Uma Noruega bastante pálida sem Granerud | Saltos de Esqui

    Findada a ação de Saltos de Esqui no trampolim pequeno de Oberstdorf, era agora altura de se fazer a transição para o Schattenberg maior. Uma estrutura de 137m, que tem o seu K-Point localizado nos 120m e com um record de 143,5m que dura desde a longínqua temporada de 2003, quando o norueguês, entretanto já retirado Sigurd Pettersen voou esta distância, sendo que já vários nomes haviam ficado perto, mas a marca é dos poucos records de trampolim que ainda perduram desde a primeira década do presente século.

    Horas antes de partirmos para a competição em trampolim grande, na qual dois anos antes o germânico Markus Eisenbichler se havia sagrado campeão mundial, foi dado a saber que o líder da Taça do Mundo de saltos de esqui, Halvor Egner Granerud, tinha sido forçado a abdicar da sua participação no certame, devido a ter testado positivo à Covid19. No entanto, nem tudo eram más notícias para o atleta da capital do país do bacalhau, visto que devido à evolução da pandemia em solo norueguês, as autoridades de saúde do país acharam por bem cancelar todas as competições desportivas que aí teriam lugar, no decurso do mês de março.

    Como tal e visto que já não existirá o “Raw Air”, um mini torneio, muito idêntico ao dos quatro trampolins, mas todo em solo norueguês, e dado que apenas um desses eventos será reposto em Planica na Eslovénia, local onde irá decorrer o derradeiro fim de semana de competição. Uma vez que a vantagem do nórdico já não pode ser revertida por nenhum outro rival, foi no  hotel que Granerud, acabou por festejar a conquista do seu primeiro  globo de cristal. De referir que o título voltava assim a “tocar” solo norueguês, após a última conquista ter sido conseguida em 2012, por intermédio do “ discreto campeão”, o já retirado Anders Bardal, que mesmo tendo subido somente por duas ocasiões, no decorrer desse campeonato, ao degrau mais alto do pódio provou que mais importante do que averbar muitas vitórias, o essencial é manter uma constante regularidade.

    Numa tarde/noite bastante gelada com um imenso manto branco a cobrir o trampolim germânico, teve lugar sob condições bastante desafiantes, a ronda de qualificação para a prova a decorrer no dia seguinte. Contudo não só o gelo era fator perturbador do evento, o vento forte, inconstante e bastante irregular, também marcou negativamente o dia.

    Na qualificação, estavam presentes 64 destemidos homens em representação de 17 nações, em que a “squadra azzurra” falhava a compita, também devido a razões de ordem de saúde dos seus elementos, visto existir um surto de Covid19 no seio desta formação. Como tal e visto que dois praticantes foram impedidos de descolar pois os seus esquis não apresentavam as medidas aceitáveis, foi com 62 registos, que fomos brindados, mas diga-se que os mesmos não foram muito distantes, visto as condições desafiantes verificadas.

    Aí o melhor, saltando 127,5m, acabou por ser o austríaco Stefan Kraft, seguido por Johann André Forfang da Noruega, que embora tenha rubricado 133m, acabou por dispor de melhores condições  e por isso foi penalizado. Em terceiro posto, ficou Markus  Eisenbichler, assinando 127,5m. Nas posições seguintes colocaram-se respetivamente Piotr Zila, polaco que dias antes se havia sagrado campeão do mundo, aos 34 anos, em trampolim normal, seguido na tabela por Keiichi Sato do exército nipónico.

    Kamil Stoch, Marius Lindvik ou Robert Johansson, não se saíram particularmente bem neste dia, em que o canadiano Matthew Soukup , era o derradeiro saltador a conseguir marcar presença na prova, anotando 96m.

    Realce-se que a equipa da Ucrânia estava de parabéns, visto ter apurado dois atletas para a disputa pelas medalhas, no entanto não era a única nação com motivos de festejos, visto que a débil seleção da Roménia, lograva assinalar feito de igual dimensão.

    Sexta-feira, dia em que as condições estavam muito parecidas às registadas no dia anterior, quem saía na frente, concluída a primeira metade da contenda, era o vencedor da qualificação, bem como o melhor nas rondas de treinos, que sempre têm lugar antes da prova a “doer”, Stefan Kraft que voara 133m. Na vice-liderança estava Robert Johansson, com uma marca inferior em quatro metros. Ainda em lugares de pódio, encontrava-se outro saltador da nação do ski, claro está, a Áustria, no caso Daniel Huber. Piotr Zila ia-se ficando pela quinta posição, atrás do japonês Yukiya Sato.

    Eisenbichler em 16.º, Stoch apenas 22.º e Stekala dois postos mais atrasado, face ao seu laureado compatriota, eram nomes que viam a luta pelos metais tornar-se numa miragem. Pior ainda haviam sido os desempenhos dos manos Kobayashi, que nem se conseguiam apurar para a segunda parte da prova. Pela positiva, destacava-se Vitaliy Kalinichenko, da Ucrânia, que após ter conseguido o acesso à prova, voltava a surpreender, marcando presença na ronda final, algo quase inédito! Este feito é de ainda maior relevância, visto que este desportista, compete de forma mais regular na Taça Continental, segunda divisão deste desporto a nível Mundial.

    Numa segunda metade de compita, em que o vento frontal parecia acalmar, contrariamente à neve que ia caindo cada vez com maior intensidade em Oberstdorf, quem acabou por se revelar mais forte foi o “baixinho” Kraft, que obteve um triunfo sem espinhas, nunca tendo assistido a uma grande concorrência! Na prata ficou Robert Johansson, que não tendo feito esquecer Granerud, acabou por minimizar a sua ausência, arrecadando o metal para a sua pátria. O bronze foi pertença de Karl Geiger que repetia deste modo a subida ao pódio, conseguida em trampolim pequeno. Mesmo apesar de um grande esforço, Anze Lanisek, para a Eslovénia, ficou-se pelo quinto posto, mesmo tendo voado a maior distância de toda a competição, 137,5m. Na quarta posição terminou o campeão mundial em trampolim pequeno, Piotr Zyla. Daniel Huber, dada a pouca experiência ao mais alto nível, capitulou de forma totalmente esperada no seu segundo registo, terminando na oitava posição.

    David Kubacki  em 13.º, Markus Eisenbichler em 15.º e Kamil Stoch apenas 19.º, foram nomes que ficavam bastante à quem do que se lhes exigia. Kraft estreava-se a vencer na presente época e logo num palco de excelência. Agora era tempo para a competição por equipas, em trampolim grande que seria o enceramento da participação dos “homens pássaro” na presente edição dos Campeonatos do Mundo de esqui nórdico.

    Sábado, numa competição, em que eram à partida da primeira ronda 56 os participantes, em representação de 14 seleções. Com um dia lindo, que nada tinha que ver com os anteriores e em que o sol fazia finalmente a sua aparição, era o quarteto alemão que defendia o título e que alinhava com Pius Paschke, Markus Eisenbichler, Severin Freund e Karl Geiger, a sair na frente. A diferença face à equipa da Áustria, era escassa, quarteto esse que ia contando com as presenças de: Stefan Kraft, Philipp Aschenwald, Jan Hoerl e Daniel Huber, que por sua vez também eram seguidos de muito perto pelo conjunto polaco, constituído por: Kamil Stoch, David Kubacki, Piotr Zyla e Andrzej Stekala. Portanto estava bom de ver, que seria renhida a luta pelo pódio, pois a seleção nipónica e a eslovena, também ainda tinham uma palavra a dizer, na luta pelo bronze.

    A Noruega, parecia um barco, visto estar a afundar-se irremediavelmente na ausência do seu timoneiro “mor”, claro está, Halvor Egner Granerud. O pódio já não parecia rimar com realidade, o sexto posto, a mais de meia centena de pontos, da Alemanha refletia tudo isso.

    Suíça e Rússia que atuava sob a bandeira olímpica, foram as outras nações que marcaram presença nos últimos 32 saltos destes mundiais.

    Foi sem surpresa que Finlândia, EUA, Républica Checa, Roménia, Ucrânia e Cazaquistão, por esta mesma ordem, ficaram arredadas de voltar a saltar.

    Numa ronda final, em que tudo estava em aberto, emoção e imprevisibilidade foram ingredientes que compuseram um bolo bastante apetitoso! A Polónia, parecia ter chegado ao ouro após Zyla rebentar com a escala, rubricando 136,5m, mas os restantes artistas estragaram este lindo quadro pintado pelo veterano de Wisla, com a equipa a ficar-se pelo bronze. A prata acabou por viajar poucos quilómetros, sendo propriedade austríaca. A festa, essa, era mesma feita em casa, pois a Alemanha revalidava um troféu que parecia perdido, no entanto e como isto não é como começa mas sim como acaba, o ouro foi mesmo obtido pela seleção da “Mannschaft”!

    Desta forma fecharam-se mais uns Mundiais de esqui nórdico.

    Os desportos de inverno fazem agora uma pausa de cerca de duas semanas, até lá, já sabe se quer manter-se a par de tudo o que mexe no panorama desportivo, eu tenho a solução! Fique com o BNR e terá o seu problema resolvido!

    Foto de Capa: FIS Ski Jumping 

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    Diogo Rodrigues
    Diogo Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.