Sim, caro leitor, este texto é um exercício de hipocrisia. O início do meu mês de junho foi acordar, ler um email que dava conta da contratação da Lorena Wiebes pela Team Sunweb e ficar entusiasmado com uma transferência como não acontecia em muito tempo.
Lorena Wiebes é uma sprinter de topo que se afirmou em 2019 como uma das melhores velocistas da atualidade. Com apenas 21 anos, é o encaixe perfeito do dinamismo Sunweb numa jovem, dinamismo esse que tem vindo a crescer.Acima de tudo, é a número um do ranking mundial a assinar pela minha equipa favorita.
O problema é o porquê de Wiebes ter assinado de imediato desde 1 de junho até ao final de 2024. Depois de duas épocas a crescer na Parkhotel Valkenburg, a campeã de fundo dos Países Baixos entrou em conflito com a equipa e quis sair mais cedo, no final de 2019. Após uma longa disputa, acabou por haver acordo entre as partes, com Wiebes a ficar na equipa até junho deste ano e passar a ser livre nessa altura.
Pessoalmente, achei a atitude da ciclista não muito correta e pouco grata para quem, mesmo com menos recursos, lhe deu todas as condições para que chegasse ao patamar em que agora se encontra. É claro que se percebe a vontade de melhorar as suas condições, tanto salariais como em termos da qualidade da equipa com quem está, mas não se pode elogiar a forma como Lorena Wiebes lidou com este dilema.
Ainda assim, apesar dessa minha postura, é impossível não celebrar uma chegada tão importante à nossa equipa. É impossível não perdoar tudo, quando uma estrela vem revolucionar o conjunto que apoiamos. Sobretudo, sabe tão bem quando não o esperávamos.
E, verdade seja dita, depois da traição de Dumoulin, a Sunweb estava claramente com superavit de karma, pelo que bem pode dar-se ao luxo de se aproveitar um pouco dos problemas dos outros.
Que se dane a hipocrisia, merecemos ganhar.
Foto de Capa: Team Sunweb
Artigo revisto por Mariana Plácido