No começo da fase eliminar da 53.º edição do Campeonato da Europa de Hóquei em Patins, Portugal, que na véspera teve várias dificuldades para derrotar a França, voltou a realizar uma boa exibição, tendo goleado a Inglaterra por 14-2. No entanto, apesar da melhoria exibicional, proporcionada pelo adversário que enfrentou, que pese embora mostre evolução, não está ao nível da seleção gaulesa, ficam algumas dúvidas para o encontro das meias-finais diante da Itália.
Teoricamente mais forte, Portugal foi a primeira equipa a criar perigo e partir de uma situação de três para dois, Hélder Nunes ficou perto do golo, mas acabou por enviar a bola ao travessão.
Portugal não pressionava muito e jogados cinco minutos, num dos poucos lances em que o conjunto inglês conseguiu criar perigo, Pedro Henriques impediu o tento britânico. No seguimento do lance, a seleção nacional usufruiu de uma situação de contra-ataque de dois para um, mas Thomas Allander impediu o golo de João Rodrigues. Contudo, o inaugurar do marcador não chegou muito depois. Boa movimentação ofensiva de João Rodrigues, que arrastou dois defesas, e Hélder Nunes, com muito espaço, atirou a contar. Todavia, a vantagem durou somente alguns segundos, pois, Alex Mount conseguiu igualar a partida num lance onde a defensiva portuguesa ficou muito mal na fotografia.
Ao contrário do que se poderia esperar, Portugal estava a dar muito espaços aos jogadores ingleses que, aos poucos, iam conseguido chegar com cada vez mais perigo à baliza de Pedro Henriques.
Em cima da marca dos dez minutos de jogo, Jack Tucker fez falta sobre Rafa para cartão azul. Foi o próprio Rafa a assumir a marcação do livre-direto, mas a colher não saiu bem. A senda de bolas paradas desperdiçadas continuava.
A jogar em situação de powerplay, Portugal não demorou muito para fazer uso da superioridade numérica e após alguns segundos a circular o esférico de forma rápida, Diogo Rafael colocou a seleção nacional a vencer por 2-1. Pouco depois, bela movimentação ofensiva de Portugal e Rafa, à meia volta, aumentou a vantagem para 3-1.
Os golos alteraram o rumo do encontro, passando a ser Portugal a deter total domínio, circulando a bola à procura de criar desequilíbrios para voltar a concretizar. A Inglaterra, por seu lado, quase não tinha o esférico em sua posse, limitando-se a situações de contra-ataque ou nas poucas vezes em que conseguia sair a jogar com a bola controlada.
Sem forçar muito, a seleção portuguesa ia conseguindo construir várias chances para marcar e a cerca de oito minutos para o intervalo, Henrique Magalhães assumiu uma iniciativa individual e serviu Vítor Hugo que, solto ao primeiro poste, tocou para o 4-1. A Inglaterra procurou responder ao golo através da meia distância, mas Pedro Henriques, com uma enorme intervenção com a perna esquerda, disse não à stickada de Owen Stewart.
A cerca de quatro minutos da pausa, num lance a papel químico do quarto golo português, Henrique Magalhães voltou a ser assistente de Vítor Hugo que, desta feita solto de marcação ao segundo poste, aumentou o score para 5-1. Resultado com que se chegou ao intervalo.
Após um começo positivo onde chegou à vantagem no marcador, Portugal acabou por sofrer o golo do empate muito rapidamente e num lance que não pode acontecer a este nível. Algo que deu algum alento aos ingleses que ainda assustaram os comandados de Luís Sénica por alguns minutos. Porém, a seleção nacional reorganizou-se, marcou dois golos e a partir daí controlou a partida. Mesmo sem impor um grande ritmo e diante de uma Inglaterra muito fechada, ainda conseguiu avolumar a diferença no resultado em duas ocasiões.

Fonte: Roller Hockey Photos
Tal como aconteceu no primeiro tempo, foi Portugal a dispor da primeira grande oportunidade de golo na segunda parte, mas Rafa não conseguiu bater Charler Oakes. Pouco depois, o próprio Rafa voltou a ser alvo de uma falta para livre-direto. Desta feita, foi Vítor Hugo a ser o escolhido para a marcação do livre-direto e com um gancho contra gancho, conseguiu superar o guardião inglês, fazendo o 6-1. Volvidos alguns minutos, contra-ataque de dois para um a favor de Portugal e Rafa, com calma, contemporizou e serviu Vítor Hugo que só teve que encostar. Segundos depois, Poka fez uso da sua forte stickada e apontou o 8-1.
O bom momento de Portugal continuava e Gonçalo Alves, que não jogou durante os primeiros vinte cinco minutos, provavelmente, devido a algumas mazelas resultantes do encontro contra a França, apenas necessitou de alguns minutos em campo para demonstrar a sua fortíssima stickada de meia distância e jogados cerca de sete minutos, disparou um “míssil” ao angulo superior direito da baliza inglesa, fazendo o 9-1. Pouco depois, Gonçalo Alves, atrás da baliza britânica, viu a movimentação de Poka que, solto de marcação ao primeiro poste, aumentou o resultado para 10-1. De seguida, jogada lateral da seleção inglesa e Jack Tucker, com alguma sorte à mistura, reduziu o marcador para 10-2.
A doze minutos do final, Gonçalo Alves viu um cartão azul, sem qualquer tipo de necessidade ou nexo, em virtude de uma falta sobre Alex Mount. Foi o próprio Mount, que joga na Sanjoanense, a assumir a marcação do livre-direto, mas Pedro Henriques impediu o golo do jovem jogador inglês.
Apesar de estar a beneficiar de uma situação de superioridade numérica, a Inglaterra quase não teve a bola em sua posse e não conseguiu aproveitar homem a mais que teve em pista durante dois minutos. Pouco depois de restabelecido o cinco para cinco, Alex Mount, o melhor jogador britânico, realizou um belo gesto técnico e não tivesse sido uma enorme defesa de Pedro Henrique e a Inglaterra teria chegado ao terceiro golo.
O fim do jogo estava cada vez mais próximo e sem forçar muito, Portugal voltou a marcar. Rafa procurou colocar a bola em João Rodrigues, mas Charler Oakes antecipou-se. No entanto, o toque do guardião inglês no esférico não foi o melhor e João Rodrigues aproveitou o brinde para fazer o 11-2. Segundos depois, Henrique Magalhães voltou a ser o assistente de serviço, mas o assistido foi o capitão da seleção nacional, João Rodrigues, que apontou o 12-2. O “instinto matador” de João Rodrigues continuava em alta e volvidos alguns instantes, solto no interior da área da Inglaterra, disse sim a um passe de Poka e avolumou o marcador para 13-2.
Portugal não parava de atacar e Poka, num lance pleno de oportunidade, vislumbrou uma das várias nesgas da baliza inglesa e enrolou a bola para o 14-2.
Até ao final do encontro, a seleção portuguesa ainda teve algumas oportunidades para aumentar o score, mas a mira não foi a melhor e o resultado não mais voltou a mexer.
Assim, Portugal não se deixou surpreender e goleou a Inglaterra por claros 14-2. Terá sido o melhor ensaio para o que se segue? Talvez não, mas a seleção portuguesa, enquanto campeã europeia em título, terá que se demonstrar uns valentes furos acima daquilo que demonstrou ontem, quando foi testada mais “a sério” contra a França. Isto, porque diante da Itália, que esta sexta-feira defrontou e derrotou a Andorra nos quartos de final por 6-2, o que tem vindo a apresentar em pista poderá não ser o suficiente.
Nos restantes jogos desta sexta-feira, o dia abriu com um empate a 4-4 entre a Áustria e Bélgica na primeira jornada do minicampeonato que vai definir 9.º, 10.º e 11.º classificados. No que diz respeito ás partidas dos quartos de final, a França venceu a Alemanha por 5-2 e vai encontrar a Espanha, que goleou a Suíça por 10-2, nas meias-finais do Europeu.
O calendário da 53.ª edição do Campeonato da Europa para este sábado é o seguinte:
Definição do 9.º ao 11.º lugar:
9h00: Holanda vs. Bélgica
Definição do 5.º ao 9.º lugar:
11h30: Inglaterra vs. Andorra
16h30: Suíça vs. Alemanha
Meias-finais:
19h00: Espanha vs. França
21h00: Portugal vs. Itália
Portugal: 43-Pedro Henriques (GR), 3-Rafa, 4-Diogo Rafael, 7-Hélder Nunes e 9-João Rodrigues (CAP.)
Jogaram ainda: 2-Poka, 5-Vítor Hugo, 6-Gonçalo Alves e 8-Henrique Magalhães
Banco: 1-Ângelo Girão (GR)
Inglaterra: 10-Thomas Allander (GR), 2-Alex Mount, 5-Michael Carter, 7-Josh Taylor (CAP.) e 8-Owen Stewart
Jogaram ainda: 1-Charler Oakes (GR), 3-William Smith, 4-Jamie Griffin, 6-Jack Tucker e 9-William Rawlinson