Mundiais de Ciclismo’15: O triunfo do falso “eterno segundo”

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    Terminou ontem a competição que faz com que ciclistas que lutaram contra si nas mais variadas provas ao longo de todo o ano lutem por um objetivo em comum: fazer da sua nação a campeã! São momentos onde, por exemplo, ciclistas como Valverde e Rodriguez, estando todo o ano a disputar um contra o outro as mais variadas provas, unem forças pelo seu país e por todo um povo. É o tempo dos ciclistas deixarem de parte motivos financeiros e terem como motivação o facto de serem o orgulho do país e a esperança de toda uma nação.

    Nestes Mundiais, destaque claro para os Estados Unidos da América, que conseguiram ter o dobro das medalhas comparado com o ano passado (de 4 medalhas para 8 medalhas) e voltar à liderança do “medalheiro” num Mundial de Ciclismo. Alemanha (tal como o ano passado), França e Holanda também merecem o devido destaque, visto que conseguiram 5 e 4 medalhas, respetivamente. Nota para o facto de 6 das 8 medalhas norte-americanas terem sido nas provas direcionadas para os Juniores, o que mostra bem a aposta deste país na modalidade e a cada vez maior importância dada a um desporto como este por parte de uma das maiores potências mundiais em termos globais. Sendo que é claro que o facto de terem o Mundial “em casa” (Richmond, Virginia) foi um dos outros fatores decisivos para tal acontecimento.

    Nos Juniores Femininos, as duas provas (este escalão não tem contrarrelógio por equipas) foram dominadas por duas ciclistas norte-americanas: Chloe Dygert – campeã mundial nas duas provas, um grande feito para esta muito promissora ciclista – e Emma White (não fosse a sua companheira estar um patamar acima de todas – Chloe Dygert conseguiu ter uma vantagem de mais de 1 minuto em ambas as provas –, esta ciclista poderia ter sido ainda mais feliz, ainda assim, também a “jogar” em casa, conseguiu ser vice-campeã mundial em ambas as provas). Nos Juniores Masculinos, o contrarrelógio individual foi ganho pelo alemão Leo Appelt, relegando para os restantes lugares do pódio mais 2 norte-americanos. Na prova de estrada, foi o austríaco Felix Gall a bater ao sprint o francês Clément Bétouigt-Suire. Na prova de Sub-23 Masculinos, a França já foi mais feliz na prova de estrada, tendo Kévin Ledanois batido ao sprint o italiano Simone Consonni. O contrarrelógio individual foi ganho pelo dinamarquês Mads Wurtz Schmidt à frente de dois alemães.

    LEGENDA: A bela Anna van der Breggen conseguiu conquistar medalhas nas 3 provas em que participou, um enorme feito para a ciclista holandesa Fonte: Cycling News
    A bela Anna van der Breggen conseguiu conquistar medalhas nas 3 provas em que participou
    Fonte: Cycling News

    Finalmente, as provas destinadas a todos/as os/as Seniores. Em termos Femininos, no contrarrelógio por equipas, a alemã Velocio-SRAM conseguiu a medalha de ouro, relegando duas equipas holandesas para os restantes lugares do pódio. A Holanda, que esteve muito bem nestas provas femininas, que acabou por não conseguir nenhuma vitória. Anna van der Breggen bem tentou, mas teve algum azar em ambas as provas, apesar das duas medalhas de prata que leva para casa – a juntar à de bronze no CRE. No contrarrelógio individual, a neozelandesa Linda Villumsen surpreendeu as favoritas Anna e Lisa Brennauer e, com apenas uma vantagem de quase 3 segundos, conseguiu levar de vencida esta prova e protagonizar uma das surpresas deste Mundial. Na prova de estrada, a britânica Lizzie Armitstead (que já tinha sido segunda classificada com a sua equipa no CRE) venceu ao sprint uma prova bem disputada e animada, que deixou boas perspetivas para o futuro do ciclismo feminino e onde deu para comprovar realmente a evolução que a vertente feminina tem tido neste desporto (e como é bom ver-se o ciclismo mais embelezado por estas raparigas…acredito que muitas pessoas – principalmente, os homens – concordem com isto, correto?!). A americana Megan Guarnier conseguiu dar a única medalha (bronze) sénior feminina ao seu país, enquanto que Anna van der Breggen voltou a conquistar a medalha de prata.

    Nos Masculinos, o contrarrelógio por equipas foi, novamente, ganho pela norte americana BMC, que voltou a não dar hipótese às equipas presentes na prova. A belga Etixx-Quick Stepp e a espanhola Movistar ficaram com os seguintes respetivos lugares do pódio. O contrarrelógio individual tinha como principais candidatos ciclistas como Tony Martin (a fazer uma prova muito abaixo das expetativas, mesmo tendo em conta que ficou no 7.º lugar), Tom Dumoulin (como se previa, o desgaste da Vuelta foi decisivo, ainda assim, conseguiu um bom 5.º lugar) ou Rohan Dennis (teve alguns problemas durante o CR, um azar que o impediu de fazer melhor do que um 6.º lugar). Mas foi o bielorrusso Vasil Kiryienka a surpreender, de certa forma, a concorrência e a conseguir uma medalha de ouro que pode ser considerada justa tendo em conta toda a carreira deste ciclista, dos ciclistas mais preocupados em ajudar os companheiros de equipa, mas quando tem estas oportunidades de brilhar dificilmente as desperdiça.

    Nos restantes lugares do pódio ficaram o italiano Adriano Malori e o francês Jérôme Coppel (talvez a maior surpresa deste pódio – tendo em conta o percurso, Kiryienka tinha boas hipóteses de fazer um grande resultado, tal como Malori, mas não se previa que ambos fossem primeiro e segundo, ao contrário de Coppel, apontado a um possível top’10, talvez até um pouco mais, mas que dificilmente conseguiria chegar às medalhas, algo que acabou por contrariar e de forma justa).

    LEGENDA: O pódio da última prova destes Mundiais de Ciclismo que levou Peter Sagan a “dono” da tão ambicionada camisola de campeão do mundo Fonte: Sky Sports
    O pódio da última prova destes Mundiais de Ciclismo que levou Peter Sagan a “dono” da tão ambicionada camisola de campeão do mundo
    Fonte: Sky Sports

    Por fim, na última prova destes Mundiais, a prova de estrada, tendo em conta o tipo de percurso, era expetável que fosse terminar num sprint com um pelotão reduzido e com ciclistas que sabem passar bem algumas subidas e que sejam rápidos no final. Daí os 4 primeiros classificados terem todas estas caraterísticas. Peter Sagan, o homem dos segundos lugares, o “eterno segundo”, voltou a mostrar que esse “rótulo” é injusto, principalmente neste ano, tendo em conta algumas vitórias que já teve. O ciclista eslovaco “fugiu” no final e na melhor altura possível, conseguindo 3 segundos de avanço para os seguintes 24 ciclistas.

    O australiano Michael Matthews, outro dos favoritos, e o lituano Ramunas Navardauskas (a maior surpresa neste pódio, visto que, apesar de ter mesmo aquelas tais caraterísticas, conseguir sprintar mais rápido que um homem como Alexander Kristoff, algo de nota, principalmente pelo ano que o norueguês tem tido) completam o lote de medalhados desta prova. Rui Costa, num percurso que não o favorecia, fez um muito bom 9.º lugar e Nelson Oliveira, ciclista que aos 14 km’s até esteve na frente da corrida, conseguiu um honroso 16.º lugar. José Gonçalves não terminou a prova devido a uma queda, quando até estava a ser dos ciclistas mais agitadores da corrida, naquele momento. Ainda assim, não foi um mau dia para os portugueses, principalmente tendo em conta que Portugal só pôde levar 3 ciclistas.

    Foto de Capa: The Guardian

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    Nuno Raimundo
    Nuno Raimundohttp://www.bolanarede.pt
    O Nuno Raimundo é um grande fã de futebol (é adepto do Sporting) e aprecia quase todas as modalidades. No ciclismo, dificilmente perde uma prova do World Tour e o seu ciclista favorito, para além do Rui Costa, é Chris Froome.                                                                                                                                                 O Nuno escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.