MotoGP | «YamahaGate», do Céu ao Inferno para a Yamaha

    A Yamaha em 2019, no final da temporada, encontrou problemas com as válvulas dos motores da M1. Para começar a temporada, o construtor japonês decidiu que para resolver esse problema mudaria de fabricante dessa peça, nos motores de 2020.

    Com o Grande Prémio do Qatar adiado e a evolução da pandemia, o campeonato acabou por apenas começar na Espanha, a 19 de julho, com duas rondas no circuito de Jerez. Aqui, por cada piloto, a Yamaha trouxe dois motores. Mas, Valentino Rossi, Maverick Viñales e Franco Morbidelli gastaram logo um motor, ao ver os seus “entregarem a alma ao criador”.

    De modo a colmatar o sucedido, o construtor japonês fabricou mais motores, só que mudou para o antigo fabricante de válvulas. Ou seja, não quebraram os selos que existem no início da temporada – as regras ditam que «um motor de MotoGP tem de conter os mesmos selos e será aprovado tendo todas as peças idênticas às incluídas na amostra entregue ao Diretor Técnico do MotoGP». Sendo que a amostra analisada tem uma percentagem diferente de titânio à apresentada ao diretor técnico, os motores estão ilegais.

    Fonte: Monster Energy Yamaha MotoGP

    Mas, como só se descobriu isto agora? Com os primeiros motores da Yamaha a durarem uns míseros 250 km… Com a Yamaha a ter três pilotos na luta pelo título, e “à rasca” com os mais de 1000 km percorridos pelos motores novos, o construtor pediu, antes do GP da Europa, ao diretor técnico, para poder usar os motores de Jerez, que continham válvulas novas. Ou seja, basicamente a dizer que já tinham mudado as defeituosas. Uma análise no laboratório de metalurgia da Universidade de Pádua e foi descoberto que a percentagem de titânio era diferente das amostras do Diretor Técnico, logo ilegais.

    É difícil argumentar que a Yamaha não estava ciente da quebra do regulamento. Na véspera do GP da Áustria, apresentou um pedido formal à MSMA (a associação dos fabricantes) para substituir as válvulas defeituosas nos seus motores das primeiras rondas, os que “sobreviveram”. De acordo com as regras, “para quebrar peças seladas, a questão tem de estar associada a questões de segurança e não ter qualquer benefício no desempenho”. Para isto acontecer, para além dessa condição, a aprovação unânime da MSMA tem de ser concedida. Então, os fabricantes exigiram detalhes sobre o sucedido, para poderem avaliar, o que levou a Yamaha a retirar o pedido na semana seguinte, na véspera do GP da Estíria.

    Como resultado, a Yamaha foi punida em 50 pontos no campeonato de construtores e no de equipa, com a Yamaha de fábrica e a Petronas SRT perderam 20 e 37 pontos, respetivamente, ou seja, os pontos obtidos com estes motores ilegais. Mas e aos pilotos? Não lhes foi retirado pontos.

    O atual campeão do mundo, Marc Márquez, afirmou o seguinte: «agora parece que os pilotos não beneficiam de vantagens mecânicas».

    Claro que é benéfico. O piloto não trabalha sozinho, trabalha com a moto que tem. Sabendo que a Yamaha marcou mais pontos para os construtores com estes motores ilegais, a meu ver não interessa se eles sabiam ou não. Para mim, esta decisão pode abrir o seguinte precedente: os fabricantes fazerem “batota”, mas se conseguem ter o campeonato de pilotos, não interessa se perdem pontos nos restantes.

    Por outro lado… Pudemos constatar com os nossos olhos que não houve vantagem nenhuma nesta troca. Os pilotos Yamaha, desde o início que tiveram imensos problemas, ao lutar com uma moto menos competitiva do que, por exemplo, a Suzuki.

    Os únicos rivais da Yamaha pelo título, Suzuki e a Ducati, aceitaram a decisão dos comissários. Mas o que acontece se o Quartararo vencer o título por apenas alguns pontos? E o que acontece se Mir levar o título para casa, mas a Suzuki perder um 1-2 no campeonato porque o Quartararo e talvez outros pilotos Yamaha terminam o ano com mais pontos do que Alex Rins?

    Fonte: Team Suzuki Escstar

    Será mesmo que a Suzuki e os outros fabricantes vão ficar de braços cruzados e permitir que qualquer um destes cenários aconteça? Sim, porque todos os fabricantes assinaram um acordo que faz com que tenham de se manter do lado de qualquer decisão tomada pelos comissários…

    Foto de Capa: Monster Energy Yamaha MotoGP

    Artigo revisto por Inês Vieira Brandão

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