DAS DIFICULDADES EM CONSEGUIR COMPETIR, ATÉ À CHEGADA AO “OLIMPO”!
Diploma para a Tata!
Maria Martins termina em 7.º lugar no omnium, na sua estreia olímpica. Que prova da atleta portuguesa. Parabéns @tatamartins99 👏🏻🇵🇹 pic.twitter.com/YypQPUzC0r
— Cabine Desportiva (@CabineSport) August 8, 2021
Nascida na freguesia de Moçarria, em Santarém, Maria Martins mostrou desde cedo a sua apetência para o desporto. Criada no seio de uma família pouco abastada, brincava com bolas de trapos, carros e bicicletas de madeira, brinquedo que viraria obsessão anos mais tarde.
Voltando à sua infância na pequena aldeia sempre foi uma menina de família ajudando os pais tanto na agricultura, setor do qual faziam vida, como nas tarefas caseiras.
Seria pelos nove anos e enquanto passeava como pai, numa ida à cidade que se fascinou ainda mais pelas bicicletas, regressando a casa com o desejo de aprofundar essa paixão.
Pouco tempo depois e após muita insistência finalmente conseguiu convencer os pais a inscrevê-la numa escola de ciclismo, sendo a sua adaptação formidável e com resultados imediatos!
Campeã Nacional 🇵🇹 Um prazer levar esta camisola além fronteiras. #ColourTheRoad 📸: @JoaoFonsecaJAF pic.twitter.com/YWF8NgDsXl
— Maria Martins ⚡️ (@tatamartins99) June 20, 2021
Maria Martins, aos dias de hoje “Tata”, assim conhecida no pelotão internacional, não passou em claro tendo começado a participar em competições Federadas, ainda que em escalões inferiores, aos 13 anos de idade.
Possuindo já então caraterísticas que pareciam ser como o puro algodão, não enganarem! A jovem começava a especializar-se com maior relevo na pista, vertente ainda em expansão por terras de Cabral.
No entanto e dadas as poucas posses, não era muito fácil conseguir condições para competir, com esta a declarar que só com um grande esforço, quer dos seus familiares mas também do seu corpo técnico, foi possível continuar.
Admitindo que por vários anos, principalmente enquanto jovem teve de pagar do seu próprio bolso para poder fazer o que tanto gozo lhe dava, uma realidade infelizmente ainda muito vista no nosso país quando em presença de desportistas de modalidades ditas amadoras.
Ultrapassada essa fase de enorme sacrifício e em que só o grande amor pelo desporto conseguiu prevalecer face às adversidades esta passava a ser uma das principais, senão a principal, figura do ciclismo feminino em solo pátrio.
Sendo que a aposta internacional era cenário a equacionar, visto que tanta qualidade por ela patenteada teria de ser testada fora de portas, pois em Portugal percebia-se que tinha pouca concorrência fazendo resultados de monta tanto na pista, onde a conhecemos melhor, como na vertente de estrada.
Esse mesmo percurso que parecia estar escrito nas estrelas começava a desenhar-se com maior projeção corria o ano de 2016, aquando da sua estreia enquanto Sub23 num campeonato da Europa de Pista, onde Maria Martins afirmou o seu nome entre a elite da disciplina ao bater ciclistas de craveira internacional naquele escalão, alcançando a prata.
Feito que repetiria um ano mais tarde, mas desta feita em solo lusitano, em Anadia.
Os anos passavam, mas a qualidade essa só ia aumentando com as boas prestações mundialmente a irem de vento em pompa para Maria Martins!
A atleta seria ainda por mais duas vezes vice-campeã da Europa na Pista, na vertente de Scratch e de Omnium.
No entanto as raízes não seriam esquecidas , dado que em 2018 numa fugaz aparição na vertente de estrada, Maria Martins sagrou-se vice-campeã nacional, tanto na especialidade de contrarrelógio quanto na corrida em linha.
A ciclista de 1.65m é, e quanto às suas características, uma sprinter, all-rounder.
A corredora manteria a condição de excelência após uma sempre imprevisível ascensão ao patamar de elites, com a pista a passar, quase que em exclusivo, a ser o seu lar!
De resto é nessa disciplina que em 2020 nuns mundiais decorridos em Berlim, e após ser bronze no Scratch e repetir a façanha no Omnium, que Maria Martins carimbaria apuramento e como tal presença em Tóquio.
Isto, após ter ficado no degrau intermédio do pódio, um ano antes, em Apeldoorn, Países Baixos.
Quanto a taças do mundo, uma espécie de meetings quando comparado com o atletismo, “Tata” regista duas pratas em 2019 em Hong Kong, bem como um quarto posto uma semana após na Nova Zelândia.
Quanto a equipas integrou entre 2018/19 a formação da Sopela Women’s Team, rumando de seguida para a Drops, onde ainda se mantém.
Com garra, qualidade e um espírito competitivo invulgar, Maria Martins é um nome a fixar e que poderá conferir várias páginas douradas para o ciclismo e o desporto nacional.
Uma atleta sem dúvida a acompanhar!