Landa: Rebelde de vez em quando

    Em seguida, veio o Tour e uma polémica a sério. Landa apareceu em grande forma e na chegada a Peyragudes foi lutar pela vitória na etapa enquanto Froome passava dificuldades o que lhe valeu uma discussão em público com o seu Diretor Desportivo. No dia seguinte, esteve na fuga e ganhou tempo, mas a certa altura foi a própria a Sky a comandar a perseguição, provando que algo estava mal. Ainda assim, Landa e Froome conseguiram colaborar melhor daí para a frente e o espanhol acabaria em quarto a apenas um segundo do podium, mostrando que se a equipa tivesse gerido a situação de outra fora poderia ter acabado com dois homens na celebração final em Paris.

    No restante da temporada, Landa ainda arranjou forças para voltar a mostrar que, quando quer, é um excelente ciclista de equipa e foi crucial na vitória de Michal Kwiatkowski na Clasica San Sebastian e para vencer duas etapas e a Geral da Vuelta a Burgos. Só que o verniz havia mesmo estalado e o ciclista vai mudar de ares no próximo ano, representando a Movistar.

    Como a sua fama, nem sempre merecida, de rebelde já é bem conhecida, a receção não foi a melhor e Nairo Quintana, o líder da sua nova equipa, sentiu necessidade de dizer publicamente que é ele o líder para o Tour. Entretanto, a equipa começou a preparar a época e a reunião pareceu correr bem e, pelo menos publicamente, as questões parecem sanadas e o grupo preparado para a época que aí vem.

    Ainda novo, Mikel Landa tem muitos anos de ciclismo pela frente e um novo chefe que quer fazer dele “o porta-estandarte do ciclismo espanhol”, mas também uma fama de rebelde que o persegue e que vê as redes sociais encherem-se de críticos e apoiantes que recorrem à #FreeLanda para, ora ironicamente ora convictamente, opinar sobre as ações deste. A verdade, parece-nos, fica a meio do caminho.

    A concentração da nova equipa de Landa brincou com a fama do basco Fonte: Carlos Barbero
    A concentração da nova equipa de Landa brincou com a fama do basco
    Fonte: Carlos Barbero

    Landa já mostrou vez após vez que é um verdadeiro gregário de luxo e que sabe sacrificar-se pelos companheiros, mas nota-se também que sente que tem capacidade para mais e que vê os anos passarem e aquela grande vitória a continuar a não aparecer e, por isso, quer também oportunidades para liderar e obter os seus resultados. Pode-se dizer que o basco é um rebelde de vez quando, porque nunca parece totalmente comprometido com a sua rebeldia e as experiências anteriores mostram que quando o é, não deixa depois de, ainda assim, ser fiel à equipa e ajudar o líder designado. Aliás, as suas ações deixam adivinhar que se trata mais de alguém que quer afirmar a sua posição do que de um mau profissional. Veremos o que a passagem pela Movistar lhe reserva, mas parece que se bem gerido e tendo direito às suas oportunidades para provar o seu inegável valor, Mikel Landa pode ser ativo valioso e afirmar-se como um dos grandes da sua geração.

    Foto de Capa:  Team Sky

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