O Grande Prémio do Mónaco, sem rodeios, foi a corrida de Fórmula 1 mais aborrecida que já vi desde 2018, altura em que comecei a acompanhar a modalidade. Desde o recomeço da corrida, a única preocupação dos pilotos foi a de gerir os pneus, sem nunca acelerar, e isso que levou a que nada acontecesse no top-10 durante 77 voltas.
Antes de mais, é preciso dizer que uma pessoa não deve levantar muito as expetativas quando assiste a uma corrida no Mónaco. Continua a ser dos meus circuitos preferidos no calendário da Fórmula 1 e oferece-nos a melhor qualificação do ano, mas há que reconhecer que é praticamente impossível ultrapassar e isso não dá uma grande corrida. O que pode agitar as coisas em Monte Carlo é a chuva ou as paragens nas boxes. Mas o que vimos no domingo roçou o ridículo.
Com a bandeira vermelha na primeira volta, todos os pilotos (com exceção de Logan Sargeant) trocaram os pneus com que começaram a corrida, com nove pilotos com pneus duros e outros sete com médios (já tinham desistido quatro). A partir daí, a estratégia da maioria foi não voltar a parar as boxes, uma vez que já não tinham de o fazer (já tinham usado dois compostos diferentes de pneus), sabendo também que, se parassem, caíam para trás de alguém que depois não conseguiriam ultrapassar. O resultado foi uma procissão, com quatro ultrapassagens em toda a corrida após a primeira volta (todas fora do top-10) e uma corrida feita em ritmo de Fórmula 2.
A continuidade do circuito de Monte Carlo no calendário é altamente discutida, mas eu não vou por aí. A sexta-feira e o sábado foram espetaculares e o domingo, nunca sendo alucinante, tem condições para dar um bom espetáculo. Mas é preciso antes de mais que as equipas queiram competir, algo que desta vez não aconteceu. A Pirelli trazer os três compostos macios e esses pneus fazerem 77 voltas também tem que se lhe diga, mas imagino que, se os pneus se degradassem mais, as equipas limitavam ainda mais o seu ritmo e teríamos uma procissão ainda mais lenta. Aqui a solução a meu ver, é outra.
Eu já era contra a possibilidade de se poder trocar de pneus durante o período de bandeira vermelha e esta corrida vem reforçar isso mesmo. Aliás, acho que, a partir de agora, deviam ter paragens obrigatórias nas boxes, com as equipas a continuarem a ter de usar mais do que um composto em cada corrida. Sobretudo no Mónaco, as paragens nas boxes eram essenciais para termos algum interesse na corrida (isso e os pilotos a correrem riscos, algo que também não tivemos).