BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
Viseu 2001
BnR: O Viseu 2001 acaba por empatar. Como viu a exibição da sua equipa?
Rafael Outeiro (Técnico adjunto): O resultado reflete o que se passou no campo. Cometemos erros que não podem ser cometidos. O Nun’Álvares tem crescido na segunda volta, com valores individuais mais fortes do que na primeira. Pagámos por isso. O resultado é muito mais demérito nosso do que mérito do Nun’Álvares, sem tirar mérito e valor à qualidade que eles têm. Os quatro golos que sofremos foram quatro erros. Quer sejam erros posicionais por levar a bola nas costas, quer sejam individuais. Não podemos facilitar tanto numa reta final em que ainda por cima todos os pontos são importantes e contam muito.
Levar daqui só um ponto e desperdiçar dois é muito pouco benéfico para aquilo que nós queríamos e para onde deveríamos estar nesta altura. O Campeonato vai ser até ao fim e os resultados hoje refletem isso. Está tudo muito embrulhado. Três pontos podem colocar-nos noutra situação, um ponto pode colocar-nos noutra e zero pontos começa a complicar a situação. Agora são adversários diretos que vamos ter até ao final do Campeonato, temos de ir jogo a jogo, discutir o máximo e ganhar o máximo de pontos possíveis.
BnR: O Viseu 2001 não entrou bem no jogo, não tendo tanta posse de bola como costuma ter. Como se explica esta situação? Os maus resultados [cinco jogos sem vencer, quatro no Campeonato] influenciam a atuação dos jogadores?
Rafael Outeiro: Sim, surpreendentemente. Quem conhece os jogadores e está dentro do treino durante a semana, é normal que tenha percebido logo que eles entraram desconfiados do valor individual e coletivo que eles têm. Foi flagrante em grande parte da primeira parte em que nem sequer conseguimos ter posse de bola que é característica da nossa equipa. O Nun´Alvares teve de certeza mais posse de bola do que nós na primeira parte e cometemos aqueles erros individuais que acabam por fragilizar também em termos psicológicos, durante o jogo.
Depois reagimos bem, apesar de termos levado outro golo no final da primeira parte, entrámos bem na segunda e conseguimos marcar outra vez. Contudo, com mais dois erros que não se podem cometer neste nível, tivemos de correr atrás do marcador e, depois, foi muito mais com alma do que com a razão e não conseguimos marcar mais golos.
Bola na Rede: Depois do 3-2, o Viseu 2001 pareceu tentar diminuir o ritmo de jogo. Esta situação ajudou o Nun’Álvares a chegar perto da baliza viseense?
Rafael Outeiro: Sim, baixámos um pouquinho, mas foi também responsabilidade do Nun´Alvares. Mesmo assim, foram dois golos muito consentidos. O terceiro golo foi um remate na ala que com um desvio traiu o guarda-redes no primeiro poste. O quarto golo foi uma bola nas costas, nós estávamos avisados para isso e distraímo-nos na marcação em termos de organização e depois tivemos de correr atrás. Deveríamos ter sido mais intensos ao longo da partida toda e não fomos. Quando assim é, sujeitamo-nos a que o resultado não seja favorável para nós.
BnR: A equipa sofreu o empate, à beira do intervalo. O que foi dito aos jogadores ao intervalo para que eles entrassem fortes no segundo tempo?
Rafael Outeiro: Eles sabiam da importância do jogo e o que lhes foi dito ao intervalo foi basicamente que eles estavam receosos de mostrar o seu valor individual e coletivo que eles têm. Cada vez mais do que os minutos vão passando, menos oportunidades nós temos de conquistar os pontos. Entraram melhor do que entraram na primeira parte, mas quem está por dentro, sabem que eles têm muito mais valor individual e coletivo para dar do que deram hoje.
GCR Nun’Álvares
BnR: Num jogo bem disputado, este resultado acaba por ficar aquém da necessidade de ponto da equipa. Que conclusões tira do jogo?
João Nuno: Concordo com o que disse. Não nos servia o empate. Estamos numa situação em que um ponto não chega e viemos lutar, dividir o jogo, tentar ganhar e estivemos muito perto de o fazer. Infelizmente acabámos por, na parte final, não segurar o resultado, sofrer o empate e ficar numa situação de 3×4 que até poderia ter sido prejudicial para nós. Acabámos por aguentar e ainda tivemos uma oportunidade para puder marcar, mas não serve.
Bola na Rede: Na segunda parte, o Nun’Álvares acaba por ter menos posse de bola, mas tem mais ocasiões de golo. O adiantamento da equipa adversária permitiu que o seu conjunto fosse mais perigoso?
João Nuno (Técnico adjunto): Foi estratégia. Ao intervalo, alterámos. Iniciámos o jogo com uma defesa mais alta, a tentar roubar bola no meio campo ofensivo e, depois, na segunda parte, reajustámos e tentámos ir mais um bocadinho à nossa identidade, tentar que o Viseu 2001 trabalhasse melhor a bola e pudesse se desequilibrar e nós conseguimos transitar que é aquilo em que somos mais fortes. Temos muitos jogadores rápidos e acabámos por baixar e dar a bola ao Viseu intencionalmente. Acabámos por se calhar, ter mais oportunidades com menos bola na segunda parte do que na primeira.
Bola na Rede: O Nun’Álvares fez uma rotação bastante frequente dos seus jogadores. Qual era o objetivo? Enganar o adversário, por exemplo nas marcações?
João Nuno: É difícil enganar com os scoutings que há, os vídeos e as transmissões dos jogos na televisão e em todo o lado. Não é uma questão de enganar. A intensidade desta Divisão obriga a este tipo de rotação, porque é uma intensidade alta e eles têm de jogar já sabem três, quatro minutos e a rotação é uma maneira de tentar manter a intensidade de jogo. Sabemos que tenho uma equipa que quando mexo, a coisa não anda tão bem. Não é que tenha dois quartetos, mas tem de ser assim, tem de se confiar em toda a gente e acreditar que ainda é possível [a manutenção].
É preciso uma combinação de resultados e nós ganharmos os jogos todos. Hoje fica um resultado muito triste para nós.
BnR: A imagem da equipa neste jogo, é a que pretende que o Nun’Álvares mostre nos duelos até ao final da temporada?
João Nuno: Sem dúvida. Aprendi neste clube que independentemente de conseguirmos o objetivo ou não, temos de manter a seriedade e tentar ganhar os jogos todos até ao fim. Temos gente que se quer mostrar nesta Divisão também individualmente. Temos pontos para fazer como meta, mesmo não chegando para a manutenção e é um clube que veio da Segunda Divisão. Fizemos agora um reajuste e realmente a segunda volta foi completamente diferente. Se contássemos só a segunda volta, quase que iriamos ao play-off. Como só fizemos quatro pontos na primeira, nesta situação na segunda, com 17 agora, ainda a faltar quatro jogos, um deles com o Benfica e os outros com equipas do “nosso campeonato” que possivelmente podemos ganhar. Por isso, a evolução foi boa. É pena não chegar. De resto, continuar a trabalhar até ao final. É assim que tem de ser.
Artigo revisto por Joana Mendes