
A Cadillac vai juntar-se à Fórmula 1, em 2026, e já anunciou a dupla de pilotos que vai correr pela equipa norte-americana e pode-se dizer que apostaram na experiência. Valtteri Bottas e Sergio Pérez, ambos com 35 anos, foram os escolhidos para assumirem o volante do monolugar. Em conjunto, os dois pilotos têm 527 corridas e 16 vitórias em Grandes Prémios. Assim sendo, a Cadillac joga pelo seguro no seu ano de estreia e tem uma das melhores duplas do grid.
Desde 2016 que não tínhamos 11 equipas a competir no desporto rei do automobilismo e foi a última vez que tivemos uma nova equipa na Fórmula 1. Curiosamente, também era norte-americana, a Haas. 10 anos depois, a história repete-se e, sem dúvida, que o nível de espetacularidade vai aumentar.
Os dois pilotos deixaram a Fórmula 1 no final da temporada passada e depois de um ano de ausência, será que vão estar à altura do desafio?
Valtteri Bottas, atualmente, é o terceiro piloto da Mercedes, onde viveu os momentos mais altos da carreira, mas foi na Alfa Romeo, posteriormente Sauber, que conduziu um carro de Fórmula 1 pela última vez como piloto principal. O finlandês não teve vida fácil no seu último ano, onde não conquistou qualquer ponto e, consequentemente, terminou no último lugar no Campeonato de Pilotos. Bottas assumiu que foi um erro aceitar este projeto e tudo piorou com a saída de Fred Vasseur para a Ferrari.
Os últimos três anos na Fórmula 1 contradizem os tempos de glória na Mercedes. Vindo da Williams para substituir o campeão mundial da época, Nico Rosberg, Bottas foi uma peça crucial nos cinco Campeonatos de Construtores conquistados pela Mercedes, entre 2017 e 2021. Ao volante da equipa germânica, Valtteri subiu ao pódio por 58 vezes, conquistando 10 Grandes Prémios e fez 20 pole positions.
A escolha de Bottas por parte da Cadillac faz todo o sentido. Sabe que vai ter um piloto rápido, muito forte nas qualificações e que fez parte de um projeto vencedor. Dificilmente, Bottas vencerá no seu retorno à Fórmula 1, mas uma subida ao pódio não é impossível. De relembrar, que na estreia pela Cadillac, o finlandês terá que cumprir uma penalização, na sequência de um toque com Kevin Magnussen, no GP de Abu Dhabi, em 2024.
A escolha de Sergio Pérez era a mais previsível, devido aos patrocínios e investidores mexicanos. Na Fórmula 1, uma equipa sem patrocínios e investidores não vai sobreviver muito tempo na competição. Com a entrada de Pérez, a equipa tem um piloto ligado ao continente americano e consegue expandir ainda mais o seu mercado. O piloto mexicano assumiu que quer tornar a Cadillac a “equipa das Américas”.
Assim como, o seu novo companheiro de equipa, os últimos tempos na Fórmula 1 foram complicados. Pérez, em 2024, teve uma temporada para esquecer ao volante do RB20. Não venceu nenhuma corrida, subiu, somente, por três vezes ao pódio e foi apenas oitavo no Campeonato de Pilotos. A segunda metade do calendário foi terrível para a equipa austríaca e isso via-se nas dificuldades de Max Verstappen em dirigir o monolugar. Contudo, na primeira parte, enquanto, Max dominava, Pérez travava duelos com equipas de segundo pelotão.
Pérez sofreu da maldição de ser o segundo piloto da Red Bull e companheiro de Verstappen. Ainda assim, teve os seus grandes momentos como as vitórias no GP do Mónaco, em 2022 e 2023. Na equipa austríaca, desde 2021 até 2024, Pérez conquistou quatro Grandes Prémios e terminou no pódio 30 vezes.
Acredito que a Cadillac com esta dupla pode lutar pela melhor equipa do segundo pelotão. Se ambos tiverem bem fisicamente e mentalmente têm tudo para fazer uma boa temporada e penso que uma subida ao pódio possa ser alcançável. Contudo, ter uma excelente dupla de pilotos não é sinónimo de bons resultados. A prova disso é a Ferrari este ano. Com Lewis Hamilton e Charles Leclerc, a equipa italiana não tem obtido os resultados que queria e muito por culpa do desempenho do SF-25. Isto pode ser um alerta para a Cadillac, uma vez que a Ferrari será a fornecedora de motores e caixas de velocidades.