O que são os eSports?

Cabeçalho modalidadesEste será o artigo que marca a estreia do tema “eSports” aqui no Bola na Rede. “Desportos Electrónicos”. O tema é sensível, sendo que chamar “desporto” a algo que envolve um computador ou uma consola ainda faz levantar algumas orelhas e erguer alguns dedos argumentativos. Os eSports são, enquanto negócio, uma forma de aumentar o período de rentabilização de um videojogo para além do que seria normal. No ciclo de vida normal de um produto como um videojogo, um filme, ou um álbum de música, há uma curva de interesse e de vendas que, após um boom inicial, mostra uma tendência descendente. O período pode variar, naturalmente, mas o investimento na instituição desse videojogo enquanto eSport pretende alongar essa curva durante o maior período de tempo possível.

A título de comparação, vejamos o que se passou com alguns dos videojogos lançados em 2012 como The Walking Dead, Mass Effect 3, ou Dishonored. Foram êxitos no seu ano de lançamento mas hoje, em 2017, aquilo que representam em termos de contrapartidas para os estúdios que os lançaram vai sendo residual, até porque, desses que mencionei, as sequelas foram surgindo e de certa forma eclipsando os originais. O mesmo pode dizer-se do seu número actual de jogadores. Mas se olharmos para dois jogos lançados no mesmo ano como Dota 2 ou Counter-Strike: Global Offensive, vemos que, cinco anos depois, continuam a ser um sucesso (crescente, até) em termos de jogadores e vendas. Dota 2 faturou, e só nos últimos três meses, mais de 80 milhões de dólares com o seu Battle Pass. Números que a esmagadora maioria dos videojogos lançados este ano não atingirão em toda a sua vida útil.

Pois  bem, discutida que está a questão financeira, resta-nos a questão desportiva. Não é desporto, dizem uns, esgrimindo razões. Mas é uma competição que envolve treino, reflexos, perícia e decisões, argumentam outros. Mas não é “físico”, diz-se do outro lado. É tanto como tiro com arco ou com pistola, respondem outros. A argumentação assume contornos cómicos quando começa a ir buscar, ou, por outro lado, a ignorar completamente a origem das palavras. “Não é um desporto, é um desporto electrónico” é usado sem grandes preocupações com conceitos de lógica. E “Não é um desporto, é um eSports”, atropelando o facto de eSports nascer da aglutinação de Electronic SPORT, remete-nos para a mesma conclusão. Em todo caso, não é pacífico. Não precisa de ser. Não se carece de unanimidade para se existir. E os eSports, ou desportos electrónicos, são uma realidade. São videojogos competitivos, num ambiente ou arena pré-definidos, com um conjunto de acções, reacções e circunstâncias previamente estabelecidas. E são, regra geral, muito pensados na vertente do espectador. É certo que os jogos tradicionais fazem por se tornar mais apelativos perante o público. Mas para os eSports, isso é essencial, até porque grande parte do público é, ou pretende-se que seja, jogador.

Por terras lusas, olha-se um pouco de lado para os eSports. Mete-se tudo no saco dos videojogos. “São coisas para crianças”. Negligencia-se aquilo que se vai passando, em termos de público, com a Newzoo a prever que a audiência global para o mundo dos eSports chegue a mais de 385 milhões de pessoas, espalhadas pelo mundo.

Fonte:
Fonte: Newzoo

É, portanto, muito público. O que, por sua vez, se traduz num ecossistema apelativo para o mercado publicitário, que tem vindo a alimentar o crescimento nos últimos anos. Como resultado, temos os eventos cada vez maiores, com prémios a bater recordes atrás de recordes.

Fonte:
Fonte: zonae-sports.com

Em 2016, o mercado global de eSports movimentou quase 100 milhões de dólares em prémios para os seus praticantes. Isto num total de mais de 4000 eventos disputados por perto de 15 mil jogadores. Segundo o site esportsearnings.com, houve um aumento significativo face aos 66 milhões movimentados em 2015 e aos 37 milhões movimentados em 2014. O crescimento é, portanto, visível e atraiu alguns dos tubarões do mercado de investimentos. Os eventos de eSports rivalizam e, em alguns casos, ultrapassam alguns dos eventos desportivos mundiais de maior renome, como a ESPN fez questão de apontar há dois anos.

Fonte:
Fonte: ESPN

Os eSports saem assim da sombra e assumem-se como uma das modalidades com maior crescimento em público e valor nos últimos anos. Por aqui, iremos abordando aos poucos o que está por detrás deste mercado e desporto e onde se situa Portugal nesse meio.

Foto de Capa: vrandfun.com

artigo revisto por: Ana Ferreira

Ricardo Mota
Ricardo Motahttp://www.bolanarede.pt
Desde há muito tempo ligado ao mundo dos videojogos, Ricardo Mota é Professor de criação de videojogos no Instituto Politécnico da Maia. Escreve sobre videojogos e desportos electrónicos para o Rubber Chicken, a RTP Arena e o Observador e traz agora para o Bola na Rede os primeiros passos sobre os esports. Organiza o projecto Indie Dome, na Lisboa Games Week, e trabalha como Relações Públicas e Gestor de Comunidades na Bigmoon Studios.                                                                                                                                                 O Ricardo não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Luís Castro arrasa Sá Pinto por 7-1: eis os resultados do dia na Champions Legue Asiática 2

No duelo entre treinadores portugueses, Luís Castro levou a melhor e viu o seu Al Wasl golear o Esteghlal de Ricardo Sá Pinto por 7-1, com Pedro Malheiro a deixar a sua marca no marcador.

Bayern Munique entra na corrida e quer desviar defesa ao Liverpool

O Bayern Munique está interessado na contratação de Marc Guéhi, central do Crystal Palace, com o internacional inglês a surgir como alvo de vários clubes para o próximo verão.

Portugal carimba passagem aos oitavos de final do Mundial de Voleibol

A seleção portuguesa garantiu o apuramento para os oitavos de final do Campeonato do Mundo de voleibol após vencer a Colômbia e beneficiar do triunfo dos Estados Unidos sobre Cuba.

O primeiro onze de José Mourinho no Benfica … em 2000

José Mourinho fez a sua primeira aparição no banco do Benfica a 23 de setembro de 2000, no Estádio do Bessa, num jogo decidido logo aos dois minutos por Duda, num golo de calcanhar.

PUB

Mais Artigos Populares

FC Porto ao ataque contra a Liga Portugal e o Arouca: «Mais um triste episódio que envergonha o futebol português»

O FC Porto já reagiu ao adiamento do encontro contra o Arouca da sétima jornada da Primeira Liga. Dragões revoltados com a decisão da Liga Portugal.

Benfica vai ter opção para estender contrato de José Mourinho para lá de 2027: eis os novos detalhes

José Mourinho vai assinar um contrato válido até 2027 com o Benfica. Águias ficarão com opção para estender por mais uma temporada.

Swansea marca 2 golos no desconto e elimina Nottingham Forest 100% derrotado desde a saída de Nuno Espírito Santo da Taça da Liga Inglesa

O Swansea conseguiu uma reviravolta épica na Taça da Liga Inglesa. Nottingham Forest de Ange Postecoglou eliminado da competição nos descontos.