Mark Cavendish | Manx Missile renascido ou apenas fogo de vista?

Pés assentes na terra, nos pedais e na imaginação…

Se a competência de Mark Cavendish merece ser valorizada, existem diversos pontos a abordar de maneira a analisarmos a situação sem um excesso de romantismos. A lua-de-mel foi altamente produtiva, emancipando a questão psicológica do ciclista – o trintão é o verdadeiro exemplo do quão importante é a saúde mental e a confiança num atleta -. É difícil também ignorar essa condição física aparentemente estável e pródiga a mais momentos de sucesso, mas o panorama do sprint mudou, revolucionou-se e vários tubarões cresceram… inclusive dentro da própria Deceuninck Quick-Step.

A principal contrariedade que separa Mark Cavendish e o termo de melhor sprinter do mundo depreende-se com a inclusão de Sam Bennett nas fileiras da sua própria equipa. Duas questões: a primeira diz-nos que o irlandês, se não é o melhor velocista da atualidade, anda lá perto. Além de obter excelentes resultados, podendo ser uma aposta mais sólida a longo prazo, tem demonstrado toda a sua qualidade, não fazendo sentido mudar tudo por um estímulo vindo de terras turcas. A segunda questão advém desse jogo de estatutos e reflete sobre a falta de espaço e oportunidades que Mark Cavendish terá para competir nas maiores competições, junto dos maiores nomes da atualidade.

Tudo bem que foram quatro, mas foram quatro na Volta à Turquia. Apenas três equipas do primeiro escalão alinharam à partida, o que se apresenta como um argumento importante para explicar tudo isto. Não se trata de retirar mérito a Mark Cavendish, mas quando se tem a reputação e sobretudo a mentalidade ganhadora do inglês, a questão do sprint resume-se a vencer ou a não vencer.

Esse tal desnível competitivo pode enganar muito boa gente. Mas o peso de quatro vitórias num ciclista tão emotivo e com uma cultura vencedora profundamente enraizada na sua forma de encarar a corrida pode ter consequências positivas. Todas as componentes analisadas acima descrevem um ciclista capaz de se adaptar a qualquer tipo de chegada rápida, e sendo que a questão da velocidade não parece ser o maior entrave, não faltarão apenas grandes confrontos para tirar ilações mais pormenorizadas?

Caleb Ewan, Pascal Ackermann, Dylan Groenewegen, Elia Viviani, Giacomo Nizzolo, Arnaud Demáre, entre outros nomes. Em que patamar se enquadra Mark Cavendish dentro destes corredores? Próximo? Acima? Abaixo? É uma questão complicada de responder. Outra razão para limitar as altas expectativas criadas induz-se na incógnita da capacidade física e regularidade do míssil da ilha da Man em competições tremendamente exigentes em termos de quilometragem e calendário, como uma grande volta. Haverá maior objetivo para Mark Cavendish do que chegar às 34 vitórias (tem 30 de momento) de Eddy Merckx na Volta à França e, quiçá, consagrar-se como o segundo ciclista mais vitorioso da História?

A Volta à Turquia demonstrou muito daquilo que pode ser o “novo” Cav. Mais do que entrar em comparações, referir que a maior vantagem que o britânico pôde tirar desta competição foi mesmo o aumento da própria confiança, sobretudo depois daquilo que foram os últimos anos da sua carreira. Se existem dados factuais, expressões táticas na estrada e uma legião de fãs a apoiar um ciclista confiante com o seu historial, a verdadeira questão só pode ser uma: será Mark Cavendish capaz de terminar a sua carreira ao nível altíssimo com que nos habituou?

Foto de Capa: Deceuninck Quick-Step

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O Ricardo é licenciado em Comunicação Social. Natural de Amarante, percorreu praticamente todos os pelados do distrito do Porto enquanto futebolista de formação, mas o sonho de seguir esse caminho deu lugar ao objetivo de se tornar jornalista. Encara a escrita e o desporto como dois dos maiores prazeres da vida, sendo um adepto incondicional de ciclismo desde 2011.

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