Depois de Pogacar, é a vez dos restantes: O que esperar da 3ª semana do Giro d’Italia?

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Segundo dia de descanso no Giro d’Italia, dois terços da corrida concluídos e Tadej Pogacar parece estar a caminho de confirmar o favoritismo que já lhe era atribuído desde dezembro, quando anunciou a sua presença na “Corsa Rosa”. Pogacar leva 6 minutos e 41 segundos de vantagem para Geraint Thomas, que ocupa o segundo lugar. O esloveno duplicou a vantagem na etapa-rainha que se disputou este domingo.

Para além da geral, o homem da UAE Team Emirates leva também uma vantagem confortável na classificação da montanha, com mais de 100 pontos de vantagem para Simon Geschke. Ainda não é certo, mas parece complicado que esta camisola azul escape a Pogacar.  A dos pontos não ganha de certeza, uma vez que as exibições de luxo por parte de Jonathan Milan colocam o italiano na dianteira, depois de conquistar três etapas, num pelotão de velocistas tão luxuoso que apenas reforça o nome de Milan como um dos melhores sprinters do Mundo.

 À entrada da última semana da Volta a Itália, o BnR olha para o que reserva a reta final da primeira grande volta do ano

A LUTA PELA CAMISOLA BRANCA

Cian Uijtdebroecks partia como o grande favorito à classificação da juventude na Volta a Itália. Em parte por causa do longo contrarrelógio da etapa 7, no qual o belga perdeu bastante tempo (quase 3 minutos para Tadej Pogacar e mais de minuto e meio para Antonio Tiberi e Thymen Arensman, dois rivais diretos), a vantagem lara Antonio Tiberi no final da primeira semana era de 12 segundos. Ainda assim, Uijtdebroecks era o favorito a ganhar a camisola branca, mas acabou por abandonar o Giro após a décima etapa, devido a uma doença.

Desta forma, foi Antonio Tiberi quem assumiu a liderança da juventude, com Filipo Zana a 56 segundos e Thymen Arensman a quase minuto e meio. A pouco mais de dois minutos e meio, seguia Alex Baudin, o último candidato plausível à classificação da juventude.  Na segunda semana, a estrada só começou a fazer grandes diferenças na etapa 14, com um contrarrelógio de 31 km a ligar Castiglione delle Stivere a Desenzano del Garda. Tiberi defendeu-se bem, com um sexto lugar, perdendo apenas 12 segundos para Arensman. Por sua vez, Zana e Baudin perdiam mais de um minuto, ficando a ideia de que a luta pela camisola branca do Giro seria a dois.

A etapa rainha, a ligar Manerba del Garda ao Monttolino, foi decisiva com Arensman a ganhar 54 segundos a Tiberi, pelo que o neerlandês da INEOS Grenadiers entra na 3ª semana a 3 segundos do rival da Bahrain. Já Zana mantém-se na contenda (ainda que com hipóteses ínfimas de vencer a classificação) ao defender-se no dia montanhoso e está a 1 minuto e 45 segundos do compatriota. Alex Baudin disse adeus às ambições na geral, ao perder mais de 10 minutos para os rivais diretos.

Como tal, Arensman parece estar em crescendo o que lhe confere o estatuto de favorito à vitória na classificação da juventude. Ainda assim, nem o neerlandês, nem Tiberi têm sido os ciclistas mais regulares, pelo que o italiano tem inteiramente uma palavra a dizer, nomeadamente por gozar de mais liberdade do que Arensman. E o que é que pode condicionar Arensman?

A LUTA PELO PÓDIO

Quem acha que o Giro estaria melhor sem Pogacar, basta olhar para quem o segue para perceber o quão errada está essa presunção. Pogacar ataca enquanto Geraint Thomas e Daniel Martínez estão a marcar-se desde a 2ª etapa, no Santuario di Oropa. O próprio britânico assumiu que nem tentou responder ao esloveno quando este se lançou ao ataque na etapa deste domingo. A própria BORA – hansgrohe de Martínez já assumiu no início da segunda semana que o mais certo é Pogacar ganhar o Giro, caso não sofra qualquer percalço.

Contudo, a inexistência de ataques por parte dos adversários de “Pog”, leva a que a luta pelo pódio esteja muito em aberto. Geraint Thomas ocupa o 2º lugar, com Daniel Martínez a 15 segundos e Ben O’Connor a 1 minuto e 2 segundos do britânico. A quase 3 minutos, seguem Antonio Tiberi e Thymen Arensman, mas parece complicado que venham a superar dois dos três ciclistas à sua frente nesta luta.

O’Connor perdeu tempo na etapa deste domingo, pelo que Thomas e Martínez estão em boas condições de lutar entre si pelo segundo lugar. Seria um pódio inédito em grandes voltas para o colombiano.

E AGORA, TADEJ?

Tadej Pogacar está a confirmar o favoritismo. É camisola rosa desde a etapa 2, leva quase 7 minutos de vantagem, já ganhou 4 etapas e lidera de forma confortável a classificação geral. Em condições normais, ganha o Giro e deve fazê-lo com um domínio que há muitos anos não se via, em corridas de três semanas. Vincenzo Nibali no Tour de France 2014 e Christopher Froome na edição de 2013 da “Grand Boucle” também dominaram a respetiva corrida e talvez sejam os triunfos mais recentes em grandes voltas que melhor se assemelham à vitória iminente do esloveno.

Agora, a questão coloca-se: o que irá Tadej Pogacar fazer nas etapas finais? O esloveno quer fazer a dobradinha Giro-Tour e pela facilidade com que está a limpar a “Corsa Rosa” tem uma oportunidade de chegar em grande forma ao Tour de France. Contudo, o líder da UAE Team Emirates tem de enfrentar a sua maior fraqueza: a gestão do esforço. Foi assim que a Visma o conseguiu derrotar em 2022 e em 2023, pelo que agora chega a primeira fase da prova dos 9 para Pogacar. Está na hora de mostrar que cresceu enquanto ciclista, enquanto voltista e gerir o seu esforço a pensar no Tour. Será que Pogacar vai colocar o seu instinto canibalesco de lado para perseguir a tão desejada dobradinha.

NAIRO QUINTANA DE VOLTA?

Um dos destaques da segunda semana chegou na etapa rainha e foi a exibição de luxo de Nairo Quintana, que foi o melhor ciclista da fuga, deixando para trás nomes como Michael Storer e Attila Valter, de forma assertiva. Passou por Georg Steinhauser e apenas foi alcançado por Tadej Pogacar. Na subida final, Quintana aguentou durante muito tempo a vantagem para o grupo dos favoritos, o que é impressionante após mais de 200 quilómetros de esforço.

Com isto, o colombiano da Movistar é um dos nomes a seguir na terceira semana da Volta a Itália, com a fuga a ter quatro hipóteses de vingar ao longo da semana.

Filipe Pereira
Filipe Pereira
Licenciado em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Filipe é apaixonado por política e desporto. Completamente cativado por ciclismo e wrestling, não perde a hipótese de acompanhar outras modalidades e de conhecer as histórias menos convencionais. Escreve com acordo ortográfico.

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