À espera que Lappartient se decida

    Dave Brailsford, o Diretor da INEOS, fez-lhe certa vez uma acusação que encaixa perfeitamente em Lappartient, dizendo que este ”ainda tem a mentalidade de um Mayor local francês” (Lappartient é também o Maire de Sarzeau desde 2008). A verdade é que parece mesmo que Lappartient está mais interessado em sorrir para fotos e ter alguma popularidade barata a ter um impacto real e positivo no desporto do qual é o órgão máximo.

    A azelhice atinge agora limites nunca antes vistos e, a poucos meses do final da época, ninguém sabe o que vai acontecer em 2020. Equipas e patrocinadores deparam-se com uma total incerteza quanto a vários aspetos regulamentares e têm de construir uma equipa mesmo sem ter acesso a todas as informações que precisam.

    Veja-se, então: primeiro, era suposto que, a partir do próximo ano, as duas melhores equipas Profissionais Continentais terem acesso às provas World Tour que quisessem, depois já era para aumentar o número de equipas no World Tour de 18 para 20 e, agora, ninguém sabe afinal qual vai ser a decisão tomada pela UCI.

    De realçar que qualquer destas medidas vai tirar autonomia às organizações e, diminuindo os wildcards disponíveis, pode acabar por também matar várias equipas em países como Itália, Espanha ou EUA, em que a impossibilidade acesso às principais provas nacionais deixa os patrocinadores sem interesse em investir.

    Mas, há também outras questões como a suposta obrigatoriedade das equipas Profissionais Continentais terem no mínimo 20 ciclistas, outra regra que foi anunciada, mas que ainda não está confirmada. A Hagens Berman Axeon, uma das mais bem cotadas equipas de desenvolvimento, já anunciou que vai descer de Continental Profissional para Continental em 2020, porque não pode suportar o incremento de custos que teria a confirmarem-se as novas regras. Equipas como a W52/FC Porto, a Bardiani ou a Novo Nordisk são outras que poderão ser outras afetadas.

    A UCI é uma instituição bafienta e pouco democrática, como prova o facto de Lappartient ser apenas o seu 11.º presidente em 119 anos, e com um historial de decisões que acabaram por prejudicar o desporto, mas há mínimos que são precisos cumprir, coisa que este Presidente se está a demonstrar incapaz de fazer.

    Já não estamos nos 1900’s em que uns senhores belgas e franceses mandavam na modalidade, mas parece que alguém se esqueceu de avisar Lappartient (e também a ASO). Pelo bem do Ciclismo, é urgente que os destinos da UCI voltem a ser entregues a alguém responsável, que saiba o que está a fazer e perceba como fazer o ciclismo avançar no tempo.

    Foto de Capa: Le Tour de France

    Revisto por: Jorge Neves

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