
Mas, afinal, como correu a temporada de 2025 da Fórmula 3?
A Fórmula 3 voltou a provar, em 2025, porque é considerada o primeiro grande passo para a Fórmula 1. O equilíbrio entre talento individual e incerteza coletiva foi o fio condutor do campeonato.
O brasileiro Rafael Câmara destacou-se pelo domínio e consistência, mas a história da temporada não se resume ao piloto da Ferrari Driver Academy. Foi também a história de uma Campos Racing em ascensão e de jovens que arriscaram tudo em condições adversas.
Rafael Câmara, o piloto da Trident, chegou à Fórmula 3 como um dos favoritos. Trazia consigo o peso de ter vencido a Fórmula Regional Europeia em 2024 e a responsabilidade de representar a Ferrari numa categoria onde cada erro se paga caro.
A estreia em Melbourne não deixou margem para dúvidas. Pole position, volta mais rápida e vitória absoluta, numa corrida marcada pela chuva e por bandeira vermelha antes do final. No Bahrein, a história repetiu-se. Perdeu a liderança na partida, mas recuperou cedo e venceu com autoridade. Duas corridas, duas vitórias. No fim da segunda ronda, já tinha 56 pontos contra 30 de Tim Tramnitz. A vantagem só aumentaria.
Mais do que números, impressionou a maturidade. O piloto brasileiro mostrou frieza na gestão das provas e, ao mesmo tempo, a velocidade de quem não tem receio de arriscar. Em Barcelona, voltou a partir da pole e converteu a vantagem em mais uma vitória segura, prova da consistência que marcou a sua temporada.
Na Hungria, selou o campeonato antes da última etapa. Precisava apenas de vencer a Feature Race. E venceu. Num circuito molhado, sob pressão, confirmou aquilo que todos já sabiam: a temporada de 2025 tinha assinatura brasileira.
No entanto, a Fórmula 3 não vive apenas de campeões dominadores. Imola trouxe a emoção da vitória de Santiago Ramos. Em Mónaco, Nikola Tsolov foi imbatível e escreveu história ao tornar-se o primeiro piloto a somar cinco triunfos na categoria.
Barcelona teve um sabor especial para Portugal. Ivan Domingues conquistou a Sprint Race e quebrou um jejum de 9 anos sem vitórias portuguesas na Fórmula 3.
Contudo, a imprevisibilidade também veio de fora da pista. Em Spielberg, Nikola Tsolov cruzou a meta em primeiro, mas acabou desclassificado por desgaste irregular na prancha do carro. A vitória caiu no colo de Martinius Stenshorne.
Já em Silverstone, a chuva encurtou a corrida e deu o triunfo a Mari Boya, numa prova onde só foram atribuídos metade dos pontos. Em Spa, a frustração foi total: a corrida foi cancelada sem uma única volta válida, devido ao mau tempo.
Se Rafael Câmara foi a estrela individual, a Campos Racing foi a estrela coletiva. A dobradinha em Monza, com Tasanapol Inthraphuvasak e Nikola Tsolov, valeu à equipa espanhola o primeiro título de construtores da sua história na Fórmula 3.
Este feito quebrou o domínio de equipas como a Trident e a Prema, confirmando a ascensão da Campos Racing. Mais do que um troféu, foi a prova de que a equipa pode ser presença regular na luta pelos lugares cimeiros.
A temporada de 2025 deixou várias certezas. Rafael Câmara está pronto para a Fórmula 2. Nikola Tsolov, Martinius Stenshorne e Tim Tramnitz provaram que são talentos a seguir. E a Campos Racing mostrou que o equilíbrio entre pilotos e estratégia pode ser decisivo.
A Fórmula 3 é imprevisível por natureza. É isso que a torna apaixonante. Por fim, fica a sensação de que assistimos a um capítulo que não se esgota em 2025. A verdadeira vitória da categoria é continuar a formar futuros campeões.