Fórmula 1: A corrida para a sustentabilidade

    A CONTROVÉRSIA DA FIA

    Contudo, esta visão algo romântica da Fórmula 1 sustentável gera alguma controvérsia, muito por culpa da própria FIA. Esta temporada de 2022, acaba por ter um calendário absurdo em termos de corridas. São cerca de vinte e quatro corridas (22 oficiais), lembrando que o campeonato iniciou dia 23 de fevereiro com os treinos em Espanha e terminará dia 20 de novembro em Abu Dhabi.

    Na altura, do tweet da Formula 1 a Rússia ainda integrava o calendário mundial. Podes ver aqui o calendário mais atualizado.

    Este alargamento do calendário já seria previsível uma vez que quanto mais provas existirem, mais dinheiro é gerado, mas também porque a popularidade da modalidade tem crescido a um ritmo estonteante. Cada vez mais existe uma procura por parte dos países em garantir que têm um grande prémio no seu território. Para se ter bem noção desta procura, segundo Stefano Domenicali, CEO da F1, existe interesse suficiente para cerca de trinta provas.

    Por outro lado, o calendário mais longo, além de causar um cansaço acrescido nos pilotos e nas equipas, é também contraditório relativamente à questão da sustentabilidade. Ao existirem mais deslocações e mais viagens irá existir uma pegada carbónica maior.

    Uma vez que o grande desafio passa por esta maximização da logística que a F1 envolve, este alargamento acaba por ser um entrave e uma barreira.

    Aumentar o calendário e ter um futuro mais sustentável parecem ser caminhos em direções opostas. Basta olharmos para as rotas definidas no calendário da presente temporada. Logo no primeiro trimestre, tivemos uma rota que começou na Arábia Saudita, passou pela Austrália, Itália e Estados Unidos, terminando em Espanha.

    Ora, numa altura em que se procuram soluções que possam reduzir a distância percorrida entre provas, esta sequência não faz qualquer tipo de sentido.

    A Fórmula 1 afirma que pensa em como tornar as rotas mais ecológicas, mas depois deparamo-nos com situações como esta.

    Estas contradições colocam em cheque a postura da modalidade relativamente à sustentabilidade e geram descontentamento por parte de alguns pilotos e equipas. Sebastian Vettel, uma das vozes mais ativas na F1 e Adrian Newwy (Responsável Técnico da Red Bull) são duas das figuras que já deram a sua opinião, mostrando a sua posição no que à questão da sustentabilidade diz respeito.

    CONSEGUIR SER O DESPORTO MAIS RÁPIDO DO MUNDO, DA FORMA MAIS ECOLÓGICA POSSÍVEL

    Em modo de conclusão, creio que este é um tema muito complexo e que envolve uma preocupação e uma vontade constante, por parte dos intervenientes e das entidades competentes, em tornar a Fórmula 1 um desporto cada vez mais sustentável. É certo que o caminho é longo e não se assume fácil, contudo esta política de neutralidade carbónica até 2030 parece ser um passo importante nesta caminhada.

    Por outro lado, o posicionamento da FIA relativamente ao alargamento do calendário acaba por ser contraditório com esta meta para 2030 e levantar a ideia, já tantas vezes levantada, de que a Fórmula 1 é dinheiro e somente dinheiro. O que acaba por dar uma má imagem a um desporto que tem atraindo cada vez mais pessoas e ganhando uma popularidade cada vez maior.

    Creio que o grande desafio da Fórmula 1 nos próximos anos passa por conseguir continuar a ser o desporto mais rápido do mundo, mas da forma mais ecológica e eficiente possível. Mais do que nunca, o apagar das luzes significa acelerar. Acelerar rumo a um caminho sustentável, assumindo-se como um pilar na transição para um mundo “cada vez mais verde”.

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    Duarte Amaro
    Duarte Amarohttp://www.bolanarede.pt
    Duas são as paixões que definem o Duarte: A Comunicação e o Desporto. Desde muito novo aprendeu a amar o desporto, muito por culpa dos intervenientes que o compõem. Cresceu a apreciar a mestria de Guardiola, a valentia de Rossi e a habilidade de Hamilton, poder escrever sobre estes é algo com que sempre sonhou.