Europeu Hóquei de Sala: Seis contra seis e no fim, ganha a Áustria

    ÁUSTRIA DOMINA, ALEMANHA TREME E PAÍSES BAIXOS FALHAM

    O jogo de abertura colocou a Chéquia frente à seleção neerlandesa. Os Países Baixos entraram em grande, precisando apenas de 2 minutos para que Boris Burkhardt colocasse a bola por entre as pernas do guarda-redes checo, graças ao ricochete de um passe do número 11. Uma excelente visão de jogo da “Laranja Mecânica”.

    As oportunidades não surgiam, com o jogo dos Países Baixos muito em torno do número 11, mas foi a Chéquia a chegar ao empate, em cima do intervalo, graças a um canto curto. Joacheem Baker continuava a distribuir o jogo no segundo tempo, com a equipa laranja focada em manter a bola, mas com uma construção mais fluida do que os checos.

    Neste encontro, os neerlandeses levaram a melhor com um resultado de 8-2, muito graças à pressão alta e capacidade de criar espaços na defesa checa, levando os jogadores da Europa Central a cometer bastantes erros. Em vez de se dispersarem pelos campos, os neerlandeses protegeram a lateral ao atacar com o defesa direito. Já a Chéquia ficou demasiado a um estilo básico assente no passe longo. Baker fez o que quis da defesa checa e apontou mesmo 2 golos nos últimos segundos do 3º período.

    Já no confronto entre Áustria e Suíça, destaque para os austríacos Oliver Binder e Michael Körper, com este último a apontar 5 dos 9 golos da sua seleção. Os suíços ainda responderam no final e reduziram para 9-5, graças à vantagem de 2 jogadores com que acabaram a partida.

    Já na primeira partida da anfitriã Alemanha, surgiu um dos melhores golos do torneio quando os alemães usaram toda a profundidade horizontal do campo para colocar a bola em Luis Holste, que passou de primeira para Struthoff Michel que fez o golo do empate. O veterano germânico, Tobias Hauke, faz um papel semelhante ao de Baker pelos Países Baixos.

    Bélgica fez uma leitura tática excelente do jogo. No 1º quarto, a pressão alemã pela ala esquerda foi muito bem-sucedida, mas no 2º período os alemães dificilmente criavam oportunidades pelos lados. A Bélgica jogava no contra-ataque, criando oportunidades pelo meio, onde a Alemanha deixava espaço.

    Philippe Simar conseguiu marcar 3 golos que levaram uma Bélgica surpreendente a ganhar 4-1 ao intervalo. No 3º quarto, os alemães meteram Niklas Bruns a jogar pelo meio, de forma a desequilibrar as laterais da Bélgica. Os resultados apareceram nos últimos 10 minutos, em que a Alemanha conseguiu finalmente partir o jogo para fazer 3 golos e conseguir um empate a 4 bolas. Toby Halke, veterano germânico, foi essencial nos passes certeiros que potenciaram o ataque, o que com a pressão numérica da Alemanha, impedia a circulação da bola.

    Já na jornada 2, o jogo entre Chéquia e Suíça foi um embate entre duas equipas que se anularam e atacaram muito pouco. Os cantos curtos e os erros defensivos decidiram o jogo entre duas equipas que passavam a imagem de que eram mais ameaça a uma medalha de bronze do que propriamente a lutar pela vitória final na competição.

    A Suíça acordou, ainda assim no último quarto, marcando 4 golos em 10 minutos, arranjando espaços no coração da defesa checa. Tendo em conta a parte final do jogo, o empate não foi um mau resultado para a Chéquia. Já no Áustria- Bélgica, os austríacos não passariam tantas dificuldades como os vizinhos alemães. Uma exibição de luxo de Michael Körper no 1º quarto, permitiu aos austríacos capitalizar das oportunidades falhadas pelos belgas para vencer por seis bolas a duas.

    A 2ª parte seria mesmo destrutiva para uma seleção belga que se mostrou infrutífera na marcação de cantos curtos e em lidar com a pressão alta no seu círculo, cometendo faltas e erros não forçados.

    O jogo grande da jornada punha Alemanha e Países Baixos frente a frente com os germânicos a precisar de uma vitória depois de um deslize frente à Bélgica. Os neerlandeses até foram os primeiros a marcar com Joacheem Baker, mas os alemães supriram a influência de Leijs Nicki “laranja” no jogo. Uma partida extremamente equilibrada e bem jogada onde foi precisa uma Alemanha de classe mundial para se colocar em vantagem por 5-2 já no último quarto.

    Os alemães aproveitaram os únicos erros que os Países Baixos cometeram ao longo da partida e foram também capazes de criar espaços numa defesa sólida como a da “Laranja Mecânica”. Contudo, os Países Baixos não deitavam a toalha ao chão e num minuto e 20 segundos, marcaram 3 golos para empatar o jogo. Os germânicos tinham, contudo, uma última jogada na manga e conseguiram um canto curto a dois segundos do fim do jogo para colocar o resultado em 6-5, vitória importantíssima para os anfitriões. Destaque ainda para a grande exibição de Henrik Mertgens.

    Na 3ª jornada, o jogo entre Alemanha e Suíça acabou com uma vitória dos anfitriões por 13-8. O resultado deve-se ao facto de, em nenhum momento do jogo, ter estado um guarda-redes em campo para ambas as equipas. Começaram ambas sem guarda-redes, com os suíços a insistirem na tática, quando perdiam por poucos frente à Alemanha, ainda a meio do jogo. Foi um espetáculo de entretenimento, mas que não fez jus a uma competição como um campeonato da Europa.

    Num jogo entre seleções vizinhas a Bélgica começou por surpreender os Países Baixos, ao confiar num homem solitário como Simar ou Dymans para capitalizar no contra-ataque em profundidade, sendo os belgas capazes de explorar a ala neerlandesa como fizeram com a alemã, trocando a bola com vista a rasgar a muralha defensiva dos neerlandeses.

    Mais uma vez, os últimos 10 minutos belgas foram um desastre com a Bélgica a ir para o último quarto com vantagem de 6-4 para perder por dez bolas a sete. Os belgas foram a revelação do torneio, mas são incapazes de lidar com a pressão dos números, o que os faz perder vantagens nos segundos finais. Já o jogo entre Áustria e a Chéquia acabou com uma vitória natural sem grandes pressões para os austríacos, que garantiam, pelo menos, a presença no jogo de 3º e 4º lugar.

    Na penúltima jornada, Bélgica alcança a primeira vitória, com um 3-2 frente à Chéquia. Venceu com naturalidade, num jogo muito lento, em que a Bélgica jogou como bem sabe, mantendo a bola a circular das alas para o interior onde o suspeito de costume, Simar, meteu a bola no fundo das redes. A Chéquia ficava praticamente destinada a jogar a partida pelo 5º e 6º lugar.

    O jogo entre Alemanha e Áustria era o jogo grande da jornada e até de todo o Europeu. A equipa dos “Burschen” sabia que uma vitória confirmava a presença na final; um resultado perigoso para os germânicos, uma vez que na última jornada, os Países Baixos jogavam frente aos austríacos, ainda com possibilidades de chegar à final. O apuramento austríaco podia levar os 3 vezes campeões da Europa a não correr grandes riscos, podendo significar um jogo mais acessível para os neerlandeses.

    Os alemães até marcaram primeiro, num jogo que se baseou numa intensa marcação homem a homem, em que era claro o conhecimento que os técnicos tinham sobre a forma de jogar do adversário. Os 3 primeiros golos do jogo surgiram de canto curto, com a Áustria a sair para o intervalo a ganhar por três bolas a uma. Ainda assim, os anfitriões não baixaram os braços e rapidamente marcaram dois dos melhores golos da competição através de Struthoff Michel que passou por entre os “pingos da chuva” da defesa austríaca para empatar. Já Begmertens assegurou a reviravolta num remate em rotação.

    O final do jogo viu a Áustria a garantir uma reviravolta em menos de 5 minutos. Conquistou três cantos curtos para alcançar o empate, dando o palco a Körper para brilhar. Contudo, a Alemanha respondeu na jogada imediatamente a seguir com o golo do empate, apenas para Körper marcar o 7-6, que deu a vitória e o apuramento para a grande final aos austríacos, a pouco mais de um minuto do fim da partida.

    No segundo jogo, a Suíça aproveitou a ala neerlandesa completamente desprotegida para alcançar uma vantagem de dois golos. Contudo, os Países Baixos insistem num jogo em toda a ala helvética, usam toda a extensão do campo para depois colocar a bola no coração do círculo e depois é só a finalização.

    Quando o resultado estava empatado a 3 bolas, surgiu um momento polémico em que um golo dos Países Baixos foi anulado depois de uma rotação de Burkhardt ser considerada falta sobre o número 13 da Suíça.  Os Países Baixos acabaram por empatar a cinco bolas, frente aos suíços, perdendo uma hipótese de subir ao segundo lugar. A Suíça precisava de derrotar a Bélgica na jornada final do grupo para disputar o jogo do 3º e 4º lugar.

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    Filipe Pereira
    Filipe Pereira
    Licenciado em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Filipe é apaixonado por política e desporto. Completamente cativado por ciclismo e wrestling, não perde a hipótese de acompanhar outras modalidades e de conhecer as histórias menos convencionais. Escreve com acordo ortográfico.