Mundial Futebol Praia’15 – Capitão ditou a sentença: as meias finais!

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    Mais um jogo, mais uma vitória e mais um passo rumo ao título mundial. Em passo firme, Portugal ultrapassou esta quinta-feira mais um duro obstáculo rumo ao objetivo que todos os portugueses querem: o campeonato do mundo. O jogo não era fácil; afinal de contas, era a temível Suíça de Ott e Stankovic que apareciam no caminho da seleção nacional. Também por isso, mais uma vez o Estádio da Praia da Baía encheu-se de fé e de esperança de que as meias finais fossem um objetivo ao alcance dos comandados de Mário Narciso.

    A primeira explosão de alegria veio logo aos dois minutos: Leu atrasou mal a bola ao guarda-redes Valentin e ela acabou mesmo por entrar na baliza suíça. Sem fazer grande coisa por isso, Portugal apanhava-se numa vantagem importante na partida. A verdade é que nos minutos seguintes a seleção nacional teve alguma felicidade, sobretudo devido às duas bolas enviadas aos ferros por Stankovic e Noel Ott. O golo do empate acabou mesmo por surgir, já no último minuto do primeiro tempo, com Ott, após assistência de Borer, a desfeitear o guarda-redes Elinton Andrade, dando justiça ao resultado no final do primeiro período. Tal como havia acontecido na primeira parte, Portugal entrou bem no segundo período. Ainda assim, se no primeiro caso isso tinha acontecido mais por demérito suíço, agora isso acontecia pelo forte domínio que os jogadores portugueses impuseram aos suíços. Não foi por isso de estranhar que no espaço de 3 minutos a seleção tivesse chegado a 3 golos, por intermédio de Madjer (excelente remate de pé esquerdo), Elinton Andrade (o guarda-redes português fez um golo de levantar o estádio) e Belchior, na sequência de um livre direto. O 4-1 no marcador era um resultado perfeitamente tranquilo e inteiramente justo para aquilo que se via no areal da Baía em Espinho: impulsionados por um tremendo Coimbra e um letal Madjer, a seleção portuguesa ia banalizando uma equipa suíça que só em rasgos individuais de Ott e Stankovic ia incomodando as redes lusitanas. Até ao final do segundo período, Stankovic, com um forte remate de pé esquerdo, ainda reduziu para os helvéticos, que levaram o resultado a 4-2.

    O último período acabou por não trazer diferenças de maior ao nível do jogo. Portugal continuava superior em todos os momentos do jogo e sobretudo a nível defensivo continuava perfeitamente imperial. A dupla Jordan Santos e Rui Coimbra chegava para as encomendas, enquanto, no ataque, Belchior, Alan e Madjer eram um verdadeiro quebra-cabeças para os defesas suíços. Aos 25 minutos, acabou por surgir o momento alto da tarde, com Madjer, ainda antes do meio campo, a fazer, com o seu pé esquerdo, um remate em arco soberbo que só parou no fundo das redes suíças. Apenas dois minutos depois, foi a vez de outra das figuras da exibição portuguesa, Coimbra, fazer o 6-2 e pôr um ponto final na partida. Até ao final do encontro, Ott ainda reduziu de grande penalidade e Madjer ainda completou o hat trick, mas esses foram já dois momentos que vieram apenas reafirmar aquilo que se tinha visto durante a esmagadora maioria do encontro. Portugal fez uma exibição de luxo e acabou por vencer de forma inesperadamente tranquila. Agora, segue-se a bicampeã mundial, Rússia, num duelo que recorda a meia final dos Jogos Europeus nos quais os russos bateram Portugal por 2-1. Depois do jogo desta quinta feira, é caso para dizer que um Portugal a grande nível poderá atingir o sonho. Já está muito perto. Só resta continuar a acreditar.

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    Portugal está a um pequeno passo da final
    Fonte: Facebook Seleções Portugal

    O jogo de abertura dos quartos de final era porventura o encontro mais equilibrado do dia. E isso porque se defrontavam aquelas que são, muito provavelmente, as duas melhores equipas do mundo do futebol de praia. Rússia e Brasil subiam ao areal da Praia da Baía com o único objetivo possível: o apuramento para as meias finais. O alinhamento previsível do quadro não seria este mas a derrota dos russos contra o Taiti precipitou esta espécie de “final antecipada”.

    A verdade é que o estádio da Praia da Baía se encheu para ver um duelo que foi a todos os níveis emocionante. Num primeiro tempo bastante intenso e recheado de emoção, foram os bicampeões mundiais a entrar melhor, com Paporotnyi e Skharin, na sequência de dois lances de bola parada, a adiantarem os russos no marcador. O resultado não era totalmente justo porque a Rússia apenas jogava na expetativa dos erros brasileiros que acabaram por acontecer. Apesar de estar em desvantagem, a equipa canarinha dava espetáculo no areal e o seu domínio acabaria por trazer resultados no primeiro período. Com os golos de Mão (excelente golo de baliza a baliza do guardião brasileiro), Datinha (na sequência de um livre direto) e Mauricinho (na sequência de um contra ataque), o Brasil chegava ao final do primeiro período com um 3-2 no marcador que se ajustava.

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    A Rússia apontou o golo decisivo a 10 segundos do fim
    Fonte: Facebook Beach Soccer Fan Page

    Ainda assim, o primeiro período parece ter sido o único em que o Brasil verdadeiramente esteve em campo esta tarde. Quem comparar o primeiro com o segundo período verá que no segundo tempo o Brasil simplesmente não existiu na Baía. As triangulações já não saíram, o jogo ofensivo fluido era agora previsível e as oportunidades que se sucediam eram agora apenas esporádicas. Para além do demérito brasileiro, para esta inversão da tendência da partida muito contribuiu a Rússia, que, depois de um primeiro período onde apenas foi reativa, no segundo tempo surgiu com vontade de mudar o rumo do encontro. Isso acabou mesmo por acontecer, com o golo de Shishin aos 13 minutos a dar o empate a três golos, resultado com o qual se concluiu o segundo período. No terceiro e último período, e ao contrário do que seria de esperar, as equipas não tiveram receio de cometer erros que pudessem ser fatais. Aos 29 minutos, Peremitin aproveitou um novo erro defensivo num canto para fazer o 4-3 para os russos. Dois minutos mais tarde, foi a vez de Bokinha, numa grande penalidade discutível, a fazer novamente o empate para o Brasil. Aos 31 minutos, o ping-pong no marcador continuou, com Romanov a restabelecer a liderança russa no marcador após um bom trabalho individual. Pensava-se que, a cinco minutos do fim, o golo do camisola 3 da seleção russa seria decisivo. Acabou por não ser, em virtude do golo salvador de Bruno Xavier aos 33 minutos, que levou a canarinha até ao prolongamento.

    No tempo extra, e apenas com três minutos para jogar, percebia-se o medo que ambas as equipas tinham. O momento era decisivo e qualquer lance podia dar um golo decisivo. Entre lances perigosos de um e de outro lado, acabou por se superiorizar a Rússia a 10 segundos do fim, quando Skaikov, após um brilhante lance individual de Shishin, fez o 5-6 decisivo, que põe a Rússia no caminho de Portugal nas meias-finais do campeonato do mundo. É certo que o equilíbrio com que se desenrolou a partida poderia ter levado o jogo a cair para qualquer lado. Ainda assim, depois de feitas as contas ao jogo, acabou por se superiorizar a racionalidade russa face à emotividade brasileira. Fazendo da coesão defensiva o seu ponto mais forte, os bicampeões mundiais continuam na estrada para o tri. Agora, segue-se Portugal no caminho da seleção de Likhachev.

    O terceiro jogo destes quartos de final foi talvez o menos interessante de todos os que vimos nesta quinta-feira. Isso deveu-se sobretudo ao equilíbrio tático que, quer a Itália, quer o Japão, evidenciaram ao longo de todo o encontro. Não se pode dizer que o comportamento expectante que ambas as seleções apresentaram tenha sido uma verdadeira surpresa, porque esse foi o tónico que demonstraram ao longo da competição. Mais do que serem equipas vertiginosas em termos ofensivos, a Itália e o Japão fazem da coesão defensiva a sua principal arma.

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    Zurlo foi novamente decisivo na Itália
    Fonte: Facebook Beach Soccer Fan Page

    Por isso, o golo de Ozu Moreira, logo no primeiro minuto da partida, não foi argumento suficiente para que italianos e japoneses mudassem o destino de uma partida taticamente tão amarrada. A vantagem conseguida permitiu aos nipónicos uma margem para se imporem no terreno, mas nem isso foi suficiente para que a Itália se sentisse verdadeiramente desconfortável em campo. Aliás, e mesmo que as oportunidades não tenham sido em número acentuado, a verdade é que coube sempre à seleção transalpina as rédeas da partida. Isso deveu-se em grande parte à incapacidade de uma seleção japonesa demasiado centrada na capacidade defensiva e de criar desequilíbrios de Ozu Moreira. Até ao final do primeiro período, a Itália acabou mesmo por colocar em pratos limpos a situação, empatando o resultado por intermédio do inevitável Emanuelle Zurlo.

    O segundo tempo acabou por ser mais do mesmo, com a Itália, mesmo sem nunca impor um ritmo demasiado elevado, a estar por cima das operações. Aliás, apenas a exibição de Terukina foi suficiente para que os tiffosi não tenham chegado mais cedo a uma vantagem que já faziam por merecer. Essa reviravolta no marcador acabou por surgiu já bem perto do fim do segundo período, com Ramacciotti, num excelente golo de pé esquerdo, a fazer o 2-1 para os italianos. No derradeiro período, o Japão conseguiu soltar um pouco as suas próprias amarras e, muito em virtude do espírito do avançado Goto, foi à procura de um golo que a recolasse no caminho das meias-finais. Esse tento acabou por surgir pelo próprio Goto, aos 26 minutos, na sequência de um pontapé livre brilhantemente executado pelo jogador nipónico. A Itália acabou por reagir muito bem ao empate japonês e, por intermédio de Gori, Palmacci e Zurlo, a seleção de Massimiliano Esposito foi mostrando que não queria levar o jogo para prolongamento. A melhor qualidade da sua seleção, aliada à capacidade técnica dos seus atletas, fez com que o golo decisivo tenha mesmo surgido, já no penúltimo minuto do encontro, por intermédio da figura da partida, Emanuelle Zurlo, que bisou no encontro. Agora, para os italianos, segue-se o Taiti no caminho para a final.

    No último encontro do dia, Irão e Taiti proporcionaram um encontro bastante entretido e emocionante. À partida, para esta competição, apostar-se num duelo nos quartos de final entre estas duas seleções seria algo de impensável, tendo em conta os grupos em que se encontravam. A verdade é que o Irão eliminou a favorita Espanha, enquanto a seleção da Polinésia Francesa havia derrotado a Rússia, terminando o Grupo D em primeiro lugar. Por isso, eram duas verdadeiras equipas surpresa as que se encontravam neste último duelo dos quartos de final.

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    O Taiti repete a presença nas meias finais do Mundial
    Fonte: Facebook Beach Soccer Fan Page

    O jogo acabou por corresponder às expetativas e ambas as seleções demonstraram no areal da Praia da Baía as qualidades que as trouxeram a esta fase. No lado iraniano, é importante o destaque para o guarda-redes Hosseini (mais uma bela exibição), para Akbari e para a referência Mohammad Ahmadzadeh. Do lado do Taiti, a seleção liderada por Rota sustentava o seu jogo ofensivo no perigoso tridente composto por Labaste, Bennett e Li Fung Kuee. Numa partida sempre pautada pelo equilíbrio, o Taiti acabou por estar consecutivamente à frente do marcador. No primeiro período, Bennett e Ahmadzadeh, aos 10 e 12 minutos respetivamente, fizeram um golo para cada equipa, o que foi ao encontro do que se viu em campo. O segundo período acabou por não trazer nada de novo: do lado do Taiti, e ao contrário do que se havia visto no jogo com a Rússia, a seleção não conseguiu ter um jogo tão fluido e consistente; na equipa do Irão, a inspiração ofensiva estava demasiado centrada em Ahmadzadeh, que não dava para todas as encomendas. Também por isso, o segundo tempo acabou por resultar somente em mais um golo para cada uma das equipas, por Bennett (bisou na partida) e Morshedi.

    O terceiro e último período trouxe duas seleções com cariz mais ofensivo: o Taiti lançou-se à procura da vitória e finalmente começaram a surgir fogachos da qualidade que esta seleção indiscutivelmente tem. O Irão ia levando o jogo como queria, tendo em conta que o ritmo baixo lhe era favorável. O problema para a equipa asiática foi o de ter que correr sempre à procura do resultado: depois do 3-2 de Tepa, Mesigar fez, na sequência de uma grande penalidade, o empate para o Irão. Aos 29 minutos, Li Fung Kuee, que havia feito um póquer à Rússia, fez novo golo para o Taiti, a que o Irão voltou a responder logo a seguir, por Mokhtari. Contudo, esta toada de parada e resposta acabou por terminar com o golo decisivo apontado à boca da baliza por Taiarui aos 31 minutos. O 5-4 do Taiti acabou por ser o canto do cisne para uma equipa do Irão que acabou por ser eliminada após uma excelente prestação no Mundial. Segue para as meias finais a equipa mais forte e que repete uma presença entre as quatro melhores equipas do mundo, tal como havia acontecido em 2013, no mundial disputado no seu país. Para o Taiti, segue-se agora a toda poderosa Itália, num duelo que promete rumo à final do Campeonato do Mundo, em Espinho.

     

    Figura do Dia: Madjer – A exibição do capitão português foi a todos os níveis notável. Três golos decisivos, sendo que o segundo será certamente um dos melhores, senão mesmo o melhor, de toda a competição. Portugal chega em verdadeiro ponto de rebuçado à meia-final frente à Rússia, e muito disso se deve à qualidade que o capitão da seleção portuguesa tem demonstrado.

    Fora de Jogo: Bruno Xavier e Stankovic – Depois de visto e revisto o Mundial destes dois excelentes jogadores fica a sensação de que ambos poderiam ter dado bem mais nas areias de Espinho. É certo que o Brasil e a Suíça também não estiveram coletivamente na melhor das formas, mas a verdade é que se esperava mais de dois dos melhores jogadores do mundo.

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    Pedro Maia
    Pedro Maiahttp://www.bolanarede.pt
    Apaixonado pelo desporto desde sempre, o futebol é uma das principais paixões do Pedro. O futebol português é uma das temáticas que mais gosta de abordar, procurando sempre analisar os jogos e as equipas com o maior detalhe.                                                                                                                                                 O Pedro não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.