Aos 23 anos, Álvaro Hodeg é um dos mais promissores velocistas da sua geração e tem sido, nos últimos dois anos, um dos nomes importantes para o número assombroso de vitórias alcançado pela Deceuninck – Quick Step, com cinco em 2018 e sete em 2019, mas o início da temporada 2020 não está a correr como esperado.
A primeira prova do ano foi na Argentina, a Vuelta a San Juan, e o colombiano dispôs de imensas oportunidades, com cinco das sete etapas a serem discutidas em pelotão compacto. No entanto, a concorrência também era dura e o seu compatriota Fernando Gaviria demonstrou estar a regressar aos seus melhores dias, levando três vitórias. Barbier surpreendeu noutra e Stybar, colega de equipa de Hodeg, atacou nos metros finais para levar outra para casa. Além disso, Sagan e Laporte eram outros ciclistas de alto nível presente.
O mesmo argumento não pode ser utilizado quanto à corrida que se seguiu, o Tour Colombia. Hodeg partia para a prova da sua terra natal como o claro favorito às chegas rápidas, sendo o claro mais cotado entre os sprinters presentes. Contudo, voltou a não ser capaz de somar a primeira vitória do ano e perdeu todos os três sprints para Juan Sebastián Molano, um ciclista de qualidade, mas com bastante menos pedigree que Hodeg.

Fonte: Tim De Waele / Deceuninck – Quick-Step Cycling Team
É claro que podemos estar perante apenas um início menos auspicioso da época e que nas suas próximas saídas para a estrada Hodeg volte a encontrar-se com o primeiro lugar e consiga acabar com as dúvidas que estes dias iniciais de competição têm mostrado. Mas, de qualquer modo, é sempre um mau sinal para a evolução do sprinter, ainda que haja uma outra razão a merecer ser explorada.
Falamos, é claro, da fraca qualidade do apoio que lhe foi prestado pela equipa. Desde logo, tratavam-se de duas competições em que, entre Evenepoel, Alaphilippe e Jungels, houve objetivos para as etapas mais duras e, por isso, nem todo o bloco da Deceuninck estava alocado ao colombiano. Além disso, o nível dos lançadores à disposição de Hodeg não era o maior. Os ciclistas vão saindo (só este ano a equipa perdeu Sabatini, Richeze e Martinelli) e nem sempre as contratações possibilitadas pelo orçamento são as melhores ou estão preparadas para tomar uma posição de relevo no imediato.
Posto isto, é inegável que Patrick Lefevere precisa de encontrar no mercado mais uma ou outra solução para lançar os seus sprinters (ainda que com Morkov e Archbold haja garantias para o principal velocista do conjunto belga, Sam Bennett). Todavia, o desempenho de Hodeg também precisa de melhorar e aquelas três derrotas consecutivas para Molano têm de ser examinadas para evitar que resultados inesperados como estes se repitam.
Foto de Capa: Sigrid Eggers / Deceuninck – Quick-Step Cycling Team
artigo revisto por: Ana Ferreira