das leis de jogo – também roçou uma Auto votação ao ostracismo e não chegou mesmo a participar no encontro com o Lusitânia, numa contenda a que estava destinada. Este é o momento de a briosa apostar nos seus petizes, para que se tornem graúdos precoces.

    Contactados pelo Bola na Rede, Carlos Lisboa, treinador do Sport Lisboa e Benfica, bem como o gabinete para a comunicação das modalidades do clube, não quiseram prestar declarações sobre o assunto. Benfica, campeão em título, esmagou autenticamente o Galitos, da margem sul do Tejo, num encontro em que os atletas da turma da Luz não precisaram de usar o diminutivo do nome do clube rival para o esfrangalharem. Foi um real atropelo. Igualmente não houve surpresas nas vitórias do homónimo Vitória minhoto e da Ovarense. O Sampaense – finalista vencido do Troféu António Pratas – perdeu com o Barcelos, mas não se pode dizer que seja efectivamente surpresa.

    Sérgio Leone realizou a primeira das suas trilogias do Once Upon a Time (“Era uma vez”) com o filme Aconteceu no Oeste. Uma coboiada das antigas, com uma sonoridade fora do comum e uma ação peculiar. Certamente que o nome de Erich Maria Remarque não será familiar à primeira vista, mas se nos lembrarmos de A oeste nada de novo rapidamente saberemos de que se trata. E é disso que esta Liga Portuguesa de Basquetebol se trata: de uma série de factos positivos e negativos repetidos em cadeia, no país mais ocidental da Europa, à beira-mar plantado. O sol nasce para Leste, mas é aqui que ele se põe. O gigante áureo é inexorável quando quer. Ele dita a sua lei, qual xerife implacável, num poderoso xeque-mate.

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