Bebé: O adeus a um dos maiores de sempre | Futsal

    Já na reta final da sua carreira – em termos de clubes, claro – Bebé rumou a Oeiras, ingressando no CR Leões de Porto Salvo. Ao serviço de mais um emblema lisboeta, disputou 125 jogos e marcou cinco golos, o melhor registo da sua carreira. Ajudou, ainda, o clube a atingir as meias-finais do Campeonato, na temporada passada, registo que iguala a melhor marca do Leões. A par do Futsal, durante a sua estadia em Oeiras, Bebé conciliou as balizas com o trabalho no restaurante que tem com a mãe, revelando toda a humildade que lhe é característica. Foi devido a isso que, em setembro passado, o guarda-redes foi muito falado, por ser o único jogador Campeão do Mundo que não era profissional e que trabalha à noite, após um dia de treinos (pode ver, aqui, uma reportagem sobre a sua rotina).

    Se por clubes a trajetória de Bebé foi soberba e incomparável, na Seleção não foi diferente. Bebé afirmou-se com um dos melhor guarda-redes de sempre e fixou o seu nome na página mais dourada da história da nossa seleção.

    Este caminho começou a 22 de novembro de 2005, em Albergaria-a-Velha, quando o pequenino Bebé, de apenas 22 anos, substituiu João Benedito no particular frente à Roménia. A partir daí… é história. Começou por conquistar dois Mundialitos e foi peça importante nas conquistas do Europeu de 2018 e do Mundial de 2021. Nas duas competições participou em oito dos 12 jogos realizados. No Europeu de janeiro, Bebé não estava presente na lista inicial de Jorge Braz. Todavia, à última da hora, Edu Sousa testou positivo à COVID-19 e o guarda-redes do Leões de Porto Salvo foi chamado como o seu substituto. Bebé ainda foi suplente no primeiro jogo, mas depois acabou por se lesionar no gémeo e foi dispensado da competição. Apesar de não ter realizado qualquer jogo, Bebé também faz parte do registo dos Bicampeões Europeus.

    A última competição disputada com a camisola nacional foi mesmo o Campeonato do Mundo da Lituânia. Quis o destino que a The Last Dance fosse mesmo na grande Final, diante da Argentina. Bebé foi fundamental com as suas grandes exibições na baliza, defendendo 14 remates na Final. No total, foram cinco troféus – 3 oficiais -, 136 internacionalizações e 2650 minutos jogados.

    É difícil resumir tudo o que Bebé e o que foi construído por si ao longo destes últimos 20 anos. Mais difícil é fazê-lo num pequeno artigo ciberjornalístico. Bebé deixa-nos com 27 troféus conquistados. Deixa-nos com exibições soberbas nas balizas dos clubes que representou e, principalmente, da nossa Seleção. Se tivesse de escolher um top-3, escolheria a final da UEFA Futsal Cup, o espetacular Portugal-Espanha no Mundial 2021 e, claro está, o Portugal-Argentina que culminou na despedida do “homem-muralha”. Para além de ser bom entre os postes, o guarda-redes ainda se apresentava com um bom jogo de pés, que lhe valeu vários golos ao longo destes anos.

    Bebé é sinónimo de entrega, de sacrifício e de humildade. Entrou como Euclides, no Futebol, saiu como Bebé, do Futsal, modalidade onde se figurou como um dos melhores de sempre. E é assim que será recordado para todo sempre. Tem nome de “pequeno”, mas é um ser-humano gigantesco. Por agora, podemos continuar a encontrá-lo em exibição no restaurante da mãe, o “Dona Isabel”, onde ajuda a progenitora “a realizar o seu sonho de ser cozinheira e ter o seu negócio”. É com toda esta humildade, aquelas lágrimas de Kaunas e o seu brilhante sorriso que nos recordaremos de si.

    Obrigado, Bebé!
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    Tiago Alexandre
    Tiago Alexandrehttp://www.bolanarede.pt
    O Tiago nasceu em Abrantes e, atualmente, estuda em Portalegre, cidade para onde partiu em busca do seu sonho no meio do Jornalismo. Está ligado ao Desporto desde sempre e gosta de rebater as suas opiniões até à última. O Ciclismo e o Futebol - não o 'jogo da bola' - são as suas paixões, sem nunca descurar o Hóquei em Patins, o Futsal e o brilhante mundo dos Esports.