Tadej Pogacar controlou e ganhou a Amstel Gold Race | Ciclismo

    UM MINI-PELOTÃO SURPREENDE

    A fuga do dia foi constituída por sete ciclistas e criada nos instantes iniciais da Amstel Gold Race, sem grande resistência por parte do pelotão. O grupo rodou na frente durante bastantes quilómetros, mas sem ter uma vantagem exponencial e a iniciativa seria anulada pelo pelotão a cerca de 90 km do final.

    Nesse instante, um grupo constituído por 16 ciclistas lança-se ao ataque, com várias equipas a conseguirem colocar mais do que um homem no grupo. Foi o caso da INEOS que se fez representar por Magnus Sheffield e pelo candidato à vitória, Thomas Pidcock. Também a Groupama-FDJ, a Jayco AIUIa e até a formação recém despromovida a pro continental, Lotto DSTNY colocaram mais do que um elemento no grupo.

    Era uma iniciativa com todas as condições para ter sucesso, com o maior obstáculo a provir de formações como a Soudal-Quick Step e da Jumbo-Visma que apenas se fizeram representar na frente por um ciclista (Stan Van Tricht e Tosh Van Der Sande, respetivamente) que não teria grandes hipóteses de sucesso num grupo com a constituição do conjunto em causa.

    Todavia, estava Tadej Pogacar na frente. Apesar de ser o único ciclista da UAE Team Emirates no grupo, a presença de Pogacar constituía motivo de preocupação para as equipas, tanto no pelotão, onde reintegrar o esloveno era prioritário, como na frente da corrida, onde se esperava que a colaboração com Pogacar fosse reduzida ou mesmo nula.

    POGACAR MEDE A TEMPERATURA

    Na frente, o grupo de 15 ciclistas foi ganhando uma vantagem a rondar os 20 segundos para o pelotão com a Bahrain-Victorious, uma das equipas sem ninguém na frente, a fazer a maior parte do trabalho no pelotão. Mesmo este trabalho não parecia ter grande lógica, com todos os nomes grandes da equipa como Matej Mohoric, Wout Poels e Nikias Arndt a desgastarem-se na frente do pelotão.

    A passagem pela subida do Cauberg (0,6 km a 8,3% de pendente média) dividiu a frente da corrida, com destaque para Tosh Van der Sande que perdia o contacto, deixando a Jumbo sem representação na frente e livre para usar toda a sua força na perseguição dos fugitivos. O responsável foi Tadej Pogacar que lançou um pequeno ataque e só cerca de 6 ciclistas foram capazes de responder diretamente. Após o Cauberg, o grupo de 16 passou a ter apenas 11 ciclistas.

    BRAÇO DE FERRO

    Entre a marca dos 90 e dos 30 km para o fim, o maior destaque da Amstel Gold Race foi para a luta entre o pelotão e a fuga de elite, chamemos-lhe assim. Trek-Segafredo, Jumbo e Bahrain, todas rodavam na frente, mas a desvantagem para o grupo de Pogacar, ainda que oscilante, não diminuía, nem aumentava consideravelmente. Ora chegava aos 35 segundos, ora caía para 17.

    O trabalho na fuga pouco ou nada se descoordenava, ao contrário do que acontece noutras clássicas quando um claro favorito à vitória se apanha numa iniciativa numerosa. Entretanto no pelotão, iam surgindo pequenos ataques, prejudiciais à perseguição. A situação ficou ainda mais favorável aos homens da frente, quando a 52 km da meta, 9 ciclistas foram ao chão, entre os quais Valentin Madouas, Martjin Tusveld, Rémi Cavagna e Neilson Powless, todos potenciais candidatos a um lugar no top 10.

    Destaque ainda para uma queda que afastou David Gaudu da luta pela vitória, deixando a formação da Groupama com todas as fichas depositadas na fuga.

    POGACAR QUIS E POGACAR GANHOU

    A 39 km do final e com a subida do Eyserbosweg (0,9 km a 9,3%) à vista, Tadej Pogacar teve um problema mecânico e trocou de bicicleta. A troca foi imediata pelo que o jovem esloveno reentrou rapidamente no grupo da frente. A troca foi alvo de controvérsia devido à proximidade do carro da formação da Emirates em relação ao seu ciclista.

    No Eyserbosweg, Pogacar lançou-se ao ataque, com apenas Tom Pidcock a conseguir responder ao esloveno. Um pouco mais atrás, seguia o jovem irlandês, Ben Healy, da EF Easy Post, que se juntava aos dois maiores favoritos à vitória. Na perseguição direta, estavam Andreas Kron e o recém-coroado vencedor da Volta à Sicília, Alexey Lutsenko que pareciam ter tudo para se chegar ao trio, mas que acabaram por não conseguir.

    Seria no Keutenberg que Tadej Pogacar tornaria a atacar, deixando tanto Ben Healy como Tom Pidcock para trás, garantindo o triunfo, praticamente, com cerca de 30 km por correr. Pidcock entrava em “queda livre”, ficando para trás do perseguidor irlandês na última volta. Alcançou um lugar no pódio, ainda que alcançado em cima da meta por Kron e Lutsenko.

    Ben Healy concretizava uma participação extraordinária na corrida, com um segundo lugar a apenas 38 segundos de Tadej Pogacar, que abriu a semana das Ardenas com uma vitória de luxo na Amstel Gold Race. O esloveno prepara-se agora para correr a Fléche Wallonne e a Liège-Bastogne-Liège.

    A polémica do dia teve lugar a 10 km da meta, quando Healy recuperava algum tempo para Pogacar, momento em que o carro do Diretor da prova começou a passar pelo esloveno, em diversas ocasiões, protegendo-o do vento, pelo que o homem da Emirates ganhou mesmo algum tempo ao rival. Foi uma situação que manchou a corrida, apesar de dificilmente ter alterado o desfecho.

    “Eu não gosto disso. Não posso fazer muito em relação a isso. Apenas posso pedalar o mais depressa possível. O carro estava demasiado próximo, mas não creio que o momento tenha sido demasiado longo”, disse Pogacar na conferência de imprensa, após a corrida.

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    Filipe Pereira
    Filipe Pereira
    Licenciado em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Filipe é apaixonado por política e desporto. Completamente cativado por ciclismo e wrestling, não perde a hipótese de acompanhar outras modalidades e de conhecer as histórias menos convencionais. Escreve com acordo ortográfico.