Lappi é um justo vencedor, mas teve sorte, é um facto que o próprio assume. Jari-Matti Latvala estava a ser mais forte no segundo dia e a começar a cavar um fosso para o seu colega de equipa, 8,5s pode não parecer muito, mas ao nível a que estava a prova era quase um mundo. Se fosse até ao ano passado já saberíamos porque Latvala não venceu, mas não desta vez – diga-se que está muito melhor neste aspeto – não se despistou. O piloto teve um problema elétrico no seu Yaris WRC que o levou ao abandono, injusto, diga-se. Mas voltemos ao vencedor; Lappi confirmou-se como o mais recente finlandês voador ao vencer o rali, com uma prestação excelente, no que é apenas o seu quarto rali com um WRC. No entanto, Lappi é um piloto muito experiente, apesar da idade (26), tendo já no seu palmarés um título europeu e outro do WRC2. Estamos, provavelmente, perante um futuro vencedor do WRC.
Para fechar o rali quase perfeito só faltou Juho Hanninen terminar em segundo, mas o último troço foi madrasto e, por apenas 0,3s, Hanninen terminou em terceiro. Este é um dos pilotos que mais gosto, mas tem de mostrar mais serviço se se quiser manter na Toyota para o ano.
No segundo lugar ficou Elfyn Evans. O britânico da M-Sport foi o único, a par do seu colega de equipa Ott Tanak, a conseguir dar luta aos finlandeses, que chegaram a ter os quatro primeiros lugares do rali. Evans igualou o seu melhor resultado no WRC, foi a terceira vez que terminou em segundo, sendo a segunda vez este ano, e deverá um dos próximos pilotos a ter uma vitória no WRC no palmarés, apesar de não acreditar que aconteça este ano, mas também não acreditava na vitória de Lappi…

Fonte: Rali da Finlândia
Mas a grande estrela dentro dos M-Sport foi Suninen. O jovem de 23 anos fez apenas o seu segundo rali com um WRC. Na estreia foi sexto, na Finlândia foi quarto, mas andou muito bem até cometer um erro quando estava a tentar apanhar Lappi na liderança. Um erro de falta de experiência, mas ficou provado que temos piloto para o futuro. No próximo rali, na Alemanha, Suninen volta ao Fiesta R5, mas não deverá continuar por muito tempo neste carro.
Sebastien Ogier cometeu um erro logo no quarto troço e desistiu, num duro revês para o francês, que lhe fez perder a liderança do campeonato, apesar de estar em igualdade pontual com Thierry Neuville. Ott Tanak foi muito rápido, mas um erro que o levou a furar fê-lo ficar fora das contas, igualmente no quarto troço. O tempo perdido não deu para mais do que terminar em sétimo, um mau resultado para o que andou.
A Citroën continua o seu caminho conturbado, em que Craig Breen parece ser o único a conseguir ter um ritmo certo e aceitável. O irlandês foi quinto pela quinta vez esta temporada, não tendo ainda conseguido quebrar esta marca. Kris Meeke, que deveria ser o ponta de lança da equipa, foi apenas oitavo e raramente se encontrou em mais um rali para esquecer, o que tem sido uma regra este ano. Uma profunda desilusão a temporada da equipa francesa, acho que ninguém apostaria isto no início da temporada.

Fonte: Rali da Finlândia
Por fim temos a Hyundai, que teve o seu rali mais complicado da temporada. Neuville nunca conseguiu aproveitar a desistência de Ogier e foi apenas sexto, conseguindo, no entanto, ser o terceiro mais rápido na Power Stage, fazendo assim os 11 pontos que tinha de desvantagem para o francês. Os 160 pontos de ambos são desempatados pelo número de vitórias de cada, o belga tem três contra duas de Ogier. Dani Sordo nunca se conseguiu encontrar em prova, terminando em nono, mas tendo sido consistentemente o mais lento entre os pilotos regulares dos novos WRC. Já Hayden Paddon foi forçado a desistir precisamente na mesma especial de Ogier, a quarta.
Lappi foi então um mais que justo vencedor em casa, mas na próxima prova já não deverá ser assim. Já a meio de agosto teremos o Rali da Alemanha, prova de asfalto, o que muda tudo, ou quase tudo. Este será apenas o segundo – e último! – rali totalmente em asfalto e a minha aposta vai para a repetição do pódio da outra prova de asfalto, na Córsega, no entanto em minha defesa só me apercebi desta repetição depois de fazer o pódio. Assim sendo, a minha aposta vai para a vitória de Neuville, seguido de perto de Ogier, com Sordo a fechar o pódio, mas já algo afastado dos dois candidatos ao título.
Foto de Capa: Esapekka Lappi
Artigo revisto por: Beatriz Silva