A disseminação dos eSports

Com a mudança de milénio, a coisa continuou a crescer, não só não abrandando o ritmo, como, a dadas alturas, aumentando a velocidade com que as coisas crescem. Eventos em larga escala como os World Cyber Games, Intel Extreme Masters, ou Major League Gaming foram-se instituindo como marcas próprias e criando o seu micro-clima dentro de um crescente ecossistema global de eSports. O crescimento exponencial de LAN Houses e de Cibercafés para isso contribuiu também, tirando aos jogadores a necessidade de terem, em suas casas, um computador e uma ligação à Internet de Banda Larga. Foram estas um dos actores principais no sucesso que Starcraft viria a ter – e mantém-se nos dias de hoje – na Coreia do Sul. Counter-Strike ia sendo uma figura dominante no panorama internacional e League of Legends veio dar um impulso ainda maior em termos de massa crítica. Seguiu-se-lhe Dota 2, que veio, como já discutimos por aqui, dar uma dimensão financeira ainda maior ao fenómeno. Serviços de streaming como a Twitch criaram todo um novo meio de comunicação para um público cada vez mais sequioso de conteúdos de eSports e, por sua vez, cresceram com isso, tornando-se gigantes no mercado dos media e diversificando a sua oferta.

Um torneio de Dota 2 Fonte: 2p
Um torneio de Dota 2 Fonte: 2p

Os anos mais recentes trouxeram o aparecimento e a consolidação de novos torneios como a Electronic Sports League e, claro, novos jogos a entrar na equação. Hearthstone trouxe um segmento até então virtualmente inexistente nos eSports, com jogos de cartas a cativar multidões pouco interessadas nos ritmos mais frenéticos dos MOBA e dos FPS. Mas jogos como Overwatch surgiram de igual forma, numa constante rede que parece renovar-se a si mesma de tempos a tempos, sem nunca perder grande fôlego. Chamei a 2015 o ano dourado dos eSports, tamanho foi a dimensão do salto que estes deram em várias frentes. E as coisas continuaram a crescer, inevitável e inapelavelmente, como que uma sequência de pedras de Dominó a cair.

O Overwatch teve um evento associado aos Jogos Olímpicos Fonte: RestartReplay
O Overwatch teve um evento associado aos Jogos Olímpicos
Fonte: RestartReplay

Atrás do público vem o interesse publicitário e os eventos. Atrás dos resultados vêm as casas de apostas e os clubes. Atrás destes vêm os criadores de videojogos, procurando um aval para continuar a sua promoção… o ciclo cresce e retroalimenta-se.

As equipas deixaram de ser amadoras. Os rendimentos – ou a promessa deles – fomentaram a necessidade de uma estrutura mais séria, profissional, em alguns casos. O público financiava, directa ou indirectamente, essa mudança de estatuto. A formalização dos eSports trocou os apertos de mão por contratos e as camisolas da equipa por ordenados mensais, com bónus por vitória. Os jogadores, alguns deles ainda não legalmente adultos, viam-se vinculados a equipas com o valor do seu passe avaliado por entidades externas. E não tardou a que os da velha guarda, os clubes de Futebol, se juntassem à festa, naquela que é uma aposta quase previsível naquilo que se vai chamando a “modalidade” dos eSports.

Falaremos sobre esses, destacando o envolvimento de clubes Portugueses, num próximo artigo.

 

Foto de Capa: Eurogamer

Ricardo Mota
Ricardo Motahttp://www.bolanarede.pt
Desde há muito tempo ligado ao mundo dos videojogos, Ricardo Mota é Professor de criação de videojogos no Instituto Politécnico da Maia. Escreve sobre videojogos e desportos electrónicos para o Rubber Chicken, a RTP Arena e o Observador e traz agora para o Bola na Rede os primeiros passos sobre os esports. Organiza o projecto Indie Dome, na Lisboa Games Week, e trabalha como Relações Públicas e Gestor de Comunidades na Bigmoon Studios.                                                                                                                                                 O Ricardo não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Fabrizio Romano confirma José Mourinho perto do Benfica

José Mourinho está perto de assinar pelo Benfica. O treinador português é o eleito para suceder a Bruno Lage.

José Mourinho terá missão ‘apertada’: o calendário do Benfica até às eleições

José Mourinho deverá ser confirmado nos próximos dias como o sucessor de Bruno Lage no posto de treinador do Benfica.

De setembro de 2000 a setembro de 2025: José Mourinho vai assumir o Benfica após 25 anos da sua experiência no clube encarnado

José Mourinho vai voltar a ser treinador do Benfica. O técnico de 62 anos regressa ao clube encarnado após 25 anos.

José Mourinho a caminho do Benfica: negociações praticamente concluídas

José Mourinho está muito próximo de ser confirmado como treinador do Benfica. As negociações estão em vias de ficarem fechadas.

PUB

Mais Artigos Populares

Bruno Lage despedido do Benfica

Bruno Lage já não é treinador do Benfica. O técnico deixou o clube encarnado por mútuo acordo, após a derrota frente ao Qarabag.

Bruno Lage na porta de saída e José Mourinho é o eleito de Rui Costa para assumir o Benfica

José Mourinho é o desejado por Rui Costa para assumir o Benfica. O técnico pode estar em vias de suceder a Bruno Lage no comando das águias.