João Almeida tem-se mostrado a grande nível, na sua estreia no Tour, em 2024. Antes do ciclista da UAE Emirates, existiram várias participações portuguesas de destaque na mais mediática prova do World Tour.
De realçar que a antiga equipa do Sporting Clube de Portugal conseguiu por duas vezes estar em prova, em 1975 e 1984, nesta última com uma vitória em etapa por Paulo Ferreira.
Apesar de ainda nenhum ciclista nacional ter vencido o Tour, Portugal tem já um percurso com que se orgulhar na Volta a França.
Como fonte de inspiração para João Almeida, para 2024 e edições posteriores, o Bola na Rede dá destaque a seis das participações de ciclistas nacionais mais marcantes no Tour.
1956, Alves Barbosa
Trata-se do primeiro ciclista português a alcançar o top 10 da geral final do Tour. Depois de já ter no pecúlio a amarela final da Volta a Portugal em 1951, o ciclista de Sangalhos estreou-se no Tour logo com um sexto lugar na primeira etapa que terminou em Liege.
Ao todo Alves Barbosa esteve em cinco top 10 em etapas, com destaque para a etapa mítica com chegada a Gap, onde alcançou o terceiro lugar. A correr pela equipa Luxemburgo/Internacional, o décimo lugar final marca o primeiro marco histórico português na prova.
1969, Joaquim Agostinho
Provavelmente o ciclista nacional com maior destaque internacional até ao momento. Na estreia no Tour, Joaquim Agostinho, a competir pela formação francesa Frimatic-de Gribaldy, venceu duas etapas, nas chegadas a Mullhouse, na quinta etapa, e a Revel, na 14ª.
Agostinho foi subindo na classificação final ao longo dos dias, fixando-se no top 10 da geral, a cinco etapas do final. O ciclista falecido acabou por ficar em oitavo lugar da geral e ainda fez mais cinco top10 em etapas.
1978, Joaquim Agostinho
Mais maduro e várias participações em Tour e noutras grandes voltas, o ciclista que iniciou a carreira no Sporting Clube de Portugal conseguiu alcançar mais um patamar.
Na altura, Agostinho representava os belgas da Velda-Lano-Flandia e voltou a mostrar-se numa segunda parte de grande qualidade. Desde o quinto lugar na 11ª etapa, o atleta falecido no decorrer da sua carreira fixou-se no top 10.
Joaquim Agostinho não conseguiu nenhuma vitória em etapas, mas nove presenças nos dez primeiros em etapas, levaram o português ao pódio na terceira posição, a menos de sete minutos do também mítico de Bernard Hinault.
No ano seguinte, Agostinho voltou a repetir o terceiro lugar na geral . No total, o ciclista ficou nos dez primeiros da geral da Volta a França, em oito das 12 edições em que participou.
1989, Acácio da Silva
O atleta da Carrera Jeans – Vagabond não era pelas suas características um candidato à geral. Sprinter por vocação, Acácio da Silva foi o mais forte, logo na primeira etapa, no Luxemburgo, e vestiu a camisola amarela. Até ao momento, trata-se do primeiro e único português a poder dizer que foi camisola amarela do Tour.
Ainda foram quarto dias grandiosos para Acácio da Silva e com um dia de descanso ainda para desfrutar na liderança. No entanto, o contrarrelógio da quinta etapa e a montanha trouxeram a realidade das circunstâncias e Acácio da Silva terminaria em 84.º lugar. O ciclista que terminou a carreira na formação da Maia ainda fez um sétimo lugar, na penúltima tirada.
2004, José Azevedo
Depois de vários anos arredados de participações nacionais de resultados relevantes, José Azevedo veio voltar a trazer um pouco de Portugal, em primeiro plano, no Tour.
Na US Postal, onde seria um dos escudeiros principais de Lance Armstrong, José Azevedo contribuiu para a vitória no contrarrelógio por equipas, na quarta etapa, e alcançou assim o quarto lugar da geral.
José Azevedo acabou por cair algumas posições por a sua principal missão ser levar Armstrong à vitória, algo que vai acontecer, mas que posteriormente seria retirada por doping.
Já o português que iniciou a carreira na antiga formação Recer-Boavista garantiu o quinto lugar na geral final e mais quatro top 10 em etapas individuais.
Azevedo tem ainda um sexto lugar, na geral final individual, em 2002.
2013, Rui Costa
Em termos de geral final, Rui Costa não fez resultados tão impactantes como os casos descritos anteriormente. No entanto, o ciclista que representava, na altura, a Movistar Team, era a principal esperança lusa de trazer bons resultados nas principais grandes provas internacionais.
No Tour de 2013, Rui Costa venceu duas tiradas, na chegada à Gap na 16ª etapa, sendo o mais combativo nesse dia para a organização, e a chegada ao Le Grand-Bornard. O ciclista que se estreou no World Tour que passou posteriormente pela Lampre-Merida foi o único português, além de Joaquim Agostinho, a ganhar duas etapas na mesma edição da Volta a França. O rei das fugas conseguiu dar destaque ao país no Tour, apesar de ter terminado em 27.º lugar. Na edição anterior, Costa teve a sua melhor classificação na geral, em 18.º.